13.11.07

Extremos

De um comentarista anônimo, sobre o post Society of the Midia, de ontem.

Há dois anos, Washington Olivetto provocou uma revolta que quase o leva para a fogueira: recomendou que ninguém fizesse curso de publicidade e propaganda. Explica-se: Olivetto acha que esses cursos são inutilidades caras se o objetivo for ingressar no mercado de trabalho.
Úteis, esclareceu, apenas se a pessoa deseja seguir a carreira acadêmica. "Ninguém precisa ser formado em publicidade e propaganda para trabalhar em uma agência", disse o premiado publicitário paulistano, dono da W/Brasil, uma das maiores empresas do ramo no país. Olivetto, que não tem curso superior (abandonou psicologia no primeiro ano), acha que publicitários deveriam ter formação generalista.
"É muito mais útil a um publicitário estudar psicologia e filosofia do que passar quatro anos aprendendo técnicas que ao fim e ao cabo não se aplicam no dia a dia do negócio, que exige mais conhecimento geral que formação específica".
Diante disso, o que dizer aos que se acotovelam por uma vaga em publicidade e propaganda? Aqui mesmo no Pará, publicitários bem sucedidos formados em publicidade são raros. Pedro Galvão (Galvão), Oswaldo Mendes (Mendes) e Guto Chady (CA) são advogados; Orly Bezerra e Antonio Natsuo (Griffo) e Chiquinho Cavalcante (Vanguarda) são jornalistas; André Moreira (Double M) é engenheiro e Bob Menezes (Double M) é corretor de imóveis; Vadinho (OMG) é administrador de empresas; Castilho (Castilho) é bacharel em Direito...
Então, vestibulandos, pensem bem antes de se matar por uma vaga num curso de publicidade. Quanto a pagar 13 mil dólares para fazer Cinema na FAAP... Bem, qual é mesmo o grande diretor de cinema brasileiro que é formado em direção de cinema? Nenhum. Outra perda de tempo.
A não ser, como disse Olivetto, que você queira seguir carreira acadêmica. Aí vale o investimento.

20 comentários:

Anônimo disse...

Credo, Juvêncio. Esse anônimo é um coveiro de sonhos!

Anônimo disse...

Vc esqueceu de citar o Anselmo Gama, da Fax, também jornalista.

Unknown disse...

Das 2:06,nem tanto ao mar nem tanto a terra.

Das2:13, o Anselmo, grande profissional e pessoa.

Anônimo disse...

Dualibi, da DPZ, Nizan Guanaes, da Africa, Duda Mendonça, da Duda, Júlio Ribeiro, da Talent, Sérgio Amado, da Ogilvy, Celso Loducca, da Loducca, Alexandre Gama, da NeoGama, Roberto Justus, da da NewComm, Lula Vieira, da V&S... Nenhum deles é formado em Publicidade e Propaganda.

Anônimo disse...

Mas Juvêncio, essa realidade que o anônimo descreve não é uma deformação da realidade local, ou seja, algo que tem a ver com a emergência tardia dos cursos de publicidade aqui?

Anônimo disse...

Considero extremamente pertinente a linha de argumentação do anônimo transformado em poster pelo Juvêncio. Muito bom e bem escrito, também.

Anônimo disse...

longe de mim defender o (muito) fraco curso de publicidade da unama onde me formei, mas o bem estruturado comentário do anônimo é ingênuo e reducionista.

os publicitários paraenses citados não são formados na área, em sua maioria, não porque não quiseram, mas porque na época em que começaram não existia curso de publicidade em belém ou, como em alguns casos, porque abriram uma agência como oportunidade de negócio e não porque tinham experiência profissional no ramo.

a geração do olivetto também não é formada na área por motivos semelhantes aos dos colegas paraenses, mas os atuais melhores redatores e diretores de arte da propaganda paulistana (e brasileira) são quase todos formados e pós-graduados por grandes escolas de comunicação brasileiras ou estrangeiras.

a questão não é ser ou não ser formado em um curso superior de comunicação, a questão é ser formado em um curso superior de comunicação bom.

essa história de não precisar de formação é relativa demais, mas uma coisa é certa: estudar algo com o qual se quer trabalhar nunca pode ser ruim, péssimo mesmo é sair falando que formação é perda de tempo. talvez isso explique o atraso do pará e do brasil em algumas inúmeras áreas, inclusive propaganda.

Anônimo disse...

Não deixa ser 99% de verdade o que ele escreveu, como a grande maioria dos PROFISSIONAIS de publicidade de sucesso, muitos não tem essa formação acadêmica.
Na minha opinião deveria ser qualificado mais com nível técnico que universitário.
Nesses meu longos anos de estrada já vi muita coisa e hoje posso dizer.. tá no sangue mesmo, é a famosa vocação.

