22.9.07

Régua

Com a ação penal proposta pelo MPF e aceita pela Justiça Federal de Castanhal contra seus proprietários, mais o pedido da comissão do senado para a Polícia Federal entrar em cena, mais a entrega do relatório dos deputados estaduais, e ainda a suspensão das atividades do Grupo Móvel de Fiscalização do MTb pela própria coordenadora, o affair Pagrisa entra na reta final de seu esclarecimento.
Com todos os indícios de desmoralização da comitiva de senadores e do relatório dos deputados estaduais paroaras a respeito do tema.
Para sorte destes e daqueles, raposia ainda não é crime previsto na Constituição, embora cada vez mais fácilmente percebida pela população, pois a declaração do deputado estadual Carlos Bordalo - ninguém menos que o líder do PT na AL - ao Liberal, afirmando que a maior prova de que não há trabalho escravo é que os trabalhadores recebem através de conta bancária, francamente, é de uma hipocrisia sem precedentes em casos dessa natureza.
Ou de uma ignorância atroz, tão grave quanto.

12 comentários:

Anônimo disse...

O que se poderia esperar do Bordaleso, heroi inconteste dos camelôs, que junto com ele no governo Edimilson, acabaram com as calçadas de Belém.

Anônimo disse...

A bancada da Pagrisa, capitaneada pelo notório Flexa Ribeiro, acaba de dar um enorme tiro no pé. Com a desastrada "inspeção" na fazenda escravocrata de Ulianópolis, acabaram por deflagrar uma grave crise institucional.
Para o Pará, como sempre, sobra a vergonha de ter um senador tão servil aos interesses, às vezes, inconfessáveis.
Triste Pará!

Anônimo disse...

Não é hipocrisia nem ignorância, seu Juvêncio, é a velha alma escravagista que resiste em alguns brasileiros e que contamina, veja só o senhor, até o partido dos "trabalhadores". Que sofram os maranhenses, desde que a gente reforce o caixa 2. Tudo pelo projeto de um Brasil melhor, claro!

Anônimo disse...

Olá Juvêncio,

O caso Pagrisa dificilmente será esclarecido, pois, se houve a situação flagrada pelo Grupo Móvel, ela foi modificada após a ação deste e as demais vistorias feitas à empresa o foram em situação diversa.
Não desautoriza a asserção acima a dita de que a empresa não poderia construir equipamentos tão rápido, pois a qualidade dos alojamentos é apenas um elemento de análise: sob o teto de palácios pode haver escravidão.
Tanto a Comissão do Parlamento paraense, quanto a do Senado da República, viram a fazenda em visitas agendadas, por isto, não poderiam as mesmas terem sido tão preliminares na absolvição da empresa.
Óbvio que a sociedade de Ulianópolis sairia em defesa da Pagrisa: ela faz parte da vida econômica do município e tem postura empresarial diferenciada.
Dever-se-ia esperar que os funcionários elogiassem a empresa por aquela postura já dita, mesmo que esta fosse ainda enquadrada como análoga ao trabalho escravo, cuja definição legal é objetiva: dadas as condições em que vivem muitos cidadãos que chegam ao Pará, ter um lugar para atar a rede, beber água natural sob Sol à pino, e fazer duas refeições ao dia, destarte a qualidade disto, é uma bênção.
No mais, o fato de um padre rezar missa no canavial, ou um pastor orar cultos no barracão da fazenda, não elide, de pronto, as afirmações do Grupo Móvel: missas também eram rezadas nas senzalas.
É bizarra a hipótese de que o Grupo Móvel estava a serviço de forças ocultas que desejavam golpear a probabilidade de produção de etanol na Amazônia: isto não seria inverossímil, todavia suposições conspiratórias não deveriam ser usadas como elemento de descrédito do trabalho do Grupo Móvel.
Pode ter havido descomedimento do Grupo Móvel na flagrância que lhe gerou o relatório, e há indícios de que a imprensa foi avisada da operação, estes, todavia, não são elementos suficientes para inquiná-lo de mentiroso.
Tanto a Assembléia Legislativa quanto o Senado Federal careceram de cautela: se não fosse possível ratificar um relatório, em certos aspectos, duvidoso, a contrario sensu, não se deveria fazer tão incontinenti reverência ao setor do agro business que, todos sabem, carece de sensibilidade social.

