1.7.07

Cai a Quadrilha Roriz

É infame o teor da gravação telefonica revelada no blog do Noblat, que escancara de vez o ladrão Joaquim Roriz, senador pelo PMDB-DF.
Um escárnio o non sense do assessor do senador ao dizer que não havia cofre prá tanto dinheiro. Roubado na sombra das asas da Gol, com a proteção de desembargadores do DF.
Uma quadrilha completa.


Sabe quem recebeu no dia 13 de março último a bolada de R$ 2,2 milhões dada ao senador Joaquim Roriz (PMDB-DF) um dia antes pelo empresário Nenê Constantino, dono da GOL?

Foi Valério Neves Campos, ex-chefe do Gabinete Civil dos dois últimos governos de Roriz no Distrito Federal (1999-2006). Valério é o principal assessor de Roriz no Senado.

Sabe onde Valério recebeu a bolada? Na sede de uma empresa transportadora de lixo que funciona no Setor de Indústria e Abastecimento de Brasília.

O Ministério Público do Distrito Federal tem a gravação de uma conversa por telefone entre Valério e Tarcísio Franklin Moura, presidente do Banco Regional de Brasília (BRB) nos últimos oito anos. Os dois acertam a entrega do dinheiro a Valério na sede da empresa de lixo.

Essa conversa se deu no dia 13 de março último - algumas horas depois de outras duas travadas por Roriz e Tarcísio e também grampeadas pela Polícia Civil, que apurava desvio de recursos públicos do BRB.

Na primeira das três conversas, Tarcísio diz a Roriz que havia sido sacado no BRB o cheque de R$ 2,2 milhões. E informa que o dinheiro seria remetido para a casa de Roriz.

- Desse jeito, não - respondeu Roriz.

E segue o diálogo:

Roriz – Não tem um cofre, tesouraria?

Tarcísio – Saiu da tesouraria [do banco] tem que entregar para alguém.

Roriz – Não tem um cofre, não?

Tarcísio – Mas pra isso tudo não tem, não. (Risos)

Roriz – Então vamos esperar, ver o que faz.

Tarcísio – Tá.

Roriz – Eu não sei, eu não sei como é que faz... Assim eu não gostaria, não.

Tarcísio – Não?

Roriz – O dinheiro é de muita gente.

Tarcísio – Ahã. Pois é. O problema é que tinha que centralizar num lugar e fazer [refere-se a fazer a partilha].

Na segunda conversa, Roriz e Tarcísio combinam ratear o dinheiro no escritório de Nenê.

Tarcísio – Oi, senador.

Roriz – Oi.

Tarcísio – Posso sugerir um negócio?

Roriz – Pode.

Tarcísio – Por que a gente não leva lá para o escritório do Nenê (refere-se a Nenê Constantino, dono da Gol)?

Roriz – Era pra isso mesmo.

Tarcísio – E de lá sai cada um com o seu.

Roriz – Era para ser isso mesmo, mesmo porque lá não tem dúvida mesmo.

De última hora, mudou a combinação. É disso o que trata a gravação da conversa entre Valério e Tarcísio. Por ora, seu conteúdo é mantido em segredo.

No discurso que leu no Senado na última quinta-feira, Roriz repetiu a história de que pedira a Nenê R$ 300 mil emprestados para comprar uma bezerra - na verdade o embrião de uma.

Em um trecho do discurso que preferiu ignorar, Roriz dizia que no dia 13 de março tinha dinheiro, sim, na conta de sua empresa agropecuária chamada Palmas, mas que não o sacou para evitar que ela se descapitalizasse.

Quer dizer: achou melhor se endividar. É, faz todo o sentido...

O que Roriz não disse no discurso, não disse até agora por meio de porta-vozes, e dificilmente dirá algum dia foi como devolveu a Nenê o troco dos R$ 2,2 milhões - certamente o maior troco conhecido da História.

Foi ele, Roriz, que devolveu o troco?

Foi Valério, que recebeu o dinheiro transportado em carro-forte para a sede da empresa de lixo?

Foi Tarcísio, que sacou no BRB o cheque destinado originalmente a ser sacado no Banco do Brasil?

O troco foi devolvido em dinheiro vivo? Ou virou um novo cheque - nesse caso, assinado por quem?

Onde Nenê estava quando recebeu o troco? Recebeu-o no mesmo dia em que o cheque foi sacado ou em outro dia?

Nenê está mudo. Na quinta-feira 21 de junho, ele disse à revista ÉPOCA que não emprestara dinheiro a Roriz. Na sexta-feira disse à VEJA que emprestara, sim, mas que desconhecia o tal cheque de R$ 2,3 milhões. E que não tinha sequer conta no BRB. No sábado, confirmou a vários jornais a versão de Roriz.

Na semana passada, Nenê recusou-se a responder a perguntas sobre o caso que lhe foram encaminhadas por escrito pelo jornal O Estado de S. Paulo e a VEJA.

O cheque de R$ 2,2 milhões de fato existe. Foi recebido por Nenê. E foi parar nas mãos de Roriz. O dinheiro seria repartido com "muita gente", segundo Roriz.

A VEJA deste fim de semana revela que parte do dinheiro foi usado para pagar suborno a dois desembargadores do Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Com o voto deles, Roriz livrou-se de um processo que poderia ter custado sua diplomação como senador.

Roriz está convencido de que foi Gim Argelo, seu suplente, quem revelou à VEJA o suborno dos dois desembargadores. Argelo passou mal e se internou ontem no Hospital Brasília.


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É com essa corja de ladrões que Lula vai atravessar o segundo mandato.
Feia a coisa...

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