21.8.07

Sou Paraense

Do deputado Parsifal Pontes, pena leve e líder do PMDB na Assembléia Legislativa, sobre a declarações do deputado Joaquim Passarinho ao Liberal acerca da divisão do estado, objeto do post Segue o Festival, de ontem.


O meu caro Deputado Passarinho, que jamais passará, como outros passarão, embora se tenha equivocado na abordagem sobre o tema em tela, acertou, quanto a mim, em uns versos do seu soneto.
Não torço pelo Remo, nem pelo Payssandu, tão pouco pela Tuna que dirá pelo Águia, ou time que os valha: sou um completo alienado futebolístico.
Não mais acompanho o Círio de Nazaré, mas, entre as minhas mais ternas e saudosas lembranças de criança, está a procissão da Virgem.
Todos os anos, eu, caboclo de Tucuruí, vinha com a família, a bordo da Tocanvia, ou de algum marabaense de mastro alto e enxárcias tesas, com patos no paneiro e murici na garrafa, acompanhar o andor.
Mas, sei dançar síria e carimbó e sou um craque em samba do cacete. Também já dancei o boi bumbá: fui Catirina e Pai Francisco.
Sei remar canoa, por malhadeira, gapuiar, piraquerar e o meu avô, o Mestre Dadá, o primeiro a saltar a Capitariquara, me ensinou a advinhar quantas castanhas-do-pará tinha em um ouriço fechado.
Por estas e outras que aqui não cabe contar, sou um legítimo paraense e, juro pela Hóstia Santa, que o dia em que o Pará se dividir, dividido ficarei sobre onde estarei geograficamente.
Todavia, estou convencido de que a terra de ricas florestas fecundadas ao Sol do Equador precisa fazer a sua mitose.
Não é de bom tamanho que se negue, afinal, ao povo, o que cabe a ele decidir. A única maneira de acabar com esta troca de deselegâncias é o plebiscito, e, democrático seria, se todos os políticos trabalhassem por ele.

30 comentários:

Hiroshi Bogéa disse...

Como sempre, finíssimo o deputado, né Juva?!
Mermão, a coisa aqui tá preta. Em cada esquina um trabuco no espera. Reze por nós ainda paraenses, com muito orgulho, sim! Mas querendo mais do que nunca avançar na discussão de busca de nossa 'mitose', como se expressou Parsifal, com estilo.

Unknown disse...

Com certeza, Hiro.
Estamos acompanhando daqui o tiroteio.
Cacête!

Anônimo disse...

Que lucidez !
Não sou adepto da causa separatista, mas admiro quem a postula de forma equilibrada e com muito bom senso !
É como você sempre diz: colocar o assunto na ribalta e aguardar o desenrolar dos acontecimentos.
O plebiscito é o caminho.

Anônimo disse...

Parsival é muito inteligente e escreve lindamente sobre o tema, pena que, na política, atualmente seja mais um sobrancelhudinho.

Antonio Carlos de Andrade Monteiro

Anônimo disse...

Caro Parsifal, fazemos coro a sua voz sempre cheia de categoria e bom senso.
Juva, vc pegou o que deixei para vc em Belem?
Abracao a vcs.

Unknown disse...

Antonio Carlos, ninguém é perfeito...rsrs. Parsifal tem outros méritos e o PMDB tem outros bons quadros.

Unknown disse...

Não, Romulogic, não soube de nada.
Era uma pitiua?...rs
Abs

Val-André Mutran  disse...

É a diferença da elegância contra a provocação moleque.
Gostaria de saber o que ele (Passarinho) tem a haver com o Sul do Pará? E com o Oeste? Ele sabe ao menos nadar? Avoar parece que já demonstrou que sabe muito bem.
- Avoa Deputado...avoa!

Anônimo disse...