Anônimo disse...

Juca,

Mas nem sempre é assim. Como em toda regra, temos as boas exceções: Glauco Lima ( DC3), Márcia (Norte) e o Edgar Cardoso(Tango), todos donos de agência, são três bons exemplos de profissionais que sairam do curso de comunicação da UFPa. e emprestam seus talentos à propaganda paraense. E ainda deve ter outros nomes, que não lembro agora, que valorizam a academia.

Orly Bezerra

Anônimo disse...

Sinceramente, acho que ESSE ANÔNIMO acima precisa conhecer outros mercados. Inclusive deve ter jogado na lata dos "ruins" vários publicitários jovens daí que ele não conhece... Achei exagerada sua fala... Talvez seja melhor o aluno sonhador fazer um concurso pro TSE, Polícia Federal, né?
Mas eu concordo que um estudante de publicidade deveria estudar sobre a sociedade, conhece-la. Mas se ele não souber, por exemplo, o que é fazer direção de arte, COM CERTEZA, o dono da agência não vai contrata-lo... Pra mim, tem que ter de tudo um pouco....Menos esse papo de que não serve pra nada...

Unknown disse...

Extremos...rs
Doda,prazer em revê-lo.

Orly, obrigado pela visita. Perfeitos os exemplos citados, de quem já tinha "sangue na veia".

Anônimo disse...

Extremos... A Bíblia diz que os prefere ao morno, ao monótono, ao comum. Então, vamos lá. O anônimo que lembrou Olivetto e o outro que fez a lista dos publicitários mais afamados do Brasil em cuja parede falta um diploma estão certíssimos. A não ser que você queira seguir carreira acadêmica, cursar publicidade e propaganda é babaquice. Há uma deformação na evolução da cadeira de comunicação social no terceiro grau que tem a ver com o modo como a ditadura militar (a base de nossa estrutura educacional, Doda e Orly, foi feita na caserna) desenvolveu uma universidade "funcional", "técnica", criando cursos para o mercado de trabalho, que na verdade poderiam ser cursos técnicos de nível médio ou de curta duração, mas que ganharam a aura de cursos superiores e colocam no mercado de trabalho profissionais mal treinados e medianos. Os que se salvam é porque já tem vocação. E se a vocação encontrar a técnica (ainda que a técnica rasteira), se desenvolve. Ou seja, o curso não prepara nem acadêmicos nem profissionais. Quem já selecionou estagiários em agência sabe a roça que é desemburrar essa rapaziada que sai de quatro anos de "academia" pior do que entrou, porque sai arrogante, prepotente e sem humildade. Em uma das agências em que trabalhei (hoje não trabalho nesse ramo, tenho uma papelaria), uma estagiária recem-formada disse que era um absurdo ela ganhar o que ganhava enquanto o fulano (um diretor de arte com 16 anos de casa e 20 de experiência total) era um "semi analfabeto". Ou seja, a única coisa que ela aprendeu na faculdade foi a discriminar os colegas de trabalho e exigir um salário maior. Os três exemplos que Orly lembrou talvez não sejam os mais significativos, mas são os únicos. Não há outros . Não há outros em um mercado com 33 agências credenciadas e mais 20 sem credenciamento sindical. É um universo significativo. Alguém disse, "mas se o cara não souber o que é direção de arte, o dono da agência não o contrata". É verdade. Mas quem disse que o cara aprende direção de arte nos cursos de publicidade? Em Sampa há escolas livres, como o Senac, a Miami Ad School (http://www.masespm.com.br/) e ainda a Escola Panamericana de Arte, que possuem cursos superiores, mas têm cursos livres de direção de arte, redação publicitária, fotografia digital na propaganda, arte-finalização digital e que não são cursos superiores mas que preparam para a prática da profissão e são reconhecidos pelas agências (todas, inclusive as maiores). A verdade, mesmo quando extrema, é sempre incômoda. Faz parte de seu caráter, de sua essência. Se não é assim, não é verdade. Parabéns ao anônimo que postou o primeiro petardo. Agora, é refletir. Se eu fosse aconselhar um futuro publicitário que quer prestar vestibular eu diria "Faça Psicologia. Depois, passe dois anos estudando em São Paulo nas escolas que citei. O mercado de trabalho estará diante de você mais recepivo do que se você chegar lá com um diploma de comunicação social qualquer".

Unknown disse...

Lenha, gás, álcool, papel...fogo!

CHICO CAVALCANTE disse...

Juca, boa noite.

