19.12.05

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Depois do primeiro turno das eleições de 98 fui descansar no Marajó.
Levei na mala da pick up 32 pés de bouganville, de quatro cores diferentes, terçados, e muita disposição para roçar, destocar e cercar um terreno de 1000m2 que havia comprado meses antes.
Passei quatro dias “descansando” o dia todo, só voltava no fim da tarde prá pousada.
Lá conheci um casal de gaúchos que estava correndo o Brasil numa Kombi trailler, com patrocínio de um jornal e de uma revenda Volkswagen,ambos de Novo Hamburgo, RS.
Ele fotógrafo, ela artista plástica. Gente simples, mas mui buena.
Voltei um dia antes deles, pois o segundo turno foi confirmado e a produtora me chamou de volta. Vésperas do Círio, convidei-os para almoçar o patoso com minha família.
Levaram as fotos de suas andanças mundão afora, contaram histórias e lá pelas tantas perguntei o que tinham achado de Belém.
Entreolharam-se, e ela começou a falar, descrevendo o centro da cidade, área que melhor conheceu.
Descreveu uma cidade que eu conhecia, mas não via.
Falou da sujeira, da desorganização no centro comercial com a invasão dos camelôs, da desfiguração do patrimônio histórico, da prostituição e da loucura solta pelas ruas do entorno e na Praça da República. Não esqueceu do trânsito caótico e boçal dos ônibus, dos esgotos a céu aberto, da balbúrdia generalizada.
Achou a cidade muito barulhenta e sem definição urbana. Comércios e residências lado a lado.
Sete anos depois ela ficaria surpresa se voltasse à Belém.
O impossível aconteceu com a cidade: ela piorou muito. A Praça então,coitada.
Um vigoroso ponto de drogas viceja bem na esquina da Riachuelo com a 1º de Março e a violência se instalou geral,
disputando com as putas nas transgressões e no perigo,pois elas,já velhas,fodem pouco e roubam muito.
Os carros som circundam a praça sem parar e a feira dos artesãos – mais paraguaia e sulanca que qualquer outra coisa – começa a tomar conta da praça já na sexta de tarde.
Nas calçadas da Presidente Vargas, a mais tradicional avenida do centro da cidade, vende-se de filhotes de cachorro a queijo de coalho do Nordeste.
Mafuá é pouco!
Quem anda muito por ela vê a gentalha colocando o bilau pra fora, e sem cerimônia, derrama o ácido úrico que empesta as calçadas. As pessoas tomam ônibus no meio da pista.
Tudo na cara das autoridades, nas ventas da sociedade.
Hoje me lembro que ao final daquele encontro com o casal gaúcho, perguntei qual cidade do mundo lembrava Belém.
Entreolharam-se de novo e desta vez ele, voz cavernosa, não contou conversa: Nova Déli.
Então é isso, amigos. O blog é domiciliado em Belém.
Mas reside em Nova Déli.

5 comentários:

Anônimo disse...

BACANA, CABOCO!
MANDOU BRASA LEGAL.
NÃO PRECISA MAIS NADA.

Unknown disse...

Meu professor e poeta querido!
Há quanto tempo hein? Obrigado pelo comentário.E olhe,todo o sucesso no lançamento do novo livro,viu? A capa tá linda e o conteúdo,estou certo,muito mais ainda.Por favor mande seu mail pro blog,nem sempre fico a vontade pra entrar lá no Jeso.Grande abraço!

Unknown disse...

juvencioarruda@gmail.com

Jubal Cabral Filho disse...

Juca, deste seu post só não consegui descobrir quanto de roça voce conseguiu abrir. E quanta gelada foi "auxiliada" por este papo educativo com os gaúchos? Rs .. rs.. rs ...

Unknown disse...

Os Cabral,mil metros quadrados de "roça"..hehe...as geladas? Bem os gaúchos nem eram tão bons quanto voce!Abraço.