Zona do Agrião

Na segunda edição consecutiva, 14 e 15/10, o Jornal Nacional voltou a informar os resultados da pesquisa IBOPE sobre o plebiscito. Duas matérias praticamente iguais. Com o mesmo “recorte”: ênfase no empate técnico dentro da margem de erro.
Não me lembro de ter visto isso antes, embora seja entusiasta das pesquisas de opinião. As certezas enganam as pesquisas não.
Mas o que é a margem de erro da pesquisa de opinião?
Imagine a silhueta de um sino de igreja “flutuando” pouco acima de uma superfície reta. A imagem que você “vê” é o que chamamos distribuição normal de freqüência. Sob essa silhueta do sino podem estar todos os eventos que queremos medir, seja a altura dos indivíduos, peso da população de uma cidade... até a opinião das pessoas.
À medida que o perfil do sino vai se aproximando da sua beira, de seu maior diâmetro, tende a ficar (quase) paralelo àquela base hipotética.
Na linguagem matemática, a “beira do sino” começa a ficar assintótica ao eixo, à base. É a zona da famosa margem de erro, que acontece nos dois lados da curva, nos dois lados do “sino”.
Nela não há, ainda, arsenal matemático capaz de eliminar a imprecisão.
Traduzindo esse cansativo (?) raciocínio para as pesquisas de opinião, seria a mesma coisa dizer que, a cada cinqüenta pesquisas com margem de erro de 2%, uma pode estar errada, ainda que todos os seus procedimentos - amostrais e não amostrais - tenham sido rigorosamente obedecidos.
Conheço o rigor das metodologias do IBOPE.
Fui aluno de um consultor de auditoria em pesquisas do instituto, Marco Antonio Aguiar, um craque!
É possível sim, que o Sim esteja até na frente do Não.
Mas só probabilisticamente.
Lá no Jardim Botânico votam no Sim. O editorial de O Globo de hoje, 16, assume.
Enfim, parece que andaram lendo o Mino Carta, que acha que o problema da imprensa não é tomar partido... é não dizer aos leitores que tem partido sim!