15.12.05

Mico

Veja a opinião de Helena Chagas em seu blog no Globo,a respeito de convocações extraórdinárias.


CONVOCAÇÃO DO CONGRESSO PODE VIRAR UM GRANDE MICO

A autoconvocação extraordinária do Congresso discutida pelos presidentes da Câmara, Aldo Rebelo, e do Senado, Renan Calheiros, vai acabar sendo paga. Na Câmara, é mais cerca de R$ 25 mil no bolso de cada um dos 513 deputados na virada do ano. Nada mau, hem...Sobretudo porque os parlamentares serão pagos para não trabalhar. Só em janeiro, já vão ser, de cara, 15 dias de férias. É que o Congresso estará convocado, mas só de mentirinha, para que as CPIs e o Conselho de Ética funcionem, mas votação mesmo só depois do dia 16 de janeiro. Ou seja, quem não estiver diretamente relacionado a esses assuntos - e, pelo que a gente conhece, até mesmo esses - não precisa dar as caras nessa primeira quinzena.Pior ainda: não há qualquer garantia de que de 16 de janeiro a 16 de fevereiro haverá quorum - mercadoria difícil nos tempos de hoje. É bom lembrar que 2006 é ano de eleição, deputados e senadores vão ter que visitar as bases, cuidar da própria vida, esquentar as baterias para o carnaval...Enfim, dificilmente será possível, por exemplo, votar nesse período a cassação de algum deputado no plenário da Câmara, missão que costuma exigir quorum altíssimo. Mais constrangedor ainda será a absolvição de algum como consequência de um quorum baixo. Pagar hora extra para absolver, uau!!! Mais impopular não podia ser.O resumo da ópera é que a convocação extraordinária defendida por alguns no Congresso pode acabar se transformando num grande, enorme, mico - e não só para o governo ou a oposição, cada um com seus interesses. Pode acabar se tornando um vexame para o Congresso como um todo. É por isso que tem gente pensando melhor.

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