O Longo Novelo

O fino,colorido e macio novelo das relações entre o marketing político e a política, começa a ser desenrolado. Pode ser um dos resultados da ameaça de Duda Mendonça em processar a revista Veja por dano moral, em face da publicação da matéria Marketing Bandido, na edição que começou a circular hoje ,nas bancas da Grande Nova Déli.
Mas há outros novelos, não tão coloridos ou macios, que vão dar muito mais trabalho para revelar. Doze campanhas políticas ensinaram este poster que a mídia eletronica representa algo em torno de 25% do custo de uma campanha majoritária. Gráficas e correlatos somam mais 15%.
Os 60% restantes - e que resto! - dilui-se numa complicada teia que vai da gasolina ao carro som, fretes, passagens e locações, passando pelos "salários" e manutenção dos comitês, na "compra" de cabos eleitorais e na famosa "boca de urna" ou no "voto de corrente". Numa palavra: multiplique por tres a grana que aparecer vinculada ao marketing político.
Fica difícil classificar, para usar uma expressão contábil, esses 60% no rol de atividades fora do marketing político. Cada campanha é um caso, onde colabora o potencial do candidato, o arco das alianças, o número de adversários, o sobe e desce das pesquisas, e o "Imponderável de Almeida", a taxa de imprevisibilidade, que existe sim, e aparece em quase todas as eleições.
Às vezes a favor, outras contra.
Mas a verdade é que boa parte do Caixa 2, a vedete de 2005, fica mesmo é na algibeira de algumas figuras que orbitam na arrecadação ,e nas coordenações de campanhas. Figuras como Delúbio Soares, patrono dos tesoureiros da política. Em outros casos são os próprios candidatos.
Conto um.
Meu avô foi deputado estadual em várias legislaturas, constituinte de 45 no Pará. Morreu no mandato, saindo o féretro enlutado - nunca imaginei usar essa expressão - do Salão Nobre da Assembléia Legislativa.
Uma das estórias que ele contava, já soube pela senhora sua filha, minha mãe, era que um adversário político de sua região, a cada campanha, incorporava mais um ou dois castanhais ao seu patrimonio.
"Vô" Juvencio não se conformava, apesar de derrota-lo algumas vezes, embora perdendo sempre seu patrimonio.
Gostaria de declinar seu nome, os céus sabem o quanto, pois ainda está vivo e ativo, não mais na linha de frente. Mas não posso me entregar à todas as tentações.
Então vamos combinar: o desenrolar é longo e os novelos são antigos.
Mas já começou o processo. E esse entre Duda x Veja vai longe.
O início está aqui.Veja.Indispensável!