15.8.07

Passagem de Nível

Do blog do Alencar.


A Vale na Encruzilhada


A veloz expansão da Vale do Rio Doce levou-a a uma encruzilhada.
Surfando - e bem - na onda de aquisições e fusões da mineração mundial, a Vale agora tem que escolher entre entrar ou não entrar no jogo pesado da compra da Alcan ou da Alcoa. O cenário posto era inimaginável até bem pouco tempo atrás.
Sendo a Vale um player de classe mundial, não pode ficar fora desse jogo e, por isso, vai ter que fazer escolhas.
Se entrar no jogo e vencer, a Vale vai ser mais gigantesca ainda no mundo do alumínio, mantendo a diversificação. Seu valor de mercado poderia disparar, agradando - e muito - seus acionistas, minoritários inclusive (o pessoal que aplicou seu FGTS ou algum dinheirinho que estava na ciranda financeira dos bancos de varejo). Mas o endividamente da empresa, que já é grande, aumentaria mais ainda, e um revertério seria possível, nestes tempos de volatilidade. É uma jogada de altíssimo risco, bem ao gosto de Roger Agnelli.
Se não entrar no jogo a Vale, sucuri da mineração que ainda digere a compra da vaca canadense Inco, fica do tamanho que está e suas rivais - Rio Tinto e BHP - se agigantariam, pondo em risco sua posição de player de classe mundial.
Em suma, se correr come o bicho, se não correr é comida por ele.
As maldições dessa encruzilhada não se desfazem com despachos, zifio. E se fosse, haja marafo.
E o Pará com isso?
A julgar pelo silêncio da opinião publicada no Pará - ressalvadas as exceções de sempre, o Jornal Pessoal, do Lúcio Flávio Pinto, e o que pintar aqui na blogosfera - nada temos a ver com isso.
Mas temos, e muito.
Nossos destinos estão atados aos da Vale, para o bem, e para o mal, mais para este que para aquele. Só por isso tudo o que a ela diz respeito, a nós também diz. É certo que não vale muito para nós ter a Vale aqui, pelo menos na perspectiva de melhorias para os viventes desta parte do mundo. A melhor métrica disponível, o Índice de Desenvolvimento Humano - IDH, não é impactada positivamente pela presença da Vale no território paraense. Antes pelo contrário.
Mas, e se ela pegar um resfriado nessa encruzilhada? O Sul do Pará vai pegar uma pneumonia? Qualquer que seja a resposta, essa encruzilhada também é nossa.
Também - mas não só - por isso, é cada vez mais necessário que o Estado do Pará tenha uma estratégia muito clara para si e para os viventes daqui, incluídas as pessoas jurídicas, principalmente a Vale.

7 comentários:

JOSE MARIA disse...

Obrigado pela repercussão, meu caro Juvêncio.

O Quinta Emenda é mesmo cinco estrelas.

Eu sabia que na blogosfera paraense o tema seria registrado.

Vou esperar repercussão na grande mídia.

Anônimo disse...

A CVRD é a favor ou conta o estado do Tapajós?

Anonymo

Unknown disse...

De nada, caríssimo Alencar.
O Quinta, em verdade, tem muitas estrelas, seus leitores e comentaristas, voce entre deles.
E vamos aguardar a repecussão, se é que virá, o que no lo creo.
Boa semana.

Unknown disse...

Das 6:12, só ela pode dizer.
Ou encomendar um "estudo de viabilidade" para a região Oeste...rs

Anônimo disse...

reestatizar já! ou não?
juca, em que pé está o tal de plebiscito de set/2007? tu sabes de algo?

Unknown disse...

Cara, o que sei é o que tenho lido nos editoriais o meu querido padre Edilberto Sena, da Rádio Rural de Santarém , publicado no blog do Jeso Carneiro (link ao lado).
Mas, nesse caso, estamos em lados opostos.

Anônimo disse...

Claro que a CVRD é a favor da divisão do Pará. E se dividir em 6 ou 8 Estados, melhor ainda pra ela. Quanto mais -- e mais fraquinhos -- Estados, melhor pra CVRD.

Quem quiser se habilitar é só pedir que a CVRD fornece, a custo zero, um estudo de viabilidade econômica maneiro, feito sob medida pela Diagonal.

E, de estudo em estudo, a Diagonal vai ajudando a CVRD a meter a Amazônia na reta...