Leia antes. Entenda depois.
Não é novidade, para quem acompanha a política e a imprensa paraense, que Parsifal Pontes escreve bem e concatena idéias melhor que a grande maioria de seus pares, os da política e os da imprensa.
Mas Parsifal é um político. E, como tal, raciocina no artigo linkado acima, publicado na edição de domingo do Diário do Pará, e em seu alinhado site.
É correta sua percepção das diferentes medidas que a imprensa nacional conferiu às comemorações da go go girl Ângela Guadagnin, e do bloco carnavalesco que carregou o relator da CPI do Mensalão, Osmar Serraglio, seu colega de partido,o PMDB.
Mais correta ainda sua afirmação das semelhanças entre a mídia e a política, ambas com problemas de legitimidade na representação , de leitores e eleitores, e desmedido apreço pelo faturamento de suas páginas,ou votos.
Também é legítima sua perplexidade com a dualidade demonstrada pela mídia nos episódios, pelos motivos acima singelamente listados.
Todavia nossas concordâncias acabam aqui.
Parsifal não percebeu que a diferença não estava nas aparências – o rebolado ou a procissão – senão na essência das representações.
Uma comemorava a ausência de decoro – a absolvição de um réu confesso de crime capitulado, sem meias palavras.
Outro dignificava o mandato, executava a lei, enfrentava o obscurantismo.
Uma indignou a nação, outro lhe soprou uma esperança.
Logo, e só isso basta, presumo, Parsifal cometeu um equívoco ao comparar as situações e o silêncio da mídia em relação à procissão da fé pública.
Que não houve, inclusive, outro equívoco: a mídia falou sim, e comemorou a aprovação do relatório do mesmo jeito que a opinião pública. Mas, na visão de Parsifal, de enquadramento Tchakotiniano – a teoria da seringa hipodérmica – a mídia “determinou” a reação da sociedade. Negatofe.
Foi só isso que não concordei com o artigo de Parsifal.
O resto, como descreve subliminarmente, quase em ato falho, é o choro dos derrotados. Daí a crítica, com evidentes vieses, aos vitoriosos.
Coisas da política.
2 comentários:
Olá Juvêncio,
Obrigado pelos elogios, em seu comentário sobre o meu artigo. Vindos de você têm para mim sentido significativo.
Antes, digo-lhe que não me alinho à "Teoria da seringa", por achar que os fundamentos da mesma não são consistentes o bastante para dar-lhe crédito inconteste.
É de se crer, todavia, que a imprensa, em determinadas ocasiões, a guisa de ampliar repercussões, ou até em direção à consubstanciar pontos de vista, pinça fatos que, caso ao seu contentamento não servissem, passariam despercebidos à audiência.
É óbvio que houve uma correspondência entre o sentimento da imprensa e o da audiência no caso Guadagnin, portanto, um não influenciou o outro, mas, deram as mãos.
Não obstante, a imprensa deu um viés adjunto à dança da deputada: não a condenou ao se fazer feliz por um amigo, isto até foi ponderado; repeliu-a por ter dançado dentro do parlamento, de forma afrontosa ao decoro parlamentar.
Quando eu afirmei que a imprensa estabeleceu uma linha de atitude, eu não quis me referir a "Teoria da Seringa", mas, dar contorno a reações opostas da mesma sobre fatos que, sem análises de méritos, e dadas as premissas do primeiro, teriam que ter, como resultado, a mesma conclusão: quebra de decoro.
Se isto não ocorreu, reporta à parcialidade. Nada tenho contra tendências: eu tenho uma. Todavia, a imprensa não deveria tê-las, ou se as tivesse, deveria assumi-las.
Para concluir, caro Juvêncio, não festejei a absolvição do Deputado Magno, nem o relatório do Serraglio, por saber que os dois foram absolutamente fruto de negociações escusas. O fato de o distinto público achar que o primeiro foi injusto e o segundo foi uma vitória é um lamentável equívoco: os dois padecem de vícios.
O Deputado Serraglio negociou com a oposição e com o governo para omitir fatos e pessoas. No final, tudo não passou de uma pantomima engendrada pelas conveniências das partes, da mesma forma que a absolvição dos deputados se está dando em acordo do governo com a oposição.
Esta turma só briga na forma. Para salvar as respectivas peles, eles não hesitam em protagonizar danças e blocos.
Um abraço,
Parsifal Pontes
Juvêncio...
Político é sempre político...
Não teria todo esse discurso, um "q" de campanha eleitoral?
Tô achando...
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