Do blog do Josias, sobre o vexame do TSE.
Durou pouco a valentia do TSE. Escassas 48 horas depois de ter endurecido os critérios da verticalização partidária, o tribunal eleitoral restabeleceu o vale-tudo nas eleições de 2006. Partidos que não lançarem candidato à presidência nem apoiarem presidenciáveis de outras legendas continuam autorizados a se aliar nos Estados às agremiações que bem entenderem (leia aqui sobre os meandros da polêmica).
Os melhores erros são os mais curtos. Não há dúvida a esse respeito. Mas o vaivém relâmpago do TSE deixou boiando no ar espesso de Brasília uma dúvida nefasta: a de que os juízes da corte eleitoral deixaram-se seduzir pela pressão política.
Mentor do endurecimento, o ministro Marco Aurélio de Melo (na foto) foi também o arquiteto do recuo. Entre uma decisão e outra, o presidente do TSE conversou com uma dezena de congressistas. E, na noite desta quinta-feira, desdisse tudo o que dissera há dois dias. "Não posso me substituir ao Congresso Nacional e insistir na verticalização pura", alegou.
Se não pode agora, já não podia 48 horas atrás. Ou houve imperícia na origem ou a pressão dos políticos surtiu efeito. O ministro jura que não se rendeu à choradeira dos partidos. Dando-lhe crédito, resta a primeira alternativa. E a constatação desalentadora de que a barbeiragem foi coletiva. O endurecimento da verticalização prevaleceu no plenário do TSE por seis votos contra um. O recuo obteve endosso unânime dos sete juízes.
Em meio ao vexame, ouviram-se fogos. O Congresso festejou o restabelecimento da orgia das coligações como se o Brasil houvesse vencido a Copa do Mundo. Só o Planalto fez muxoxo. Lula viu, em poucas horas, nascer e morrer uma articulação que jogaria no seu colo quatro partidos que, com as velhas regras, devem dar-lhe de novo as costas.
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