.................................Augusto dos Anjos - 1972
“Tudo será posto a lume um dia, por alguém que se disponha a realmente fazer história.”
Mário de Andrade
Naquela noite Duciomar saiu de casa preparado para ser ungido pelo clamor popular, para comemorar um "novo modelo de carnaval", para anunciar uma "nova época da cultura amazônica".
Não era para menos, pode ter pensado. Seria o promoter do show da banda Calypso, à R$ 400 mil, abertura do "carnaval da mudança".
Havia uma sociedade e sua história no caminho, todavia.
Exausta, atenta, miserável, impaciente, infeliz.
Que resolveu soprar um segredo em seu ouvido, dedicando-lhe uma vaia amazônica quando chamado ao palco pela cantora Joelma, no meio do show.
Após dois ou três segundos do mais galáctico silencio, desabou a monumental vaia.
Dudu ainda tentou contornar, esperar alguns segundos, sorrindo ictérico.
Lembrando de algumas fogueiras que pulou, tentou dar um tempo.
Mas certas situações não prescrevem. Pioram com o tempo.
Foi o que se sucedeu.
Entrou mudo e saiu calado do palco, frente às anunciadas 100.000 pessoas.
Cabisbaixo, voltou ao camarote, logo assediado pelo consolo do séqüito.
Não tiveram sucesso, os áulicos, que passaram a procurar, ato contínuo, sem constrangimentos ou comedimentos, um responsável pelo infortúnio.
Encontraram na pessoa de Silvia Randal, a chefe de gabinete da Prefeitura Municipal de Nova Déli, venerada por onze entre dez secretários do desolado Dudu.
Triste cena, disse a fonte que estava no camarote oficial, perplexa com a situação do prefeito.
Vai piorar, e muito, nos próximos meses, a representação política de Duciomar Costa.
O volume da mídia e parte da grande imprensa vão dar o tom e as pistas, olho nelas.
O crescente da crise poderá atingir, de forma inesperada e em dimensões surpreendentes, o patrimônio político dos padrinhos e financiadores de sua candidatura, Jatene à frente.
É cada vez mais difícil sensibilizar os técnicos do governo estadual para atravessar o Rubicão, e reforçar o cataléptico secretariado de Duciomar.
Paulo Chaves, por exemplo, que saltitava no “escritório de cérebros” do programa político de Dudu em 2004, não quis nem ouvir falar do caso do Olympia, da questão do carnaval, da decoração de Natal da cidade. Deve passar mal com a fumaça do churrasquinho que engordura o bronze do chafariz ao lado do cinema, homem de bom gosto que é.
E resta muito pouco tempo, até outubro, para dar visibilidade aos possíveis efeitos de uma “mudança para melhor” na sua gestão.
Para quem há menos de dois anos, entre outros brocados, enfiou goela abaixo de Deus e o mundo a candidatura do próprio irmão para a prefeitura de Tracateua, é gravíssimo o estado de saúde política de Dudu.
Se o blog fosse o padrinho deste rapaz, chamaria um epidemiologista.
Ou um padre.
Para os católicos começou a quaresma. Para Dudu, a quarentena.
Um comentário:
o autor do poema "viva a vaia" não é Augusto dos Anjos, mas Augusto de Campos. Augusto dos Anjos morreu em 1914...
Postar um comentário