20.10.05

O Giramundo

“A floresta era uma esfinge indecifrada. Inconscientemente,
fui sentindo uma nova maneira de apreciar as coisas.”

Não poderia haver apelido melhor ao modernista tardio, como a crítica literária trata o poeta e diplomata Raul Bopp. Com apenas um ano de vida sua família deixa a cidade natal, no RGS, iniciando o menino uma longa e movimentada peregrinação aos quatro cantos do (gira) mundo.
Raul também girava muito rápido a cabeça, ao menos para os moldes conservadores da família, descendente de alemães.
Restam mais que dois ou três livros autografados a um sobrinho-neto, um amigo jornalista que mora em Belém, das passagens do poeta pela Amazônia.
Na primeira delas,em 1921,lecionou Geografia no tradicional Colégio Paes de Carvalho, ao mesmo tempo em que fazia o 4º ano de Direito.
Anos depois, já famoso com a publicação de sua obra prima, Bopp volta à Belém e é recebido com todas as pompas e circunstâncias, pelo patriarca de tradicional família paraense, daquelas que tem eira e beira.
Empolgado com a visita, o anfitrião não demora em sentar-se à frente de Bopp e desanda a declinar um extenso poema que tentava, à moda dos Lusíadas, encenar uma epopéia amazônica.
Suado e percebendo a roubada em que tinha se metido, Bopp interrompe a leitura enfadonha e pede algo gelado para matar a sede,ao que seu anfitrião prontamente se levanta,deixando o gira sozinho na sala.
Ao retornar, com um copo de limonada nas mãos, se depara com a sala vazia e a janela aberta. Raul Bopp havia pulado a janela e fugido. Pegou um bonde duas quadras depois e desceu no Mercado de São Braz,onde encontrou,num boteco dos fundos,um animado grupo de intelectuais e poetas,comandados por Bruno de Menezes,que entre goles de cachaça e muitas risadas, o receberam com carinho.Agora sim,Bopp estava entre os seus.

4 comentários:

Anônimo disse...

HOMEM DE ATITUDE, O BOOP!

Anônimo disse...

hehehe... muito esperto, ora, que copo de limonada, o quê? rs... tem vodka?

Anônimo disse...

Olá Milton.Atitude sim ,e bom gosto.Como se pode ver no link as belíssimas luistrações de Goeldi na edição de "Cobra Norato".Bfs.

Anônimo disse...

Uma vodkinha sempre cai bem Alê!B.