Saudações,

Parsifal Pontes

Unknown disse...

Olá, Parsifal.
Saudações prá voce também.

Temos opiniões algo diferentes, em poucas passagens de seu comentário.

Creio que há posibilidades, mediante a utilização de perícia científica, de verificar não se houve modificações logo após a inspeção do Grupo Móvel, mas nas provas apresentadas pelo MPF à Justiça Federal, obtidas na cena do crime denunciado.
Seis procuradores da República consideraram as provas apresentadas pelo Grupo Móvel como robustas, e a acatamento da denúncia se deu de forma mansa.

O episódio precisa e muito ser esclarecido, e as responsabilidades assumidas, inclusive e principalmente as que tocam à ação nefasta assumida por alguns parlamentares, identificadas suas motivação e a coordenação.

Quanto à comparação entre a situação dos trabalhadores da empresa descritas na denúncia e a situação de miséria em que vivem muitos paraenses, cabe lembrar que entre elas existe uma empresa,tornando a comparação inadimissível.
É exatamente a sujeição às regras da legislação trabalhistas que diferencia os que sob ela estão aos trabalhadores do mercado informal, ou, neste caso, em condições análogas à escravidão.

A reação da comunidade de Ulianópolis deve ser entendida, ao lado de sua pretensa "naturalidade", já como resultado de um discurso pernicioso, em andamento há tempos, que procura justificar as agressões - à legislação trabalhista ou ambientais, em outros casos e paragens - à manutenção do nivel de emprego ou da atividade economica - de resto uma "tese" que tangencia o concurso para o crime, pelo que à ele associada.

Pode ter havido descomedimento na ação do GM, e a presença da imprensa seria mais um elemento para dirimi-lo. Custo a crer que uma ação pautada na ilegalidade ou no abuso do poder levasse o auditores a chamar uma "testemunha" que ajudaria a incriminá-los.
Neste sentido, destaco o fato que a imprensa avisada era forânea, quem sabe na suposição da garantia de uma cobertura mais independente e equilibrada.

Por fim, registro que a Pagrisa tem um longo histórico de reiteradas infrações à legislação trabalhistas, dado que em 11 de 13 anos de fiscalização foram encontradas irregularidades, em sua maioria graves.
Esta informação, ainda não divulgada pela imprensa, contribuiu para autenticar a ação do GM, e facilitou a aceitação da denúncia pela Justiça Federal.

O episódio Pagrisa é gravíssimo, também pelos desdobramentos que causou no próprio Ministério do Trabalho. A volúpia da intimidação a que se entregaram parlamentares e empresários, na fatídica visita de julho no gabinete do Ministro, foi agora respondida pela cordenaçõ do GM.
Na prática - e vc sabe bem disso como político inteligente que é - o governo Lula tem mais um ministro desmoralizado.
Não me surpreenderia se ele vier a cair, já tardiamente.
É o que merece.

De todo modo louvo suas considerações, muito distantes das declarações absurdas - ou nem tanto - de seu colega Carlos Bordalo.

E agradeço, mais uma vez, sua gentil visita ao blog, porquanto nunca se esquiva ou se nega a assumir, com lhaneza e estilo, suas opiniões e atitudes.
Quem sabe amanhã, na merecida ribalta do Quinta, sua palavras não trarão outros ecos?


Um ótimo final de semana prá vc e os seus.

Anônimo disse...

