29.7.07

ACP e a Divisão do Pará: Gol Contra

Quase deu prá ouvir aqui em Nova Déli as risadas do deputado federal Giovani Queiroz (PDT-PA) com as asneiras proferidas na entrevista do presidente da Associação Comercial do Pará, Altair Vieira, publicada na edição de hoje de O Liberal.
Ao investir contra o caráter supostamente forâneo do movimento - equivocada estratégia mesmo se fosse verdadeira a afirmação - Altair incorre no mesmo erro da segregação e preconceito que marca algumas posições em defesa do esquartejamento do estado.
Ou Altair desconhece, por exemplo, que seu maior companheiro de comércio na região - e associado da ACP - o empresário Leonildo Borges Rocha ( Grupo Leolar) é paraense e o maior incentivador privado da causa separatista?
Aliás, a reação das seccionais interioranas da centenária corporação foram enfáticas em descrendenciar as posturas da matriz, o que revela, entre outros fatores, a ausência de uma costura política mínima, tão necessária ao momento.
Desconhece ainda a estratificação demográfica da região, onde a sensação de paraensismo tem sido diluída há pelo menos duas décadas.
Não são os indicadores economicos e sociais atuais, ou suas séries históricas , o mais inteligente e defensável argumento a se apoiar na defesa da integridade do território paraense.
São os desenhos e cenários do futuro, com base nas tendências atuais, acrescidas da percepção da incorporação cada vez maior e mais rápida da economia regional à economia mundial, e a valorização da diversidade ambiental e cultural enquanto fatores que contrarrestam a entropia ( viu, Parsifal? ) os caminhos privilegiados para sanear o debate.
Não é possível admitir que a ACP se manifeste com tamanho amadorismo na questão.
Ponto para os esquartejadores, infelizmente.

13 comentários:

Val-André Mutran  disse...

Veja você mestre a quantas anda o nível de debate que o dirigente da ACP preconiza. Debate não, fuga desesperada.

Corre pro ostracismo o presidente da ACP, segue junto com ele, sua diretoria.

Unknown disse...

É uma pena, meu amigo.
Mas na diretoria há os que não concordam com essa pegada, asseguro-lhe.
Bom domingo prá voces, Val.
Estou de saída pro velório do amigo.

Anônimo disse...

Eis aí a falência moral e intelectual de nossas elites: não têm projeto (nunca tiveram) pro estado, e agora choram. Empresário paraense nunca pensou além das contas de sua empresa. Esta é a mais pura verdade. Nunca construíram ou lideraram um projeto pro Estado. E a mediocridade está aó, agora, a céu aberto... O que esperar desses imbecis num debate que será nacional e terá do outro lado a sede imperialista de uma Vale?!!!

Val-André Mutran  disse...

Anônimo, com a permissão do titular do espaço, lanço uma sentença: a lastimável constatação, em curso, da elite de cuecas; que quando flagrados enquantos homens nús, ruborizam-se! Envergonhados e despidos de ética como é, sua ilusão de mundo e de coisas.

- Anônimo! Essa gente que te explora, te usa e ainda te despreza, quer o teu sangue, pois, movimenta-se na sombra do insaciáve l apetite pessoal.

Esquece que seus negócios não resistem à uma simples auditoria indenpendente.

Anônimo, cobre deles o que você tiver.

-Eles te devem muito dinheiro!!!!!?

Unknown disse...

Calma, amigo Val.
Elites são problemáticas em qualquer lugar deste mundão...eheh.
Se voce conhece empresas/empresários que não resistem a uma auditoria independente, também conheço quem resiste.
Abs

Anônimo disse...

Acho que está havendo uma polarização relativa. Que existem empresários altamente interessados na divisão do estado, não é segredo pra ninguém. O caso citado é exceção, não regra. E mesmo assim, ele tem lá seus motivos empresariais para tanto, basta verificar suas doações para políticos.

A divisão territorial do Pará é bem mais uma questão de interesses políticos do que qualquer outra coisa. É o princípio, para qual os meios justificam os fins. E nesse ponto, o interesse de setores é patente. Não é questão de bairrismo ou discriminação, e sim, de uma realidade nua e crua: a quem interessa a divisão do Pará?

