4.1.07

Risco

A propósito do post Crime Aparelhado, o blog recebeu o comentário abaixo, assinado por Sandro Shows, que vem à ribalta para apreciação dos leitores do Quinta.

Seria interessante lembrarmos que as festas populares, inclusive as que tem as aparelhagens como atração, ainda são as únicas que o verdadeiro povo pode frequentar e como em qualquer outro lugar "público", correm o risco de ter entre seus brincantes bons e maus elementos; que o digam os associados da aristocrática Assembléia Paraense.

6 comentários:

jbrrds disse...

Algumas pequenas retificações à abordagem proposta:
1. Não é inteiramente verdade que as festas que tenham aparelhagens como atração (sobretudo as grandes aparelhagens, leia-se Tupinambá, PopSom, Rubi, Brasilândia...) possam ser consideradas como festas populares. Ou será que o "verdadeiro povo" pode pagar, no mínimo, 20 pratas pra entrar em uma festa destas?
2. A presença de bons ou maus elementos é ponto pacífico. Em qualquer lugar tem: no meio político, no meio empresarial, no meio eclesiástico, enfim, no meio do povo. O que não dá é para usar esse fato como argumento quando se faz APOLOGIA aos maus elementos. Todo mundo fica constrangido, em qualquer meio que seja, quando o dono do local, o promotor do evento, o DJ, ou quem quer que seja, chama ao destaque um sujeito ou uma turma notoriamente ligada à prática de ilícitos. Por exemplo, a festa tá rolando e o DJ "oferece" uma música à Galera do Nike (uma turma conhecida por orubar tênis da marca Nike na saída das festas); ou "cumprimentar" a Galera da Saidinha (uma turma especializada em promover assaltos na saída das festas). Aí, tá foda. É como se, durante uma sessão do Congresso, o presidente da Casa dedicasse a sessão ao ex-deputado José Dirceu...
Vamos ver o que o novo comando de segurança pública do estado vai fazer. Parodiando Mino Carta, até o reino mineral sabe quem são os interessados na manutenção desses interesses.

Unknown disse...

Beleza,Copulatum, é um prazer reve-lo e Feliz 2007.
É...voce pegou na veia logo de primeira(hein, Sandro Shwos?), inclusive e principalmente, no final do comentário.
Vamos ver qual vai ser a da secretária, do delegado geral e do comandante da PM, que já sssumem os cargos com várias decisões inadiáveis e corajosas para tomar.
Mas..eu não imaginava que voce frequentava as "festas populares"...eheh.

jbrrds disse...

Um bom ano pra todos nós! Como é que eu vou a uma festas dessas, sem Nike e, principalmente, sem as 20 pratas?

Unknown disse...

Caro Juvêncio,

Imagine um casal com um filho recém-nascido ter que aguentar uma aparelhagem bem ao lado do seu quarto. Foi o que aconteceu comigo quando tive meu filho em 1999 e fui morar em Marituba, uma das principais fontes dessas porcarias.

Primeiro, tentei argumentar com o dono das festas, o que obviamente não adiantou. Então escrevi uma cartinha para o IVCezal descrevendo a situação e convidando (desafiando também) um juiz, um delegado e um prefeito a dormirem uma noite de festa em minha casa. A carta foi publicada e recebi vários telefonemas e e-mails de pessoas na mesma situação.

Um delegado da DPA, que infelizmente não recordo o nome, apareceu em casa. Foi uma surpresa, com o pessoal de casa me telefonando para saber o que eu tinha feito. O delegado averigou a situação e interditou o "local", condicionando sua reabertura ao atendimento de toda as exigências legais.

O delegado deixou ordens na delegacia de Marituba para averiguar se o fechamento estava sendo cumprido. Os bate-paus da delegacia, mui amigos do dono do local, permitiram que o mesmo funcionasse. No mesmo dia telefonei para o delegado, que tinha me dado seu número de celular. Ele estava em sua casa e quase não conseguia me escutar devido ao som da aparelhagem. Mandou uma viatura na mesma hora, que mais uma vez interditou o local.

Como resultado, o dono procurou um polítco conhecido em Marituba pelo seu apoio a esse tipo de festa. Não adiantou, pois o delegado era aquele mesmo que tinha mandado fechar os bares em Belém à meia-noite. Hoje, a única coisa que acontece por lá são aniversários e outras comemorações mais leves. E, é claro, que fui ameçado pelo dono do local e pelos marginais que o frequentavam.

É importante salientar que não conhecia o delegado, nem algum político que pudesse me dar uma mão. Foi somente com a coragem, uma carta e a ajuda de um funcionário publico que cumpre seu papel, que consegui derrotar aquele antro de violência e barulho.

Pontos que merecem ser colocados:

1. As aparelhagens são resultado da falta de políticas públicas e da presença do poder público, pois, como ainda hoje é possível que caixas de som, de mais de 3 metros de altura sejam colocadas em locais sem nenhuma estrutura para conter o barulho?

2. As aparelhagens são manifestações culturais sim, mas das gangues, traficantes, desocupados e, de um tempo pra cá, de políticos e autoridades que se beneficiam destas. A exaltação do crime sempre existiu, principalmente nas festas mais afastadas do centro urbano. Por isso, não concordo com o ponto 2 do copulatum. Nas festas de aparelhagem a maioria é sim de gente ligada ao ilícito. Faça um levantamento, se tiver coragem de entrar em alguma dessas festas.

3. Qualquer um que afirme que as aparelhagens são fenômenos culturais deveria ir morar ao lado dos terreiros onde estas atuam. Iam ver também as brigas, a venda de drogas e de CERVEJA NO BALDE a menores de idade, a prostituição de meninas, os idosos e crianças sofrendo com o barulho, etc.

É triste ver daqui de fora como símbolos do Pará a escravidão no campo e essas porcarias de aparelhagens.

Foram essas algumas das "bandeiras" que sobraram no campo minado deixado pela tucanada e demais irresponsáveis da adminstração pública.

Unknown disse...

Falou tudo, Marky!
Enfrenteo o mesmoproblema na vila marajoaraparaondefujoquando posso.Quando cheguei lá as festas durravam tres dias, ciomum rápido intervalo entre 6 e 9 da manhã.No restante do tempo o pau torava.
De tanto conversar com os outros moradores, angariar adesões, eameaçar levar a Polícia,os marginais foram enfraquecendo.
Hoje está em níveis suportáveis, mas a vigília é constante.
Vai prá ribalta amnhã.Um abraço.

Anônimo disse...

Estive em Porto de Moz, em dezembro, a serviço, e em um sábado a tarde começou uma festa, numa escola do município, de agradecimento pela votação conseguida pelo Dep. Júnior Ferrari. Pensei que não dormiria a noite toda, e qual não foi a surpresa quando, mais ou menos as 21:00 h. o som parou. Tinham esfaqueado um dos presentes, no pescoço, e o cara morreu na hora, acabando a "festa". Excelente nível de manifestação cultural dos nossos políticos, não que o Dep. tenha culpa do ocorrido, mas é um risco que assumem ao patrocinarem barulho e alcoól correndo soltos e sem controle.