Interessante essa polêmica. Louvo a iniciativa do debate porque toda reflexão coletiva é importante e é preciso ter o elemento provocador para atiçar o ânimo para a exposição de idéias. Eu diria que o Anônimo provocador parte de uma base material real, mas tira conclusões equivocadas porque se excede. Vai além da fronteira do razoável e chega no limite da sandice. Orly citou alguns exemplos que negam sua tese e eu posso citar mais um: Ailton Shigueo. Ex-aluno do Glauco, Shigueo chegou na Vanguarda como estagiário de direção de arte. Talentoso, inquieto, quase insubordinado, Shigueo era um provocador. Foi o responsável por uma virada visual na agência. Foi ele quem tirou do papel a logomarca da Vanguarda que desenhei e nunca tinha tempo para finalizar. Um dia ele disse que ia para São Paulo fazer ESPM. Meses depois, me ligou dizendo que conseguira um estágio na Ogilvy. Logo passou de estagiário a contratado. Alguns prêmios depois, lá estava Shigueo na W/Brasil, de onde saiu para a Y&R, onde estava até a última vez que nos encontramos. Shigueo é o meu exemplo de um profissional formado aqui e que chegou a uma posição de destaque em grandes agências de São Paulo, levando como abre alas os trabalhos que havia feito aqui. Deu certo. É a prova de que o ensino superior bem aproveitado por uma pessoa de talento pode, sim, posicioná-la no mercado de trabalho de maneira qualificada. Devemos, como profissionais e como empresários do meio, dar oportunidade de estágio e estimular nas faculdades e universidades o debate sobre nossa atividade, sobre os rumos da comunicação e sobre os meios para tornar a juventude que busca essa formação, profissionais melhores e mais preparados. Eu até gosto de extremos. Mas o extremo que nega a necessidade de aprender e o papel da universidade não é o que gosto de indicar como caminho.

Grande abraço,
Chico.

Anônimo disse...

Não é apenas os grandes publicitários que não são formados em publicidade, mas os grandes diretores de cinema também não são formados em cinema. Nenhum. Nenhunzinho. As pessoas podem até se indignar com a posição do cara, mas ela é verdadeira e se baseia em exemplos, enquanto opinião como as do Orly e do Chico Cavalcante não tem base para se sustentar a não ser exemplos pontuais, que não desacreditam a posição principal, expressa pelo anônimo inicial.

Unknown disse...

Oi,Chico.
Obrigado pela contribuição ao debate.
Não sou publicitário,não sou jornalista, fui economista.
Vivo de escrever mas não sou escritor, nem poeta...rs
Trabalho na universidade desde 1989 e sinto algumas mudanças na estrutura e na concepção de academia que o comentarista das 7:37 acertadamente aponta.
Não dá prá separar ou dispensar nem uma coisa nem outra, formação e experiência.
A Comunicação, enquanto mercado e áreas de especializações cresceu muito.
Se um petiz quer trabalhar na área de Comunicação Institucional, ou Empresarial, p. ex., conhecimentos de Ciência Política e Economia são fundamentais.
Fundamentais ao exercício profissional com maior produtividade,inventiva, acertos, resultados.
Esse espraiamento da Comunicação, por outro lado, nos remete a outra questão que talvez ajude a centralizar o debate: é a Comunicação uma ciência, um domínio científico?
Ou seria um capítulo da Teoria Social, como acredito, sem que isso lhe desmereça, senão o contrário?
Ademais, entendo que não se pode avaliar instituições, cursos e docentes, sem avaliar alunos e famílias, suas histórias de vida e suas condições materiais.
O nível de interesse, a formação anerior , a disposição e a coragem de enfrentar este mundo são preocupantes. Porque ele também o é.
Por fim, as demandas sobre os profissionais da Comunicação, atuais e futuros, pela centralidade da profissão neste momento que vivemos, é um acréscimo no lombo e nos pré requisitos de todos.

Ano que vem voltarei a dar aulas, num curso de graduação em Comunicação. Talvez dois.
Minha companheira coordena um curso, de uma facúl particular.
Tres de meus quatro filhos são alunos de Comunicação, em diferentes recortes: duas na Metodista de São Paulo e uma na FAP, em Nova Déli.
(Torço para que o caçula se forme em...transportador de veleiros ao redor do mundo...rs)
A discussão é frequente em casa.

Uma coisa é certo, Chico: a moçada tem que estudar. No mínimo as chances aumentam, neste mundo que já não é o mesmo dos Olivettos e dos Nizans, para não citar os daqui, esquecer algum, e apanhar à tôa...rs

Grande abraço.