Tenho certeza que os maiores beneficiários de uma patacoada dessa, não serão os habitantes das localidades. Hipocrisia mais sórdida, achar isso.

Por isso, não vi ou vejo nenhuma asneira ou besteira no discurso do presidente da ACP. Ao contrário, há de ser ter o cuidado para não se deixar levar, por exemplos que não condizem com a realidade. Pelos dois lados.

Temos que parar de achar ou tachar que tal setor da sociedade é culpada por isso ou aquilo, principalmente no que concerne as elites. Esse discurso já tá pra lá ultrapassado, pois os que ontem eram os maiores críticos das elites, dela hoje fazem parte, mas fingem o contrário.

Temos que dar graças a democracia, que muitos fingem querer; de podermos discutir tais assuntos e até solicitar plebiscitos para tais questões, sérias mais por muitos levadas mais pelo interesse corporativo ou pessoal.

A separação do Pará não interessa e nem é benéfica aos paraenses. Queiram ou não, os que aqui nasceram ou adotaram o Pará como sua terra.

Anônimo disse...

Olá Juvêncio,

De fato, a entrevista ao O Liberal, do Presidente da Associação Comercial do Pará, foi um gol contra: o Sr. Altair Vieira conseguiu passar um imagem que, devo crer, a Associação Comercial do Pará não tem e, talvez, ele mesmo não desejaria verter.

Antes de ler o seu blog eu estava lendo um ensaio sobre o cubismo, porque queria fazer um comentário sobre Picasso em algo que estou escrevendo.

Ao ler o seu post sobre a matéria em tela, você me “olha” ao se referir ao termo “entropia”.

De repente me veio à mente o que poderia ser uma definição cáustica da entrevista do Sr. Vieira: um verdadeiro cubismo entrópico.

À propósito, para aditar o seu post, quando alerta que o Léo é paraense e cerra fileiras com a tese divisionista, avise-se o Sr. Vieira que eu sou tucuruiense, filho de um cametaense com uma mocajubense: um legitimo papa-chibé que também é a favor da divisão.

Meu caro Juvêncio, Belém jamais vai descobrir o Pará, pois, já é um mundo em si mesma.

Que viva Belém, então, mas, bem que estes senhores deveriam considerar a hipótese de deixar os caboclos tomar o que lhes cabe da pobreza alegada: você sabe que o pessoal que faz o Sul do Pará tira leite de pedra.

De repente, com um Estado para chamar de seu, eles transformam a pedra em leite.

Um abraço

Parsifal Pontes

Unknown disse...

Olá, Parsifal.
Prazer em revê-lo.

Tento olhar na direção certa.
Você foi o único comentarista naquele post de abril que se interessou pela inclusão da variável entropia na querela.
Dái minha lembrança, e meu "olhar".

Agora, o "cubismo entópico" está perfeito para definir a "verteção" do sr. Carneiro.
Viu-se, ali, que na realidade a ACP não sabe por onde vai.
Sendo assim, não irá a lugar algum
o que não é de todo ruim pois dividida e desencontrada mais atrapalha do que ajuda...eheh.
Como disse, essa não é uma discussão para amadores.

Minha avó materna, dona Maria Dorila Vergolino Dias,sobrinha de Deodoro de Mendonça, também era mocajubense.

Um abraço e obrigado pela visita, sempre bem vinda.

Anônimo disse...

Da gosto ver duas pessoas como
" esses um" ai de cima prosando. Que educacao, que conhecimento,que dominio do que fazem, que maravilha...
Sou fa dos dois.
Romulo Sampaio

ps. esse e o nivel de uma discussao produtiva.

Unknown disse...

Mr. Romulogic, you are always near quando o assunto mexe com seu "estado", right?
Abs

Val-André Mutran  disse...

Não é para amador mesmo!

Olhem só. Nesses dias o Deputado Zenaldo Coutinho (PSDB) lança oficialemnete a Frente Parlamentar contra a criação de novos Estados.

Será portanto, revelado o blefe de que a frente já teria 200 Deputados. Blefe do O Liberal, blefe do próprio Deputado que, coitadinho, terá que trabalhar como nunca para compensar os 15 mil votos que teve no Tapajós e 5 mil que obteve no Carajás.

Digo isto porque dessas duas cestas ele não se servirá mais.

