19.4.06

Decisão Errada

Logo após a retirada do ar do programa Minuto da Universidade, um dos mais antigos e respeitáveis projetos de extensão sob a responsabilidade da UFPA/Fadesp, que enfrentava problemas de patrocínio, o biólogo João Guerreiro, diretor geral daquela fundação, convocou a coordenação do projeto para hipotecar-lhe apoio.
Garantiu que, para além de sua manutenção, a entidade iria diligenciar no sentido de ampliar suas espaços na mídia.
De Brasília, onde se encontrava em reunião do Conselho Nacional de Educação, o reitor da UFPA, o cientista político Alex Fiúza, se manifestou na mesma direção.
Ao chegar em Belém também chamou o coordenador do projeto, e reiterou a posição da Fadesp, solicitando um novo plano de mídia para encaminhar o programa a outras emissoras, ao tempo que buscaria novos patrocínios.
De forma resumida, o exposto acima foi postado aqui no Quinta, na época dos acontecimentos.

Semanas depois, em reunião com docentes do Departamento de Comunicação Social,com a diretora do Centro de Letras e Artes da UFPA, com a pro reitora de Administração e com a coordenação do Academia Amazonia, a Fadesp anunciou seu apoio à passagem do projeto para a alçada do Departamento de Comunicação, antiga aspiração de todos os presentes.
Na semana seguinte a chefia dos Recursos Humanos da Fadesp encaminhou, aos membros do projeto, o aviso prévio da equipe.
Atônitos, procuraram imediatamente o reitor, que tranquilizou-os, pedindo que não considerassem o aviso.

Mesmo fora do ar, continuaram seus trabalhos. Quais?
Simples. O projeto é reponsável pelo treinamento de 20% dos alunos que anualmente ingressam no curso de Comunicação, habilitação Jornalismo.
Não há outro projeto, em toda a UFPA, que, sózinho, mantenha uma relação dessa magnitude em atividades práticas a complementar a formação teórica.Nenhum, e nem há tanto tempo: 15 anos.

Querem saber de alguns resultados? Vamos lá.

Uma boa parcela dos melhores profissionais em atuação no mercado televisivo paraense começou lá. Muitos estagiários, envolvidos com os objetivos do projeto, encetaram a carreira docente.
Há, pelo menos, mais de uma dezena de mestres e doutores em São Paulo, Espírito Santo, Amapá e Pará, que iniciaram suas carreiras dentro do projeto.

Além disso, o Academia gera recursos, através da produção de documentários científicos e culturais, e auxilia os docentes das disciplinas de mídia eletronica em trabalhos práticos com seus alunos. Sua desativação cancela a única atividade prática do curso nessa importante área.

Mas não fica por aí.

Cópias de matérias, programas e documentários são disponibilizadas para acompanhar prestações de contas de projetos,e subsidiar apresentações de pesquisadores em congressos científicos por todo mundo.Não raro é o único registro imagético desses projetos.
Embora não seja superavitário todos os meses, foi com recursos próprios, por exemplo, que foi construída a sede do projeto.

Tem mais.

O projeto mantém, em excelente estado de conservação e em atualização constante, o único banco de imagens de pesquisa cientíca da Amazonia.
Ele é a história, em imagens, da UFPA dos últimos quinze anos.
Por causa dele a UFPA recebeu, com festa, um Premio de Responsabilidade Social.

Hoje, ao final da manhã, a chefia dos Recursos Humanos da Fadesp informou aos membros da equipe que eles só trabalham até amanhã.

Estão demitidos.

Vê-se, e o blog pode ter se equivocado, que foram proféticas as palavras da gerente geral da Fadesp, Eliana Levy, comentadas aqui no blog, de que "já estava na hora mesmo do Academia acabar", ao contrário do que entendeu a plenária da comunidade universitária, no I Seminário de Avaliação Institucional, realizado nos dias 13 e 14 de março passado, onde o Academia Amazonia foi considerado o mais importante projeto de extensão da instituição.

O julgamento sobre a manutenção do projeto - custo estimado de R$ 10.000/mes- com base na produtividade exibida no ar, um minuto semanal, esquecendo as outras atividades realizadas pela equipe listadas acima, e mesmo os rendimentos proporcionados pelos ganhos de imagem institucional para aquela fundação, permite questionar, de plano, a competencia como o assunto vem sendo conduzido.

A maneira truculenta como foi encaminhado o aviso prévio, contrariando a palavra empenhada do diretor geral da fundação nas reuniões - e, pior, do reitor da UFPA - permite concluir que há algo de errado nesta estória.
Muito errado.

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Por favor, vejam o link. Boa parte do que está dito acima ( ainda) está lá.

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