Personagem do Ano

No final de 1984 morava no Rio quando decidi instituir um “concurso”. Escolhi a pessoa mais interessante que havia conhecido naquele ano, e resolvi dar-lhe o título de “meu personagem do ano”.
Por longos dez anos mantive o esquema até que resolvi encerra-lo. Acho que a maturidade me endureceu.
A concessão do mimo pegava os escolhidos de surpresa. Convidava-os para jantar, sem nenhuma razão especial, e no meio do encontro falava do concurso e anunciava o “prêmio”.
Claro que o susto era grande. Não foram poucos os que foram às lágrimas, enquanto eu ria. Em 88 dividi o regalo, foram duas vencedoras: minha companheira e uma de suas irmãs.
Em 93 o premio foi entregue em Manaus, numa espetacular choperia com trinta marcas de cerveja importada. Enchemos a lata de Tuborg, a minha preferida.
Nem todos os escolhidos estão perto de mim neste ano. Se os escolhi pelas identidades, é claro que compartilhamos alguns defeitos, entre eles a teimosia, e a temperatura craniana algo elevada.
Não faz mal. Segue a vida.
Prova disso é que neste 2005 volto a “concede-lo”. Como em 92, não é exatamente uma pessoa que conheci numa porcaria de ano como este, que já vaza tarde. É um re-encontro. Outra coincidência, é uma figura que conheci naquele ano de 92.
Foi minha estagiária, depois colega de pós, depois sumiu no trecho (ela adora sair na estrada... rs).
O re-encontro foi virtual, líquido, pra usar uma categoria que ela gosta, é uma doutora em comunicação. Mais pós moderna, impossível.
Mas encheu minha alma de humor, informação, amizade, compadrio até. Daí a homenagem prá Ale-Lain, sólida, um caso de blog at first sight, treze anos depois.
Meu personagem do Ano em 2005.