Eu acho até engraçada a ligeireza com que algumas pessoas julgam e condenam terceiros, sejam também pessoas ou empresas. É o que está acontecendo com a Pagrisa. Se ali estiver ocorrendo trabalho escravo, terá que se interditar o Brasil quase que por inteiro, porque este país terá virado uma enorme senzala. É muito fácil sentar-se à frente de um computador e emitir opiniões, atirando dardos venenosos contra empresários, deputados e senadores, só porque estes cometeram o crime de contrariar suas opiniões. Também é muito fácil divinizar um auditor fiscal que age como super-herói. Ah, mas os procuradores consideraram "robustas" as provas levantadas pelo auditor, não foi? Isso significa que todo mundo está errado (quando vê abusos na fiscalização) e está certo quando condena a empresa. O auditor, por exemplo, não erra, não pode errar, porque é um emissário divino? Os procuradores da República foram até lá, ouviram os empregados? Não, não foram. Eles estão avaliando em cima do relatório produzido pelo grupo móvel. Um relatório feito sob medida para incriminar quem o auditor queria incriminar e redigido às pressas sob um palco iluminado. Acho que o Brasil não está apenas podre. É um país com claro sintomas de loucura e alienação, isso sim.

Unknown disse...

Vc é maior prova da afirmação que faz na última frase de seu comentário.

Anônimo disse...

Juvêncio, eu vou relevar a grosseria do seu comentário. Só esperava de você um pouco mais de bom senso e lucidez. Esse caso da Pagrisa, até pela dimensão que já alcançou, vai ser apurado em todos os detalhes - e aí você poderá rever alguns conceitos e juízos, caso esteja disposto a isso. É claro que lá não está e nem estava tudo às mil maravilhas e muita coisa precisava, sim, ser corrigida. Mas trabalho escravo, pode anotar aí, não existe e nem existiu. Se tivesse ido lá na época em que estava atuando o grupo móvel, você provavelmente teria hoje outra opinião. A favor da empresa? Não necessariamente, mas no mínimo seria mais cuidadoso ao firmar pontos de vista sobre uma realidade que você pouco conhece.

Unknown disse...

Obrigado.
Também vou relevar as suas.

Anônimo disse...

Está na cara que o anônimo das 7:23 e 8:05 fala em nome da empresa e, "releva" a "grosseria" na resposta do Juvêncio mas despeja agressões contra quem não defende a "lisura" da empresa que defende. O crime, anônimo, não foi de "contrariar" opiniões, foi de exploração do trabalho humano, que a Pagrisa, os "honestos" empresários, os insuspeitos parlamentares e voce acham mais que normal, desde que seja para garantir o lucro das eternas minorias privilegiadas e o "emprego" para as massas desvalidas. Essa é a loucura e a alienação de uma elite cada vez mais desavergonhada, que a Nação está farta de suportar.

Anônimo disse...

O Bordalo é da mesma tchurma do Beto (algemado) INCRA, um tal Coletivo Socialista ou denominação parecida que criaram. Égua do "socialismo" que defende a escravidão no século XXI.

Anônimo disse...

Juca querido,

interessante ler e reler o comentário do Deputado, o seu e o dos demais comentaristas.

No do Deputado, fiquei buscando onde é que ele toma posição. Não, não toma. É um Pilatos moderno, afável, educado, mede bem as palavras. Usa-as para garantir que seu depoimento servirá a qualquer decisão: a favor da Pagrisa ou contra a Pagrisa. Que pena. Eu, particularmente, esperava mais. E melhor.

Mas, é interessante ver essa afirmativa:" ... ela faz parte da vida econômica do município e tem postura empresarial diferenciada..."

Que pena que aceitemos aqui o "diferencial" como qualquer coisa melhor que a truculência secular dos donos de castanhal, ou da maioria dos madeireiros, ou da exploração brutal da mão-de-bra canavieira nos grotões do estado de São Paulo, como se o cumprimento de algumas imposições da CLT fosse suficientes, especialmente aqui, neste Panamá (aliás, expressão antiga de paulista, pois ser o Panamá hoje é um avanço)!

Quanto ao comentário figadal - de fígado, bilis - do anônimo das 7:23, com certeza ele mente já na primeira frase. Pelo seu descontrole, não acha graça alguma no que aconteceu!

Beijão