E quem diria, naquele momento, que esses senhores da foto construiam o ante-ato de uma das piores tragédias da Humanidade:a Segunda Guerra Mundial.
De Oliver, comentarista do blog, sobre a foto do post O Palácio.
Keynes foi um homem muito à frente de seu tempo.
Do exercício de sua sexualidade ao atípico casamento com uma bailarina russa, inusual para os padrões da época, ainda impregnada da moral vitoriana.
Sempre amigo e companheiro de intelectuais e artistas, como Virgínia Wolf, Keynes, ao morrer, fazia parte do conselho de mais de tres dezenas de instituições ligadas à ciencia e à cultura, em muitas delas na condição de presidente ou sponsor
Funcionário do Foreing Office, foi enviado pela rainha como representante ingles à União Soviética, justamente nas rodadas de negociações que antecederam e prepararam os termos de paz assinados na foto do post O Palácio, que provocou o comentário em epígrafe.
Assustado com o que viu, Keynes abandonou as negociações e retornou à Inglaterra, avisou à Sua Majestade das condições que seriam pactuadas, e suas consequencias, e pediu o boné.
Afastou-se de suas funções no governo.
Em seguida escreveu aquele que, para muitos de seus estudiosos - dentre os quais, evidentemente, não se encontra o poster - consideram seu mais importante trabalho: As Consequencias Economicas da Paz .
Nele desenhou, com admirável inteligencia e descortino, a abusiva disputa pelo butim do que sobrou da Alemanha, prevendo a destruição da base produtiva daquele país e as derivações sociais dela decorrentes, abrindo caminho para a emergencia de ações políticas totalitárias a recompor, no imaginário da sociedade alemã, sua condição de grande nação.
Avaliam seus exegetas que nas Consequencias, Keynes se exerce na inteireza e independencia do cientista, por sobre a conjuntura e suas determinações. Talvez um exagero.
Bem, o resto da história todo mundo conhece: sobreveio Hitler, e a Segunda Guerra Mundial.
Keynes não estava na foto do Palácio de Versailles, mas vinte anos à sua frente.
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Quando conheci parte da obra de John Maynard Keynes, em meados dos 70 do século passado, tinha-o como uma espécie de "encarnação" do sistema capitalista.
Mal comparando, olhava Max Weber da mesma maneira, no campo da Sociologia.
Curiosamente, o nome de minha turma na UFPA é...John Maynard Keynes.
Anos depois, já na pós, pude compreender melhor sua importancia na Ciencia Economica, a de Weber na Sociologia, e de ambos na história da sociedade mundial.
Durante o ano de 1987, fui professor de Macroeconomia na UNAMA, e - outra coincidencia - justamente na estréia de uma nova ementa aprovada no ano anterior.
O curso era inteiramente baseado em Keynes!
A invenção do" estado keynesiano", aquele que participa diretamente da atividade economica, injetando recursos públicos na economia, facilitando a entrada de capitais, criando novos perfis de endividamento de longo prazo, prospectando novas oportunidades para investimento, logrou tirar a economia mundial da recessão em que mergulhou com a crise de 1929, maravilhosamente descrita por Galbraith.
O mundo, definitivamente, não teria sido o mesmo sem aqueles dois pensadores.
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Quem desejar conhecer As Consequencias..., um bom resumo pode ser lido aqui.
Seu autor, Maurício de Paiva Abreu, é o prefaciador da edição brasileira da obra.
9 comentários:
Não esqueçamos, ainda, que Keynes foi a estrela de uma outra reuniãozinha do gênero: Breton Woods, Versalhes americana...
Sim,caríssimo.
Em 1944,para estabelecer um novo padrão monetário - o dolar substitui o ouro - a criação do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial.
Talvez nem tanto "do genero", se me permite "defender meu patrono"...rs.
Uma imagem desta reunião pode ser vista em
http://www.unificado.com.br/calendario/07/bretton.htm
Abs.
Juca,
Segui a risca a sua dica: passar na Viena do Conjunto Nacional e comer uma coxinha de galinha com uma torta de limão. Fui lá. Sublime foi o adjetivo mais ameno que me surgiu.
No dia seguinte, já consciente de um ácido úrico elevado, de alguns quilos a mais na balança e uma longa ralhada da minha médica implacável e intransigente, parei em frente ao Viena. Olhei e segui em frente na Augusta. Atravessei a Paulista e no Center 3 pedi uma salada ao molho de tangerina como penitencia. Até a próxima consulta sem queijo, tomate e carboidratos, mas com tudo em cima vou seguindo a dura dieta.
