A Rua Leão XIII, no centro comercial de Belém, é um sítio patrimonial importantíssimo para a história da cidade. Prédio e casarios ainda preservam os traços clássicos da arquitetura colonial. Azulejos centenários ornamentam as fachadas. O piso ainda é de paralelepípedo, colocado ali há três séculos.
Mas a cidade não olha nem vê aquele pedaço de nossa história, que se desfaz diante de nossos olhos.
Árvores começam a brotar nas paredes e cumeeiras. Azulejos estão sendo roubados à luz do dia. Carros estacionam na via, destruindo os meio-fios feitos em pedra sabão e, o que é pior, agora a rua tornou-se depósito de entulho de uma obra feita pelo SESC – Serviço Social do Comércio – em um prédio que tem a frente pela Gaspar Vianna e os fundos pela Boulevard Castilho França.
O que mais espanta é que isso tudo se dá diante dos olhos de nossas autoridades que nada fazem para preservar aquela área.
Esse é o começo do justo desabafo da arquiteta Cristina Heick, que pode ser lido na íntegra na caixinha de comentários do post Bobagem Record.
22 comentários:
Corroboro a reclamação feita pela Cristina Heick. O sítio do qual ela fala é realmente lindo, mas está simplesmente caindo aos pedaços.
Para quem não conhece ou não se situou, a rua Leão XIII é bem pequena (tem um ou dois quarteirões somente) e começa na Gaspar Vianna, logo depois do Convento dos Mercedários, na esquina onde está localizado o Cartório Marítimo de Belém. Olhando o casario a partir da Gaspar Vianna, tem-se a noção de como a rua era belíssima; talvez seja uma das poucas de Belém onde, apesar da destruição, todos os prédios têm preservadas suas fachadas originais da época de sua fundação, sem intervenções ou "modernizações".
A respeito do patrimônio histórico de Belém, Juvêncio, fiz umas pequenas observações e indagações ao Alencar, no blog dele, comparando o que poderia ser feito em Belém ao que foi feito em Havana. Uma coisa, creio, concluímos como imprescindível: para a reforma do Centro e da Cidade Velha, não bastam intervenções pontuais. A cidade precisa de um plano diretor específico para o chamado "Belo Centro". Quem sabe os arquitetos leitores do blog não poderiam dar sugestões para iniciar o debate, visando desde já as próximas eleições?
No finalzinho dos anos 50, início dos 60 meu pai tinha um escritório na Gaspar, tres casas antes da esquina da Leão, que é a rua - como dizer? - mais original da cidade.
É lamentável o estado do patrimonio por ali.
A Cristina tem razão.
Bom dia, Francisco.
Juvêncio, que bom que alguém chamou a atenção para esse sítio específico. Ele é pequeno. Se recuperado, pode ser o começo do recomeço do centro histórico da cidade, revitalizando a área e revalorizando comercialmente seus imoveis. Merece sim, um debate específico. É lamentável que o SESC esteja envolvido em um ato de agressão ao patrimônio histórico da cidade e, o que é pior, nas barbas das autoridades.
Não sei avaliar a participação e/ou responsabilidade do SESC nessa parada.
Convém lembrar que ele próprio recupera dois importantes prédios da "dentadura" do Boulevard Castilhos França.Pode ser apenas desleixo da empreiteira e descuido da fiscalização do contratante.
Quanto as nossas autoridades, quais exatamente vc se refere?...rsrs
Juvêncio, desculpe retomar o assunto, mas o entulho jogado no leito da Rua Leão XIII é entulho de obra, resto de contrução, pedaços de ferro amassado, latas de tintas secas da obra do SESC... Os próprios operários que tranalham na obra afirmam que foram orientados a jogar "o lixo" ali, para que a prefeitura "recolha". Mas a prefeitura não recolhe. Procurei a prefeitura, e fui informada de que "a prefeitura não recolhe entulho". Portanto, não é uma denúncia gratuita. Antes de dizer isso aqui eu fui lá e perguntei aos operários que me confirmaram. O SESC está jogando entulho de obra no leito da Rua Leão XIII.
Cristina Heick
Juvêncio, a prefeitura existe? Em existindo, existe ali gente capaz de ver que Belém precisa ser cuidada e que o patrimônio histórico precisa ser preservado? Que bom que o tempo desse prefeito desastre está passando...
Finalzinho dos anos 50... Égua, Juvêncio, a gente tem que é te preservar como patrimônio histórico... hahahahaha!
Cristina, obrigado pelo seu retorno mas sua apuração pode - veja, eu digo pode, e não tem - ter problemas.
Qualquer pessoa sabe que a prefeitura não recolhe entulho, pois isto não lhe cabe.
Em momento algum eu duvidei que o entulho seria da obra do SESC, nem disse que sua denúncia é gratuita, tanto que, preocupado como voce, levei o tema à ribalta do blog.
Mas a obra não tem um responsável? É uma empresa, ou o prório SESC?
É nessa pergunta que está a responsabilidade do problema que vc tão bem levantou.
Das 6:08. Nasci em 55. E p "patrimonio histórico" aqui já está bastante deteriorado...eheh.
Não vale a pena tombar!
