18.4.06

Falta Moral.E Coragem

Do blog do Jorge Moreno, hospedado em O Globo, sobre o "impeachment" de Lula.

"Viver já é um risco"

Seria abominável usar uma tragédia humana para falar das tragédias políticas.
Cito apenas as opiniões unânimes dos juristas no caso do pobre pai que esqueceu o filho dentro do carro: o ato em si isenta o réu da pena.
Acho que, grosso modo, o presidente Lula deveria ficar isento de qualquer pedido de impeachment.
Aliás, a excelente entrevista de Miguel Reale Junior à repórter Thais Oyama, para mim, encerra o assunto: a falta de condições morais para a Câmara abrir esse processo.
Quando, pela primeira vez, estava mesmo decidido a não ser mais candidato ( em várias conversas com repórteres das quais participei, Lula dizia que, se não fosse ele, lutaria para o candidato ser Olívio Dutra; enquanto José Eduardo Dutra – publiquei isso – o criticava abertamente e defendia o nome de Genoino ), Lula foi pressionado a aceitar sua quarta candidatura.Eleito, pegou as melhores cabeças ( há controvérsias ) do PT ,botou dentro do governo e as esqueceu lá.
Resultado, aquilo que o Delfim Netto dizia que os tucanos faziam com as câmaras setoriais sob a batuta de Clóvis Carvalho repetiu-se no governo petista: transformaram o poder num verdadeiro Recreio dos Bandeirantes.
E foi caindo todo mundo. Caiu o rei de ouro, caiu o rei de espadas. Cai e não fica nada.
Sem entrar no mérito do que fizeram, é inimaginável uma campanha petista sem os quadros que caíram.
A ação dos petistas, juntando-se ao desastre tucano, fez atrasar o relógio do desenvolvimento do país.
Uma aluna minha, de 17 anos, conta que a primeira palavra que pronunciou na vida foi “ Lula”. Atenta aos fatos, ela isenta o presidente Lula de qualquer trapalhada dos petistas. Adverte que se tentarem o impeachment do presidente o pau vai comer: uma legião de jovens de todo o país, como ela, vai pras ruas.
E já que estarão lá, aproveitarão para votar de novo no Lula. É a geração orkut.
Numa das histórias que um dia talvez eu publique em livro, numa madrugada ( nem posso dizer que fria, pois estávamos em Cuiabá ), a bela Christiane Torloni dormia na quinta fileira atrás e eu não sabia se admirava mais o sono daquele anjo ou se prestava atenção na conversa de Ulysses com Lula na poltrona da frente.
Fiz as duas coisas.
E ouvi Ulysses dizer pro Lula sobre as diretas: “ O povo ta na rua. Nós o botamos lá. Quem vai tirá-lo de lá?”.
A resposta veio mais tarde com a campanha de Tancredo que o PT não apoiou.
Se a oposição quer botar o povo na rua, desta vez teremos um país dividido: Pró e contra Lula.
É um risco para as duas partes. Mas, como disse Quércia depois de ter sido convencido por Lula e Tasso Jereissati a aderir a CPI do PC: “ Viver já é um risco”.
Tentar o impeachment de um presidente às vésperas do término de seu mandato é reconhecer que ele tem tudo pra ser reeleito. Não há outra explicação. Melhor deixar o povo decidir isso brevemente nas urnas. Decidir sobre o destino de Lula e do Congresso absolutório.
Mas, se a coisa agravar, é melhor ouvir Orestes “viver já é um risco” Quércia.

4 comentários:

Jota Ninos disse...

Concordo em gênero número e grau. Foi o comentário mais lúcido que já vi, em tempos de tantas decepções políticas.
Que Lula seja julgado pelo povo que o elegeu, e não pelos hoje "farinha do mesmo saco" oposicionistas!
Eu não votarei em Lula no primeiro turno. Mas não sei o que farei num segundo turno em que ele esteja com um tucano, um garotinho ou outra aberração de direita (Enéas) ou de esquerda (Heloísa) na disputa.
Só sei que não anularei o voto e nem votarei em branco.

Unknown disse...

Voce e amplas parcelas da opinião pública, em expansão.
Diria até que para além dos "esclarecidos"...eheh.
Jotafogo!De casquete e tudo.

Anônimo disse...

http://omundovistopormim.blogspot.com

vem me ver!

Unknown disse...

Fui lá te ver Kate.
Depois volto com calma e faço a poção.Abs