Esse post do Noblat,de hoje, é exemplar na descrição do sentimento majoritário na classe política. Esmagados pela velocidade dos fatos, pela revelação pública crescente de seus privilégios e artimanhas, incapazes de olhar a História, revelam-se, eviscerados, com os dentes arreganhados a morder quem lhes ameaça encurtar a dor, e o longo histórico de mordomias, encobrimentos e trapaças incontáveis a que se entregaram abertamente nas últimas décadas.
Leia com atenção, perceba a cara de pau desavergonhada de alguns parlamentares flagrados no mais puro exercício da patifaria que se acostumaram.
Veja o quanto envelheceram, apodreceram, encardiram.
Decadentes, enquanto prática e discurso, e incapazes do exercício da política sob os moldes que deles esperam seus eleitores , investem contra a imprensa e, agora, contra o Tribunal Superior Eleitoral.
Pois que continuem desmerecendo seus eleitores e a opinião pública.Pois que continuem sem enxergar a imundície em que se meteram e se acostumaram.A Polícia, a Justiça,a Receita, o povo e o voto irão alcancá-los, disto não tenham a menor dúvida. É só uma questão de tempo.
A paga tá a caminho. As exceções, poucas, serão poupadas, se trabalharem muito, e forem capazes de convencer seus eleitores que nem todos os políticos são iguais.
Existem, hoje, no Congresso dois alvos de crescente hostilidade manifestada em meias palavras por deputados e senadores: os jornalistas e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Os jornalistas são acusados de aumentar o descrédito dos políticos; o TSE, de abdicar de parte do seu poder ao transferir para a Receita Federal a missão de fiscalizar as doações de dinheiro para campanhas eleitorais.
A deputada Zulaiê Cobra (PSDB-SP) resumiu o sentimento dos seus colegas ao discursar na última quarta-feira:
- Hoje, qualquer apresentador de TV se sente no direito de fazer deboche, achincalhar os deputados. Não se trata de censura, mas de manter o nível, acabar com os exageros.
O que é exagero? Denunciar o mau hábito da maioria dos deputados e senadores de só aparecerem para trabalhar em Brasília entre terças e quintas-feiras?
Ou bater nos deputados que salvaram o mandato do colega Romeu Queiroz (PTB-MG), réu confesso do crime de ter recebido R$ 350 mil do caixa 2 de Marcos Valério nas eleições municipais de 2004?
Bem, para combater os erros da mídia e pedir reparação por eles, qualquer um pode ir se queixar na Justiça. E jamais a mídia foi tão processada entre nós como nos últimos cinco anos. Faz parte do jogo.
Quanto às queixas contra o TSE, servem para dar razão aos que acusam os políticos de desejarem seguir se beneficiando de “recursos não contabilizados” antes, durante e depois de campanhas eleitorais.
Eles alegam que a Receita Federal é um órgão subordinado ao governo. E que o governo disputa eleições. Logo... Logo a Receita poderá favorecer os partidos que estão no governo e perseguir seus adversários.
O raciocínio não resiste a cinco minutos de exposição ao sol.
Primeiro, a Receita Federal, assim como tantos outros, é um órgão a serviço do Estado e não do governo.
Segundo, ela está mais bem equipada do que o TSE para monitorar as contas dos candidatos e dos partidos.
Terceiro, ela cumpriu tal papel nas eleições de 2002 e 2004.
Quarto, caixa 2 é um crime fiscal e a tarefa de apurá-lo não é exclusiva da Justiça Eleitoral, observa com razão o ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel.
Por último, a Receita agirá durante as campanhas mediante ordem da Justiça.
Sem querer, o deputado Francisco Dornelles (PP-RJ) expôs o verdadeiro receio dos seus colegas diante da decisão do TSE de tornar definitiva sua parceria com a Receita Federal:
- Que empresa vai querer doar para campanhas sabendo que o tribunal vai mandar seu nome para a Receita?
Ora, Dornelles, todas as empresas que fizerem doações de acordo com a lei.
Elementar, meu caro.
2 comentários:
Juvencio,
sobre o post o "Cerco se fecha", seria conveniente que os ilustres parlamentares ao invés de dirigirem invectivas contra a imprensa, deveriam se esforçar para reconquistar a legitimidade perdida. Quanto mais pressão da sociedade civil, melhor para a democracia e para as instituições republicanas.
Helenilson Pontes
O senhor tem razão,dr. Helenílson, que honra o blog com sua visita.Duro é acreditar que portadores de velhos hábitos se disponham - e mais, consigam - mudar. As invectivas contra a imprensa ,em minha opinião, mostram que ainda desta vez eles não perceberam por onde a bola passou e ainda ensaiaram uma antiga defesa como essa de responsabilizar a imprensa,como se fosse um genérico a venda em qualquer farmácia.
Esqueceram os donos dos jornais,aqueles que realmente "fazem" a notícia.que,aliás fizeram cara de paisagem.Quer dizer,até no momento de se explicar os parlamantares mistificam.
Já a pressão da sociedade precisa encontrar espíritos permeáveis, formados em outras temperas que não essas práticas decadentes que comentamos.
A favor da república e de seu espírito, invoco o novo,o risco,a aposta,a mudança.
Este é o desafio:erguer novas pontes para o futuro.
Boa sorte e um abraço.
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