Anônimo disse...

juva,
estou todo dia por aqui, mas nem sempre comentando :-)

anônimo das 7:37,
você está certo em vários pontos, mas exagera ao cobrar uma postura que um recém-formado, seja de qual curso for, dificlmente terá condições de mostrar sem alguns anos de maturidade e ralação prática nas costas. isso é um outro assunto que tem mais a ver com a educação que o cara recebeu em casa do que aquela ensinada na universidade.

sobre a estrutura dos cursos superiores, acredito que, com exceção dos equipamentos dos laboratórios da UFPA, muita coisa mudou do regime militar pra cá. não que os cursos sejam maravilhas (muito pelo contrário), mas ainda não entendo como pode ser melhor o cara não estudar ou estudar uma outra área que não seja a que ele escolheu.

sim, o carinha vai utilizar conhecimentos de psicologia, filosofia, arte, história e o escambau na sua área de atuação, mas a atividade publicitária hoje requer uma gama de conhecimentos muito específicos que deixariam esse psicólogo-publicitário em franca desvantagem em relação aos colegas formados no "curso babaca". qualquer dúvida a respeito é só conferir as equipes de qualquer agência de propaganda aqui de são paulo ou, cada vez mais, de belém.

anônimo das 8:04,
já retirei Scorcese e Coppola da minha lista de grandes diretores.

chico,
belas palavras. ah, o shigueo está na euro.

Anônimo disse...

Na linha de raciocínio de não precisar estudar, acabamos em Lula..

Anônimo disse...

É verdade que não seja grande coisa ter apenas um curso superior de Publicidade. Não garante vaga no mercado de trabalho e nem é uma das carreiras acadêmicas de maior destaque.
Também é verdade que existem muitos profissioais excelentes que não são formados em nenhuma universidade. Eles contaram apenas com vocação e esforço pessoal, além de um pouco de sorte.
Eu, redatora publicitária, me formei há pouco mais de dois anos. Sei que nesse mercado a experiência fala mais alto. E não desprezo a importância desse fator. Mas, também sei que demoraria muito mais tempo para me capacitar se fosse aprender apenas na prática.
A teoria é necessária. Até mesmo aquelas noções de psicologia, sociologia e antropologia cultural que vi na UFPA.
Não acho que precisasse estudar 4 anos de uma dessas outras áreas para criar um anúncio.
Acho um curso técnico muito pouco pra quem é redator ou do planejamento principalmente.
Mas, na dúvida, que tal perguntar ao Abílio Couceiro porque depois de tantos anos de prática em publicidade ele se dedicou a cursar a graduação da Unama?

Anônimo disse...

Há 21 anos eu era diagramador no jornal O Liberal. Estudava engenharia pela manhã e formatava páginas do periódico à noite, sonhando com a chance de escrever uma materiazinha sequer, mesmo que fosse na editoria de polícia do Anselmo Gama, comprando briga com o saudoso Ítalo Gouvêa.
O sonho acabou rápido porque, naquele ano, o Congresso aprovou uma lei que exigia diploma de jornalista para os profissionais de redação.
Depois disso, não sei dizer se os jornais melhoraram ou não, mas é certo que essa reserva de mercado tirou muita gente boa do batente.
Felizmente essa exigência absurda ainda não chegou ao mercado publicitário.
Minha opinião, no entanto, não significa concordar com o Washington Olivetto e seus defensores. Ao contrário, sou a favor do conhecimento, da ciência, que protege os bem intencionados e de boa fé das mumunhas dos enroladores e falastrões. Dos marketeiros de ocasião, que só repetem jargões e não sabem ler pesquisas ou ainda daqueles que têm 30 anos de experiência e se julgam inquestináveis por isso.
Concordo plenamente é com o anônimo das 7:37 que clama por cursos bons. Simples assim. Em qualquer atividade, as pessoas precisa ser inteligentes, cultas, ver o mundo de foram holística e exercitar a humildade de adquirir conhecimento.
A maioria dos publicitários que eu conheço repete fórmulas e não sabe explicar a razão porque estão fazendo o que fazem. A maioria também só se utiliza da realidade da criação para parametrizar seus comentários e análises. E isso não é só aqui em Nova Déli...
Talvez seja por isso que não temos muitos profissionais de mídia na cidade, tampouco de planejamento.
Estudei engenharia na Ufpa e Publicidade na Unama. Se quizesse me toirnar um pesquisador em ambas as instituições, teria sérias dificuldades. São fracas, desestimulantes e não incentivam de nenhuma forma o desenvolvimento de um saber científico genuino e inovador, o que é papel das universidades.Mas não houve um único dia nesses meus 17 anos de profissão sem que eu tenha comemorado ter passado por elas.
Eles me serviram ampliando minha visão de mundo ou até mesmo fazendo referências do que n~çao deveria ser feito.
Por fim, para o detratores da teoria, deixo um reflexão de um professor de economia catredático da USP, membro de conselhos de administração de três das maiores empresas deste país: "Não existe prática e teoria. Existem apenas boas e más teorias"
Eduardo Ferreira