O problema maior não é o entulho jogado pelo Sesc ou pela empreiteira que executa a obra ( acho que a responsabilidade é sim, da construtora), mas a situação do casario da Leão XIII condenado ao desmoronamento. A arquiteta Cristina Heick tem toda razão de apontar para o descaso que vai das autoridades competentes que agem com incompetância total, aos proprietários que esperam que os imóveis desabem para vender o terreno a preços altíssimos ( naquele ponto!)e a nós mesmos, que não fazemos nenhuma pressão, apenas lamentamos o "já teve".
Juvêncio, você tem razão. Talvez eu tenha carregado nas tintas. E, como disse o anônimo, o entulho piora o quadro mas não é sua origem. A responsabilidade, no caso do entulho, pode ser da empreiteira, mas cabe ao SESC cobrar da empresa que contratou que não contribua para piorar o quadro. Muito obrigado por sua atenção e por abrir o debate sobre a sobrevivência daquela jóia arquitetônica.
Cristina Heick
Vi, outro dia, um comercial patrocinado pela Fundação Roberto Marinho, pedindo socorro para manter o prédio do antigo TSE no Rio de Janeiro. Que tal as agências de propaganda de Belém e as fundações que aqui fazem negócios se unirem e fazerem uma campanha em prol da Leão XIII? Fica a idéia.
Carlos Augusto
Oi Cristina...rs...vc não carregou nas tintas não, fique tranquila.Eu é que me preocupo em não ser mal interpretado.
E foi muito importante que voce sim, tenha aberto o debate, pois as reações já começaram (veja a idéia da Maristela)
Aposto que o SESC vai correr atrás do prejuízo, alimpeza do entulho, cobrando da construtora.
Mas a briga segue, pois o estado do conjunto é preocupante.
Abs
Não acho que se deve diminuir a responsabilidade do SESC nesse caso. Imagine se você está tocando uma obra e a casa desaba. Embora a responsabilidade técnica seja da empreiteira, a responsabilidade jurídica é do dono da obra. Nesse caso, o SESC. Tonini, que preside a entidade, precisa tomar uma providência. E logo. Ou será denunciado por depredação de patrimônio histórico. Qualquer cidadão pode fazê-lo.
Carlos Augusto, que tal encaminhá-la às emissoras locais e à ABAP? Quem sabe ao Roberto Munhoz, que está por aqui nest post?
Abs
Das 8:22.
Não estamos diminuindo a responsabilidade de ninguém. E reitero: tenho certeza que o SESC tomará as providências que lhe cabem.
..Da Silva disse ...
Primeiro, parabéns Cristina pelas observações muito bem fundamentadas feitas no seu comentário. Prova que é do ramo e tem amor pela cidade. Só discordo quando você diz que o complexo do Forte do Presépio foi transformado em restaurantes. Na verdade, só uma parte da Casa das Onze Janelas é ocupada , hoje, pelo Boteco, o que , para mim, é perfeitamente normal, prática aliás encontrada em outros estados e até em outros países em situações idênticas. Só para lembrar: antes alí era impossível contemplar o rio, já que naquele lugar funcionava uma repartição do exército.
Quanto ao entulho: qualquer construção que se faça hoje, por mais simples que seja, há uma obrigatoriedade de se colocar na frente um "depósito de entulho". Temos várias empresas fazendo esse serviço. Não é a Prefeitura que deve arrecadar esse tipo de "lixo". Mas ela tem por obrigação exigir do responsável pela obra o equipamento adequado, para evitar extamente o que está contecendo na Leão XIII.
JUVÊNCIO!!!! O ENTULHO ESTAVA SENDO RETIRADO!!! NEM ACREDITO!!! PASSEI POR LÁ AGORINHA MESMO!!! Daqui pra frente é impedir que mais entulho seja colocado e partir para as ações visando recuperar a área: iluminação, impedimento de estacionamento na vida, fiscalização e policiamento ostensivo e, é claro, parceria público-privada para recuperar e dar funcionalidade aos imóveis. O primeiro passo já foi dado. Graças ao seu blog. Muitíssimo obrigado!
Cristina Heick
ahaha...olá Cristina, pai d'egua!
Eu bem que desconfiei. E graças a vc, que gritou, e aos comentaristas que foram na mesma direção.
Ponto prá quem tirou. É assim que as coisas caminham.
Agora é ir prá cima das outras pendências listadas.
Estamos só começando.Muitíssimo obrigado também.
Abs prá vc.
Ponto para o blog! Deste jeito, dá ainda mais gosto de participar!
Juvêncio,
a carta que eu havia mandado para o Diário do Pará e para o Liberal há duas semanas, hoje fui publicada no Diário. Poderia dizer que é uma coincidência feliz, mas prefiro achar que eles leram aqui e decidiram desengavetar a carta. De todo modo, ajuda a tornar visível um problema que estava invisível. Mais uma vez, obrigado a você. E ao Diário, que publicou, com atraso, mas publicou a carta.
Cristina Heick
Alí por perto, com mais de ano de abandono:
-parapeito centenário,destruido, no canto da Presidente Vargas com Castilho França;
-canteiro central, destruido, na Presidente Vargas com Marechal Hermes;
-passeio centenário, erodido, a ponto de colocar em risco os pedestres que circulam na calçada da Presidente Vargas, na Praça dos Estivadores.
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