Por Ricardo Noblat, em seu blog.
Alguma vez as Forças Armadas admitiram que a tortura a presos políticos foi adotada como política oficial de repressão durante os 21 anos de ditadura militar inaugurados no final de março de 1964?
Alguma vez os antigos chefes militares vieram a público defender a tortura ou os torturadores?
A resposta às duas perguntas é não.
A ditadura sempre negou que houvesse tortura nos porões dos quartéis ou nos aparelhos clandestinos montados para interrogar os que se rebelaram contra o regime.
Lembro-me que dom Hélder Câmara, na época arcebispo de Olinda e Recife, ganhou status de inimigo número 1 dos governos dos generais quando em maio de 1969, em um salão de conferências de Paris, denunciou a tortura a presos políticos no Brasil.
Por quase 10 anos, a censura proibiu a publicação de qualquer notícia a respeito dele. Afinal, onde já se viu difamar, caluniar e injuriar o regime do seu próprio país no exterior, atingindo-o com acusações tão graves e mentirosas?
Pois muito bem: se a tortura jamais foi praticada entre nós por decisão dos governos militares; se seus cabeças a abominavam como sempre disseram, por que não se pode julgar quem à revelia deles torturou e matou presos políticos entregues aos seus cuidados?
A ditadura argentina torturou e matou mais do que a brasileira? A chilena também? E daí?
Não importa se praticados pela esquerda ou direita, por fascistas, nazistas, comunistas ou capitalistas; não importa se muitos ou poucos - tortura, sequestro e morte por razões políticas são crimes contra a Humanidade. E como tal não prescrevem.
Para que jamais se repitam não podem e não devem prescrever.
Acusado pela morte de 8.000 homens muçulmanos em Srebrenica e pelas cerca de 12 mil mortes no cerco de 44 meses a Sarajevo na Guerra da Bósnia (1992-1995), o ex-líder sérvio Radovan Karadzic passou os últimos 12 anos foragido.
Foi preso na semana passada e será julgado pelo Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia.
Sadam Hussein, o ex-ditador do Iraque, responsável por massacres e um número incalculável de assassinatos, deveria ter sido preso e julgado por um tribunal internacional. Assim como o líder terrorista Bin Laden deve ser. Assim como Bush que continua matando iraquianos e afegãos inocentes.
Ou só existe terrorismo privado - de Estado, não?
6 comentários:
Curiosamente, aqui no Brasil, as Forças Armadas se armam quando se fala em discutir as torturas praticadas durante a ditadura militar e tem até um alto membro de diversos governos da ditadura, o coronel Jarbas Passarinho, que até prefaciou o livro de um notório torturador, o Brilhante Ulstra. Para o entulho autoritário que ainda existe ( mesmo que já de pijamas mas mesmo assim com voz e verbo nas publicações das FM) as torturas foram jstificáveis, por questões de "segurança nacional" e devemos nos calar sobre isso. O que eles não percebem é que quanto mais cedo falarmos e fizermos justiça, mais cedo nos livraremos do fantasma da ditadura e as Forças Armadas terão condições de poderem eliminar resquícios como os que fizeram um jovem tenente entregar jovens favelados para traficantes "porque foi desacatado".
Não devemos confundir fatos distintos que aconteceram em épocas distintas. Todos os casos atuais que envolvem militares (federais ou estaduais) estão sendo acompanhados de perto pela sociedade. Como o caso lembrado do tenente no Rio de Janeiro. A anistia deve ser relaxada? Tem o outro lado que também cometeu crimes. E aí companheiro???
Esqueceu de falar dos crimes cometidos pelos sionistas contra os palestinos, e os acordos de Israel com a Africa do Sul fomentando guerras na África sub-saariana. Infelizmente não vais publicar o comentário, mas felizmente lerás. E me basta isso.
Não sejas ridículo.
Quem sou eu para te bastar.
À "consciência policial": há casos do "outro lado" praticando tortura, sabe-se o nome dos responsáveis? justiça neles também, que tortura - independente da posição ideológica -é crime sem perdão. Querer justificar os abusos com o velho e descarado papo de "o outro lado também faz" é a cara do cinismo nacional. Assim como é cínica a posição do ministro da Defesa (?!!), o Jobim que infelizmente não é o Tom, querendo que a gente esqueça o passado, olhe só o futuro. Nelson Jobim com certeza é daqueles que janta com antigos terroristas e ri do que já aconteceu.
Bom dia, de novo, para ver se, com tanta torcida, será mesmo bom...rsrsrs..
O velho fim que justifica os meios, quando revestido de patriótica explicação, fica bastante enojante.
À pátria fardada competia, mais do que a qualquer outra instituição, garantir a legalidade. Ela não o fez. Assim não há porque arguir os benefícios decorrentes da jornada democrática que ela não protegeu.
Anistia para os torturadores que são ou foram servidores públicos militares ou civis do estado brasileiro?
Tô fora.
Beijão, querido.
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