17.4.06

Dez Anos

Da Carta Capital, comentando os dez anos de Eldorado dos Carajás.

UMA DÉCADA DE IMPUNIDADE
Apenas dois acusados foram condenados pelas mortes de sem-terra. E ainda aguardam recurso em liberdade
Na segunda-feira 17, completam-se dez anos desde o assassinato de 19 integrantes do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), mortos por policiais militares durante a desocupação de uma rodovia.
O Massacre de Carajás, ao lado de outros nessa triste tradição brasileira, permanece impune. Entre os 144 incriminados, todos os agentes da polícia foram absolvidos e apenas os comandantes das tropas condenados: o coronel Mário Collares Pantoja e o major José Maria Pereira de Oliveira.
Porém, como é de praxe, ambos aguardam em liberdade a análise do recurso da sentença. Ninguém está na cadeia.
O massacre aconteceu em Marabá, no sul do Pará. Lá, um grupo de mais de mil famílias estava em “Caminhada pela Reforma Agrária”. Bloquearam a estrada para exigir alimentos e a negociação com autoridades locais.
A resposta veio, literalmente, à bala.
O então governador do estado, Almir Gabriel (PSDB), ordenou a desobstrução imediata da rodovia. O restante coube à truculência e à covardia da polícia militar.
Uma equipe de tevê registrou o confronto. As imagens de pessoas em pânico, ensangüentadas, correndo e gritando percorreram o mundo e chocaram a opinião pública internacional.
Anos depois, em 2002, a então senadora Marina Silva (PT) instituiu a data do massacre como o Dia Nacional da Luta pela Reforma Agrária. A Via Campesina, entidade que reúne movimentos sociais camponeses em todo o mundo, internacionalizou o marco e 17 de abril passou a ser o Dia Internacional da Luta Camponesa.
Assassinatos de trabalhadores sem-terra, infelizmente, não são um evento excepcional no Brasil. A impunidade de mandantes e agentes de crimes como esse também não tem nada de excepcional.

6 comentários:

Anônimo disse...

Como esperar justiça, se os tres principais responsáveis - o governador que exigiu a desobstrução da estrada, sabendo como agiria a PM; o secretário de segurança, que recomendou a desobstrução "a qualquer preço" e depois disse: "uns tirinhos seria uma reação normal, mas houve excesso de zêlo por parte da PM"!!!! e o comandante-geral da PM, responsável pelas ações de seus comandados, foram absolvidos previamente, pelo Supremo Tribunal Federal! Dá pra esperar justiça assim?

Unknown disse...

O processo ainda se arrasta,não é Anonimo?E, tudo leva a crer, ninguém pagará por ele.
Os problemas fundiários continuam...

Jota Ninos disse...

Juventy,
O que foi aquilo no Fantástico ontem: matéria completa e porrada em cima do Almir sobre Eldorado?
Pelo jeito a intervenção em O Liberal de que falaste está funcionando, hein?

Unknown disse...

Jota, até hoje, e mesmo hoje, estou convencido que a maneira como Almir preferiu reagir aos episódios de Eldorado foi tão ou mais prejudicial à sua biografia, que a maneira como ele preferiu agir no caso.
Passado dez anos de silencio, deve perdurar o silencio.É tarde para voltar atrás, na decisão e na reação aos fatos.
Quanto às repercussões políticas, tenho minhas dúvidas quanto a eficácia dessas matérias.
Convém lembrar que depois de Eldorado ele venceu todas as eleições majoritárias no Pará.
E quanto às mudanças no padrão editorial da TV Liberal, são muito bem vindas. Profissionalismo nunca é demais. E não esqueçamos que a divisão do mercado jornalístico paraense é um fato consumado.
Quem pode esconder o que?
É melhor tratar com inteligencia do que não tratar.
O distinto público agradece.

Marco Aurélio disse...

Juvencio

Obrigado por ajudar a lembrar daquele dia fatídico em Eldorado dos Carajás onde 19 homens foram brutalmente assassinados por 155 policiais.

Um abraço

Marco Aurélio

Unknown disse...

Bom dia ,Marco Aurélio.Eu é que agradeço seu gentil registro.
Um abraço.