"Data maxima venia", como dizemos, mas o deputado falou muito e disse pouco - aliás, como muitos os que discutem o tema por aqui.
Que o plebiscito é imprescindível, todos os de sã consciência sabem. Mas quais as vantagens e desvantagens da divisão territorial do Estado para o novo ente federado e para o remanescente? Quais os argumentos - sejam eles sociológicos, antropológicos, econômicos, jurídicos, ou até mesmo astrológicos - contra e, principalmente, a favor da "mitose" do Pará (eu, particularmente, prefiro o termo "esquartejamento"), como estilosamente a denominou Parsifal Pontes?
É esta a discussão que interessa, creio. Vamos jogar limpo, que neste caso significa discutir, debater, instruir os eleitores dos argumentos a favor e contra a divisão territorial. Senão, vamos ter mais um plebiscito em que os atores em cena não conhecem o script, as falas de seu papel, os cenários da peça. Exatamente como nos plebiscitos anteriores, sobre parlamentarismo/presidencialismo e porte de armas.

Anônimo disse...

Juvêncio

Parabéns ao Parsifal. E que me perdoe o anônimo, ele não tem culpa de estar no PMDB. He,he,he...
O Passarinho, além de deselegante, foi infeliz. Reproduziu a ótica da elite mais parasita e conservadora de Belém, daquelas que não tiram o traseiro da cadeira sequer para ganhar dinheiro no sul do Pará (como os caras da ACP). Ora, tenha paciência. Pra ser paraense ter que torcer para Remo e Payssandu ou adorar a Virgem Maria!!! É próprio dessa elite que enxerga o mundo a partir do umbigo, o Estado a partir dos interesses de Belém, até nas coisas prosaicas.
Falar que o Pará vai ficar com a parte pobre e nós com a rica é pensar com o cerébro postado na era paleozóica. O Japão não tem minério, não tem terras agricultáveis, não tem riquezas naturais, enfim, e é um dos países mais rico do mundo. Conhecimento e tecnologia deputado, essa é a palavra de ordem no século 21. Incompetente para colocar o Estado para gerar tecnologia e conhecimento, essa elite predadora só conhece um caminho para o desenvolvimento: explorar de maneira não sustentável as riquezas do solo e do subsolo, de preferência com os impactos ficando no sul e no Oeste do Pará.
Mas, o mais rizível dos argumentos foi chamar os que lutam pela emancipação de ingratos. É o mesmo que dizer que os avós do nobre deputado, com todo respeito, foram ingratos com os portugues, que tantos monumentos deixaram em Belém, ao apoiar a adesão do Pará à independência. Talvez, nesse caso, não dê para afirmar isso, porque o pai do Joaquim veio de Xapuri, no Acre, para o Pará.
Debate mais sério deputado. E vamos ao plebiscito.
Abraços

João Salame

Unknown disse...

Bom dia, deputado.
Fico lhe devendo um comentário erradamente recusado aqui no Quinta.
Vamos ao plebiscito sim.
Talvez abra um breve parentesis na minha aposentadoria e participe dele.
Batendo só no osso, onde dói.
Mas até lá é Juquinha paz e amor.

Abs

Anônimo disse...

"Ao contrário do que ao longo desse século norteou a construção dos Estados-Nação, a homogeneidade lingüística e étnica – cultural, o Estado pós – moderno deve operar pela diferença, pelo respeito a diversidade cultural e étnica existente. Nesse contexto, tanto as propostas de divisão como a transferência da capital do Estado do Pará, formulada pelo Governo do Pará, estão na contramão de uma gestão territorial que dê conta da complexidade que hoje é o Pará. A sua unidade política e territorial somente poderá ser alcançada frente a uma ampla redefinição conceitual da identidade paraense, fundada na diversidade e não na homogeneidade."

Juvêncio, esse trecho foi retirado de artigo muito interessante escrito por um professor da UFPA sobre esse tema do separatismo que está na Internet
o endereço é: www.cesupa.br/Professores/trevisan/docs/modulo5/Amazonia%20redividida.doc

leia e diga o que você acha dele

abraços

Unknown disse...

Vou ler, e depois comentar.
Obrigado.
Abs

Anônimo disse...

Parabens Deputado Parsifal, que alías tive oportunidade de conhecer pessoalmente em reunião com o PMDB de Irituia, pela análise objetiva e clarividente sobre a necessidade de realização do Plebiscito.

Francisco Júnior, será por ocasião do plebiscito que serão discutidos os prós e contras da criação de novos Estados a partir da divisão do território do Pará.