Outra. Uma matéria publicada hoje no Estadão versa sobre a complexidade e supostos custos da criação de novos Estados. Postarei na íntegra em meu blog a reportagem e lá farei uma leitura crítica de equívocos da matéria.

P.S.: Parabéns pela análise Juvêncio e Deputado Parsifal Pontes. Dois camisas 10 do Pará.

Anônimo disse...

Y're 100% right,Mr.Juket, again. rsss

Unknown disse...

“Quase deu prá ouvir (...) as risadas do deputado federal Giovanni Queiroz (PDT-PA) com as asneiras proferidas na entrevista do presidente da Associação Comercial do Pará (...) Ao investir contra o caráter supostamente forâneo do movimento - equivocada estratégia mesmo se fosse verdadeira a afirmação ...”

Risadas à parte, o fato é que o movimento separatista no sudeste do Pará realmente é forâneo (não há como negar isso!), já que os autores do projeto não são paraenses e isso inclui o próprio Giovanni Queiroz, mineiro de nascimento. Talvez as supostas risadas sejam uma forma de tentar ridicularizar os que são contrários a divisão do Pará. Mas o que é certo que essa proposta de fragmentação não tem unanimidade quando se leva em consideração todo o Estado do Pará. Isso porque o povo sabe quem são os verdadeiros interessados, políticos que durante anos e anos nunca fizeram nada pelas regiões paraenses que defendem a fragmentação como uma solução milagrosa para todos os problemas aqui no Pará.

“Desconhece ainda a estratificação demográfica da região, onde a sensação de paraensismo tem sido diluída há pelo menos duas décadas...”

Os defensores do separatismo, que nunca se sentiram paraense, também desconhecem que o Brasil é um país rico em diversidade cultural e que em região alguma existe uma cultura totalmente homogenia e, portanto, isso não pode ser usado como argumento pra tentar justiçar a retalhação do nosso estado. É bom lembrar também que o Pará, juntamente com os outros estados amazônicos, possuem a maior diversidade cultural de todo o País.

“Não são os indicadores economicos e sociais atuais, ou suas séries históricas , o mais inteligente e defensável argumento a se apoiar na defesa da integridade do território paraense”.

Vale ressaltar que os indicadores econômicos e sociais eram exatamente os principais motivos que os separatistas usavam e ainda usam pra tentar justifificar a divisão. Alegam que a distância da capital dos municípios mais distantes era um grande obstáculo ao desenvolvimento e fator principal para precariedade na saúde e educação. Porém os “ilustres” defensores da divisão ignoram o fato de Estados nordestinos (Alagoas, Sergipe, Pernambuco, etc.) com dimensões muito inferiores ao Pará, também padecerem dos mesmos problemas que encontramos aqui.

“São os desenhos e cenários do futuro, com base nas tendências atuais, acrescidas da percepção da incorporação cada vez maior e mais rápida da economia regional à economia mundial, e a valorização da diversidade ambiental e cultural”

Antes de mais nada, pra se incorporar a economia regional à mundial não é necessário dividir territórios e sim mudar o modelo econômico vigente que não está satisfazendo aos anseios das populações locais e empreendedores. No caso do nosso estado, do que adianta criar Carajás se o modelo de desenvolvimento continuar o mesmo?? Se formos buscar exemplos de países que possuem um grande desenvolvimento econômico veremos que o argumento sobre a extensão territorial do Pará nada tem a ver com os problemas sócios econômicos da região.Uum exemplo disso é o Canadá que possui poucos estado com grande dimensões, no entanto a sua economia e IDH são muito melhores que o do Brasil.

Quanto ao discurso de “valorização da diversidade ambiental” pode até ser uma estratégia de convencimento pra tentar persuadir órgãos ambientais nacionais e internacionais, porém é totalmente contraditório com a estrutura econômica proposta pelo futuro estado, que se sustentaria pela atividade agropecuária, industria madeireira e a intensa exploração mineral ampliada em escala mundial.

Eu particularmente sou contra a divisão e espero que o debate sobre esse assunto seja cada vez mais intensificado, pois quanto mais informações o povo tiver melhor será o respaldo sobre todos e interesses que circundam o desejo de fragmentar o Pará.

Aderson S. A.