Anote a receita:
Ingredientes:
1 pé de alface americana picada
1 lata de abacaxi em calda picado
1 vidro de palmito picado
2 xícaras de melão em cubos
Cerejas
1 xícara de nozes picadas
400 g de Peito de CHESTER Defumado Perdigão em cubos
4 kiwis fatiados
Molho de tangerina:
1 lata de creme de leite gelado (sem soro)
1 xícara de Refresco "MID" Tangerina
1 colher (sopa) de molho inglês
1 colher (sopa) de mostarda
Sal e pimenta
Putz, não me mate do coração!
Voce foi mesmo?...rsrs...Não falei que era demais?
E obrigado pela receita.
Vou repassa-la à companheira, descedendente de europeus, mais chegada a folhas e frutas...eheh.
Abs
Olá Juvêncio,
Algum tempo sem vir ao seu blog e, ao passar, dou "de cara" com o Sr. Keynes e, nos comentários, vejo que Bretton Woods foi lembrada.
É de se lembrar que não foi somente Keynes quem avisou Sua Majestade do desastre que se estava desenhando em Versailles: a sala dos espelhos era a própria crônica da II Guerra que estaria por vir.
Churchill se pronunciou várias vezes sobre o assunto. Seus pronunciamentos iam à mesma linha de Keynes, mas, os vencedores só queriam saber do butim.
Aliás, é mesmo difícil encontrar, agora ou dantes, quem tenha tido a sabedoria de encontrar algo de bom naquele documento: ele foi um desastre diplomático.
À propósito, já que citei Churchill, assim como Keynes escreveu "As Conseqüências Econômicas da Paz", ele também escreveu "As Conseqüências Econômicas de Mr. Churchill": um artigo que criticava duramente a iniciativa de Winston Churchill, então Ministro das Finanças da Inglaterra, de restabelecer, em 1925, o regime padrão-ouro na Inglaterra, à paridade vigente no período pré-Primeira Guerra Mundial.
O padrão ouro, como já foi dito, veio a ter termo em Bretton Woods, em 1944, quando se estabeleceu a “Nova Ordem Econômica Mundial”.
É bom lembrar que, um dos participantes de Bretton Woods, foi o Diplomata brasileiro, Roberto Campos, vulgo Bob Fields, uma das mais brilhantes inteligências nacionais do século passado.
Um abraço,
Parsifal Pontes
Ei Juca, passa lah no Flor... tem post novo. Devagar, mas tow dando um jeito...
bjs.
Olá, Parsifal!
É muito bom recebe-lo por aqui.
Confesso que resolvi lhe "dar um tempo", desde o início da campanha, para não roubarmos seu tempo de trabalho...rs.
Não conheço as Consequencias´Economicas de Mr. Churchil.
Vou procurar.
E aí? Como vai a deputada? E Tucuruí?
Um abraço, Parsifal.
Olá Juvêncio,
Mesmo com os afazeres, sempre há tempo de ler os blogs. Entre os que leio está o seu.
Li um excerto das "Consequencias Economicas de Mr. Churchill" em um livro sobre Churchill. Nunca vi o original mesmo em uma livraria, nem aqui e nem alhures.
Certa feita, em um sebo, meu olho bateu em uma edição meio desbotada, onde se lia o título "The Economic Consequences of Mr. Churchill". Compeli-me a comprar. Ao perguntar o preço, conclui que nem Keynes, tão pouco Churchill, e nem o dono do sebo, mereciam a homenagem: US$134,00.
Ann está bem. Ansiosa para terminar o mandato. Acha que, como não foi reeleita, não está mais legitimada para estar na Câmara.
Tucuruí continua gerando energia.
Um abraço.
Parsifal Pontes
Ôpa,valeu a visita Parsifal.
Voce deve ser um sujeto forreta para não gastar U$ 134,00 e render homenagens a tanta gente que merecia...rs.
É, dezembro é mes de passar a régua,tá certo.Em 2008 ela pode tentar a prefeitura ou assumir a vaga de Asdrúbal ou Bel, por exemplo,que saem na frente no item "expectativa de vitória, se pesquisassemos hoje as áreas, acho.
Trabalho,então,não lhe faltará...rs, e a parte mais demorada porque a mais distante da campanha, né?
E é bom o slogan: Tucuruí continua gerando energia.Sem parar, acrescentaria.
Um abraço.
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