Não podemos antecipar esta discussão.

O que interessa neste momento, é a viabilização da consulta democrática.

E cabe a nós, que acreditamos na democracia, não economizar esforços para que o assunto seja decidido livremente pelo povo.

alessandro amaro

Anônimo disse...

Grande Romulo Sampaio , tava querendo te encontrar.
Ganhei um lindo virus em junho e perdí uma porrda de coisas no meu pc inclusive vários endereços , me mande de novo o teu , aí vai o meu de novo tadeu@francargo.com.br
Estive em Vegas , mas juro nem valia a pena ir lá estava 45° na sombra.Um grande abraço
Tadeu

morenocris disse...

Oi Juca.

Mais uma vez...blá...blá...blá...

Plebiscito de quem? De que? Para que? Por que ? Como? quando? Onde?...

Hã?
Cumã?

A mídia está falando...alguns blogs estão debatendo e abrindo espaço...a academia está se manifestando...nós "tamo" aqui...ó de novo...

Mas, eu pergunto: o estado laico...onde está? O que acha disso? qual é a sua opinião...seu posicionamento?...

Já estamos dentro de um círculo que está ficando vicioso...

O assunto precisa ir para as escolas...faculdades...universidades...para as esquinas...seminários...guetos...

Temos que nos conhecer...nos discutir...sermos "partido" como um todo ou em pedaços...

Não quero aqui levantar a bandeira do "cansei"...mas quero ouvir, também, o meu "ESTADO"...

Beijos.

Anônimo disse...

Falação,emancipação etc. Mas tem uma coisa que a turma da DIVISÂO não tem,VOTOS.Não consequem uma base politica forte pois não tem VOTOS.Parcifal virou deputado na marra(duas veses prefeito de Tucurui), João Salame teve o minimo necessário para entrar pela legenda.Não adianta falação tem que ter votos para emancipação.Vamos ao plebicito.
.com

Unknown disse...

Pô, duas vezes prefeito e duas vezes deputado, na concorrida legenda do PMDB, e não tem votos?
E o Salame, na estréia, conseguiu a eleição. Sem votos?
Não, caro e sumido .com, eles são maioria na Assembléia e na bancada federal. O problema não é com a cesta de votos deles.
É com o eleitorado em geral, e aí vamos ver quem tem o que, votos e argumentos.
Vamos ao plebiscito sim, na boa.

Anônimo disse...

No caso do Parcifal você está certo, eu deveria ter escrito, já teve muitos votos . Plebiscito.
Um abraço
.com

Anônimo disse...

Tem a haver? É balanço contábil ou péssimo portugues?

Anônimo disse...

O que é plebiscito, Juva?

Anônimo disse...

Sou paraense nascido e criado em Belém. Depois de adulto tive oportunidade de conhecer (por dever profissonal) o sul/sudeste do Pará, foram muitas viagens e um mergulho nos dados e na realidade social, econômica e política daquela região.

Hoje tenho uma posição muito clara quanto a proposta de "separação".

Nós já estamos separados de fato, o que devemos discutir é porque o povo do sul/sudeste paraense não tem direito a "autonomia", nos termos que a constituição garante ao estados que compõe a nossa federação.

Portanto, a questão não é "separação", mas sim "autonomia".

Anônimo disse...

Grande Juca,
Mais uma pessoa que cai no meu conceito. Para que esse revanchismo todo, esse preconceito, parece até que ele pegou corda de alguém(he,he,he...essa é bem paraense não?).
Mas o que estou gostando mesmo é de saber que quando sair o plebiscito, eu vou ter aulas de marketing político, se é que entendi direito, o nobre senhor vai sair da aposentadoria e eu aprenderei, com certeza, a bater no osso.
1 abraço Dr. Costa

Val-André Mutran  disse...

Ao anônimo das 3h30. Em se tratando de Passarinho pode ser os dois caro.

Unknown disse...

Só onda, dr. Costa. E eu lá bato em alguém? Inda mais nos amigos...rsrs
Abs

Eu vi num blog !!! disse...

