7.8.07

Abandono

A Rua Leão XIII, no centro comercial de Belém, é um sítio patrimonial importantíssimo para a história da cidade. Prédio e casarios ainda preservam os traços clássicos da arquitetura colonial. Azulejos centenários ornamentam as fachadas. O piso ainda é de paralelepípedo, colocado ali há três séculos.
Mas a cidade não olha nem vê aquele pedaço de nossa história, que se desfaz diante de nossos olhos.
Árvores começam a brotar nas paredes e cumeeiras. Azulejos estão sendo roubados à luz do dia. Carros estacionam na via, destruindo os meio-fios feitos em pedra sabão e, o que é pior, agora a rua tornou-se depósito de entulho de uma obra feita pelo SESC – Serviço Social do Comércio – em um prédio que tem a frente pela Gaspar Vianna e os fundos pela Boulevard Castilho França.
O que mais espanta é que isso tudo se dá diante dos olhos de nossas autoridades que nada fazem para preservar aquela área.


Esse é o começo do justo desabafo da arquiteta Cristina Heick, que pode ser lido na íntegra na caixinha de comentários do post Bobagem Record.

22 comentários:

Anônimo disse...

Corroboro a reclamação feita pela Cristina Heick. O sítio do qual ela fala é realmente lindo, mas está simplesmente caindo aos pedaços.
Para quem não conhece ou não se situou, a rua Leão XIII é bem pequena (tem um ou dois quarteirões somente) e começa na Gaspar Vianna, logo depois do Convento dos Mercedários, na esquina onde está localizado o Cartório Marítimo de Belém. Olhando o casario a partir da Gaspar Vianna, tem-se a noção de como a rua era belíssima; talvez seja uma das poucas de Belém onde, apesar da destruição, todos os prédios têm preservadas suas fachadas originais da época de sua fundação, sem intervenções ou "modernizações".
A respeito do patrimônio histórico de Belém, Juvêncio, fiz umas pequenas observações e indagações ao Alencar, no blog dele, comparando o que poderia ser feito em Belém ao que foi feito em Havana. Uma coisa, creio, concluímos como imprescindível: para a reforma do Centro e da Cidade Velha, não bastam intervenções pontuais. A cidade precisa de um plano diretor específico para o chamado "Belo Centro". Quem sabe os arquitetos leitores do blog não poderiam dar sugestões para iniciar o debate, visando desde já as próximas eleições?

Unknown disse...

No finalzinho dos anos 50, início dos 60 meu pai tinha um escritório na Gaspar, tres casas antes da esquina da Leão, que é a rua - como dizer? - mais original da cidade.
É lamentável o estado do patrimonio por ali.
A Cristina tem razão.
Bom dia, Francisco.

Anônimo disse...

Juvêncio, que bom que alguém chamou a atenção para esse sítio específico. Ele é pequeno. Se recuperado, pode ser o começo do recomeço do centro histórico da cidade, revitalizando a área e revalorizando comercialmente seus imoveis. Merece sim, um debate específico. É lamentável que o SESC esteja envolvido em um ato de agressão ao patrimônio histórico da cidade e, o que é pior, nas barbas das autoridades.

Unknown disse...

Não sei avaliar a participação e/ou responsabilidade do SESC nessa parada.
Convém lembrar que ele próprio recupera dois importantes prédios da "dentadura" do Boulevard Castilhos França.Pode ser apenas desleixo da empreiteira e descuido da fiscalização do contratante.
Quanto as nossas autoridades, quais exatamente vc se refere?...rsrs

Anônimo disse...

Juvêncio, desculpe retomar o assunto, mas o entulho jogado no leito da Rua Leão XIII é entulho de obra, resto de contrução, pedaços de ferro amassado, latas de tintas secas da obra do SESC... Os próprios operários que tranalham na obra afirmam que foram orientados a jogar "o lixo" ali, para que a prefeitura "recolha". Mas a prefeitura não recolhe. Procurei a prefeitura, e fui informada de que "a prefeitura não recolhe entulho". Portanto, não é uma denúncia gratuita. Antes de dizer isso aqui eu fui lá e perguntei aos operários que me confirmaram. O SESC está jogando entulho de obra no leito da Rua Leão XIII.

Cristina Heick

Anônimo disse...

Juvêncio, a prefeitura existe? Em existindo, existe ali gente capaz de ver que Belém precisa ser cuidada e que o patrimônio histórico precisa ser preservado? Que bom que o tempo desse prefeito desastre está passando...

Anônimo disse...

Finalzinho dos anos 50... Égua, Juvêncio, a gente tem que é te preservar como patrimônio histórico... hahahahaha!

Unknown disse...

Cristina, obrigado pelo seu retorno mas sua apuração pode - veja, eu digo pode, e não tem - ter problemas.

Qualquer pessoa sabe que a prefeitura não recolhe entulho, pois isto não lhe cabe.

Em momento algum eu duvidei que o entulho seria da obra do SESC, nem disse que sua denúncia é gratuita, tanto que, preocupado como voce, levei o tema à ribalta do blog.

Mas a obra não tem um responsável? É uma empresa, ou o prório SESC?
É nessa pergunta que está a responsabilidade do problema que vc tão bem levantou.

Unknown disse...

Das 6:08. Nasci em 55. E p "patrimonio histórico" aqui já está bastante deteriorado...eheh.
Não vale a pena tombar!

Anônimo disse...

