14.3.06

UFPA Convida O Liberal


Ofício GR nº. 205/2006
Belém, 13 de março de 2006


Senhor Vice-Presidente,


Na condição de cidadão, de leitor e de reitor da maior Universidade do norte do país, tomo a iniciativa de me dirigir a V. S ª para lhe alertar sobre as grandes distorções e os caminhos equivocados das publicações desse jornal, a contar das notícias sistematicamente veiculadas sobre a instituição que dirijo.
Apenas para ilustrar a minha preocupação e justificar a minha apreensão, lembro do dossiê falsificado sobre a utilização de recursos públicos de convênios e da farsa da entrevista, inexistente, com o chefe da CGU no Pará, desmentida pelo própria Controladoria-Geral da União em ofício a mim endereçado e por mim repassado à redação de O Liberal como resposta, mas nunca publicado, numa violação da lei de imprensa. Agora, na semana que passou, culminando com as notas do Repórter 70 de domingo último – em destaque, o anúncio falso de uma imaginária ação do Exército no campus do Guamá –, testemunha-se uma verdadeira “campanha” difamatória contra a UFPA, inexplicável jornalisticamente, do ponto de vista ético, pela virulência e desfaçatez dos recursos utilizados, com instigação inclusive maldosa de pais de nossos alunos, quando todos sabem que esses tipos de ocorrência noticiados, infelizmente, têm sido comum em todos os lugares e espaços sociais, inclusive em instituições privadas de ensino superior, mas que certamente têm suas imagens preservadas por serem clientes desse jornal, que ajudam a sustentar.

Como V. Sª. não freqüentou e não freqüenta a Universidade, pois assim teria condições de estabelecer comparações entre como ela se encontrava quando a recebi como gestor e como ela se encontra agora – e em processo de melhoria constante e progressiva –, gostaria de lhe fazer um convite para fazer uma visita pessoal à instituição, quando terei o máximo prazer em lhe receber e apresentar-lhe esse patrimônio que, público, também é seu, e de lhe demonstrar como ele está sendo cuidado. Mas venha pessoalmente, sem preconceitos, para testar in loco o que tem sido divulgado sobre a UFPA.

O senhor irá ver, ao contrário do que o seu jornal (e apenas ele) tem propalado, que as estatísticas de violência, de roubos e de insegurança diminuíram significativamente no campus (consulte a Polícia Federal a respeito); que não há mato dominando o espaço; que a iluminação melhorou muito à noite; que as salas de aula estão recuperadas e refrigeradas; bibliotecas e museus restaurados; laboratórios modernizados (inclusive o de comunicação, com equipamentos de ponta, que ajudam a formar melhor os futuros profissionais de seu próprio interesse); novos prédios em construção; os antigos em reforma permanente, etc. Se puder, venha almoçar no restaurante universitário e provar a qualidade do seu bandejão, cobrado a apenas um real do estudante. Conheça os nossos programas de extensão e consulte a população atendida sobre os mesmos. Visite, por sugestão minha, a Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação e peça dados sobre os cursos e conceitos de nossos cursos de pós-graduação (mestrado e doutorado), que dobraram de número em apenas 5 anos (hoje são mais de 40). Depois disso, como o senhor anda pelo Pará, convido-o a conhecer os nossos campi (são 10, nos principais municípios do interland) e verificar as suas condições de funcionamento. Garanto-lhe que o senhor, cidadão paraense, terá uma grande e agradável surpresa, que lhe inspirará maior esperança no futuro de nosso estado.

Venha. Verifique pessoalmente, sem intermediários. E depois cuide para que o seu jornal se utilize de boas fontes, confiáveis; que zele por um jornalismo de qualidade; que confira previamente as informações que recebe (como manda a ética e o profissionalismo do ramo). Pense e reflita que não são uns poucos alunos revoltosos e mal-educados (que inclusive dilapidam o patrimônio público), alguns docentes frustrados, certos dirigentes sindicais mal-intencionados, geralmente a maioria deles atrelada a facções partidárias descomprometidas com a Universidade, não são eles, repito, a referência adequada para falar em nome da instituição.

Tenho a certeza de que V. S ª aceitará de bom grado o meu convite, que espero seja honroso, sobretudo quando está em jogo o valor maior de um meio de comunicação: a sua credibilidade. E particularmente quando um jornal tem por slogan: “Você lê. Você acredita”. No caminho em que as coisas estão indo, permita-me o alerta sincero, o futuro é incerto. Não deixe se esvair, por muito pouco, o patrimônio legado por seu pai, construído com muita luta, sacrifício e determinação, e com a visão de quem sabia que a instituição era muito mais importante que os indivíduos; de quem tinha a lucidez para perceber que a reputação do Jornal, a sua isenção, era muito mais sagrada que os interesses pessoais e mesquinhos, de curto prazo.
Atenciosamente.

Prof. Dr. Alex Bolonha Fiúza de Mello
Reitor

Ao Senhor
Rômulo Maiorana Júnior
Vice-Presidente das Organizações Rômulo Maiorana – ORM
Av. 25 de Setembro, 2473

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O ofício acima foi enviado ontem, no início da tarde, ao destinatário, e publicado hoje no Divulga, a intranet da Universidade Federal do Pará.

4 comentários:

Jubal Cabral Filho disse...

Muito bem colocado!
Tenho receio (e justificado) que um dos proprietários deste jornal se sinta ofendido e faça outra agressão física covarde ao Magnífico Reitor Alex Bolonha Fiúza de Melo, tal qual foi feita ao jornalista Lúcio Flávio Pinto. É o que se pode esperar de um contumaz agressor, mesmo que seja escondido através de palavras, a este convite educado para conhecer um bem público.
Espero que sirva de alerta a esta empresa que não continuaremos a aceitar as agressões covardes aos nossos cidadãos.

Unknown disse...

Não creio nessa possibilidade,Os Cabral, embora convenha lembrar que, pela condição de autoridade federal, o reitor, sentindo-se ameaçado, pode requisitar a proteção da Polícia Federal.
Aí, meu caro,não tem Gentileza que fique em pé.

Anônimo disse...

Amigo, vc viu isso?
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u119356.shtml

Unknown disse...

É amiga, já tinha visto.
Que má notícia, hein?, lá e aqui.b