O plebiscito é a única forma de decidir, democraticamente, mas como exemplo, temos o estado do Tocantins, que tanto progresso obteve com a separação do norte goiano, e no Pará não será diferente. Vamos em frente, Carajás é o caminho do desenvolvimento.

Anônimo disse...

Sou paraense e, no plebiscito, vou votar contra o desmembramento.

Claro que o desmembramento do Pará é uma tentação irresistível para políticos profissionais ou pessoas com pretensões políticas, nas regiões com perspectivas separatistas. Afinal, são mais 2 governadores, 3 senadores, 2 Tribunais de Justiça, etc., etc. Para essa gente, um belo futuro se alevanta no horizonte próximo.

Há muito de politicagem no movimento separatista, portanto.

Mas o proselitismo politiqueiro pregaria no deserto, não houvesse uma justa insatisfação das populações locais, pela espoliação e pelo descaso de que têm sido vítimas ao longo dos anos.

Um bom exemplo disso são os chamados "grandes projetos" mínero-metalúrgicos. A operação desses projetos não absorve nem 20% do pessoal que eles atraem por ocasião da implantação.

Encerrado o porre da implantação, fica a ressaca da operação: o desemprego de mais de 80% das pessoas que foram atraídas para a região. A esses mais de 80% resta o desprazer de ver a riqueza transitar à sua frente, sem dela participar e, por isto, continuar tão pobres quanto antes. Ou mais.

A equação é perversa. Quanto mais riqueza produzir a região, mais pobre, desempregada e socialmente fragilizada será sua população.

A insatisfação é justa, portanto. Há que se respeitá-la.

Discordo, apenas, que o desmembramento do Estado seja a solução. Não foi o Pará quem desenhou esse modelo. Isso foi feito fora e longe daqui. O Pará é vítima (se bem que, não raro, com a inestimável colaboração de seus chefes de governo, municipais e estadual).

Aliás, bem feitas as contas, o modelito perverso foi definido com a decisiva participação de muito político que, hoje, clama em altos brados pelo desmembramento do Pará.

É significativo, por sinal, que alguns grupos empresariais, beneficiários notórios da espoliação dessas regiões, estejam -- por vezes discretamente, outras nem tanto -- apoiando o desmembramento do Pará, financiando estudos (para que o processo assuma uma fisionomia "técnica e racional" prevalecente sobre o emocionalismo que sempre marca esse tipo de decisão), e tudo o mais.

Esses grupos estão mais é tratando de assumir o controle do processo ou de influir decisivamente nele. É a velha tática de mudar tudo, para que tudo fique exatamente como está.

Provavelmente esses caras vão se dar bem, até porque, no Brasil, eles sempre acabam ganhando o jogo. É essa a nossa história.

Mas, de minha parte, não vou fazer o jogo dessa gente. Vou votar contra o desmembramento do Pará.

Anônimo disse...

O cara falou tudo.

Anônimo disse...

Grande Parcifal! Esse deputado é muito bom mesmo! Já era fanzona dele, agora então..., serei mais ainda.
Coloca muito bem a questão da redivisão e da vida cabocla dos habitantes destas regiões, que sempre estiveram discriminados em favor das elites de Belém.
O Deputado Passarinho não tem competência para detectar o "x" da questão, ou porque não quer, ou porque, como nasceu em berço esplendido, jamais vai ter a sensibilidade de ver um palmo adiante do seu nariz... Ou será bico...

Anônimo disse...

Não sou paraense, mas moro neste Estado há quase três décadas e torço pela emancipação do Tapajós. Aquele povo tem cultura própria, linguajar próprio, tem tudo para administrar seu futuro. Só não tem políticas públicas voltadas para eles. A capital absorve tudo e só restam algumas migalhas. Da mesma forma o Carajás. Torço por eles e vou votar sim pela divisão para que o povo do Carajás e Tapajós tenham direito de tentar ser eles mesmos. PLEBISCITO JÁ e abaixo politicos como esse elitista bastardo Passarinho. Ele nem é um legítimo Passarinho é adotado...Perdeu a grande chance de dizer algo relevante numa página de jornal aos domingos. Creio que este tipo de político graças a Deus está em extinção.