O problema maior não é o entulho jogado pelo Sesc ou pela empreiteira que executa a obra ( acho que a responsabilidade é sim, da construtora), mas a situação do casario da Leão XIII condenado ao desmoronamento. A arquiteta Cristina Heick tem toda razão de apontar para o descaso que vai das autoridades competentes que agem com incompetância total, aos proprietários que esperam que os imóveis desabem para vender o terreno a preços altíssimos ( naquele ponto!)e a nós mesmos, que não fazemos nenhuma pressão, apenas lamentamos o "já teve".

Anônimo disse...

Juvêncio, você tem razão. Talvez eu tenha carregado nas tintas. E, como disse o anônimo, o entulho piora o quadro mas não é sua origem. A responsabilidade, no caso do entulho, pode ser da empreiteira, mas cabe ao SESC cobrar da empresa que contratou que não contribua para piorar o quadro. Muito obrigado por sua atenção e por abrir o debate sobre a sobrevivência daquela jóia arquitetônica.

Cristina Heick

Anônimo disse...

Vi, outro dia, um comercial patrocinado pela Fundação Roberto Marinho, pedindo socorro para manter o prédio do antigo TSE no Rio de Janeiro. Que tal as agências de propaganda de Belém e as fundações que aqui fazem negócios se unirem e fazerem uma campanha em prol da Leão XIII? Fica a idéia.

Carlos Augusto

Unknown disse...

Oi Cristina...rs...vc não carregou nas tintas não, fique tranquila.Eu é que me preocupo em não ser mal interpretado.
E foi muito importante que voce sim, tenha aberto o debate, pois as reações já começaram (veja a idéia da Maristela)
Aposto que o SESC vai correr atrás do prejuízo, alimpeza do entulho, cobrando da construtora.
Mas a briga segue, pois o estado do conjunto é preocupante.
Abs

Anônimo disse...

Não acho que se deve diminuir a responsabilidade do SESC nesse caso. Imagine se você está tocando uma obra e a casa desaba. Embora a responsabilidade técnica seja da empreiteira, a responsabilidade jurídica é do dono da obra. Nesse caso, o SESC. Tonini, que preside a entidade, precisa tomar uma providência. E logo. Ou será denunciado por depredação de patrimônio histórico. Qualquer cidadão pode fazê-lo.

Unknown disse...

Carlos Augusto, que tal encaminhá-la às emissoras locais e à ABAP? Quem sabe ao Roberto Munhoz, que está por aqui nest post?
Abs

Unknown disse...

Das 8:22.
Não estamos diminuindo a responsabilidade de ninguém. E reitero: tenho certeza que o SESC tomará as providências que lhe cabem.

Anônimo disse...

..Da Silva disse ...

Primeiro, parabéns Cristina pelas observações muito bem fundamentadas feitas no seu comentário. Prova que é do ramo e tem amor pela cidade. Só discordo quando você diz que o complexo do Forte do Presépio foi transformado em restaurantes. Na verdade, só uma parte da Casa das Onze Janelas é ocupada , hoje, pelo Boteco, o que , para mim, é perfeitamente normal, prática aliás encontrada em outros estados e até em outros países em situações idênticas. Só para lembrar: antes alí era impossível contemplar o rio, já que naquele lugar funcionava uma repartição do exército.
Quanto ao entulho: qualquer construção que se faça hoje, por mais simples que seja, há uma obrigatoriedade de se colocar na frente um "depósito de entulho". Temos várias empresas fazendo esse serviço. Não é a Prefeitura que deve arrecadar esse tipo de "lixo". Mas ela tem por obrigação exigir do responsável pela obra o equipamento adequado, para evitar extamente o que está contecendo na Leão XIII.

Anônimo disse...

JUVÊNCIO!!!! O ENTULHO ESTAVA SENDO RETIRADO!!! NEM ACREDITO!!! PASSEI POR LÁ AGORINHA MESMO!!! Daqui pra frente é impedir que mais entulho seja colocado e partir para as ações visando recuperar a área: iluminação, impedimento de estacionamento na vida, fiscalização e policiamento ostensivo e, é claro, parceria público-privada para recuperar e dar funcionalidade aos imóveis. O primeiro passo já foi dado. Graças ao seu blog. Muitíssimo obrigado!

Cristina Heick

Unknown disse...

ahaha...olá Cristina, pai d'egua!
Eu bem que desconfiei. E graças a vc, que gritou, e aos comentaristas que foram na mesma direção.
Ponto prá quem tirou. É assim que as coisas caminham.
Agora é ir prá cima das outras pendências listadas.
Estamos só começando.Muitíssimo obrigado também.
Abs prá vc.

Anônimo disse...

Ponto para o blog! Deste jeito, dá ainda mais gosto de participar!

Anônimo disse...

Juvêncio,

a carta que eu havia mandado para o Diário do Pará e para o Liberal há duas semanas, hoje fui publicada no Diário. Poderia dizer que é uma coincidência feliz, mas prefiro achar que eles leram aqui e decidiram desengavetar a carta. De todo modo, ajuda a tornar visível um problema que estava invisível. Mais uma vez, obrigado a você. E ao Diário, que publicou, com atraso, mas publicou a carta.

Cristina Heick

Anônimo disse...

Alí por perto, com mais de ano de abandono:
-parapeito centenário,destruido, no canto da Presidente Vargas com Castilho França;
-canteiro central, destruido, na Presidente Vargas com Marechal Hermes;
-passeio centenário, erodido, a ponto de colocar em risco os pedestres que circulam na calçada da Presidente Vargas, na Praça dos Estivadores.