O nacional José Sarney bem que se esconde atrás da literatice de segunda, que o levou ao lugar certo: o mausoléu dos imortais. Mas ontem ele soltou o que lhe corre nas veias: fel.
Lembro-me de minha primeira visita ao Maranhão - Alcântara, p. ex., onde aqueles guias turísticos de oito anos de idade nos explicam coisas como os sinos que devem ser badalados para que realizemos um desejo, mas um deles o Sarney levou para sua fazenda; ou o pórtico da igreja, que o Sarney levou para a dita fazenda, etc. Todo mundo sabe. E comenta como se não fosse escandaloso. E esse homem é o crítico da moralidade, atacando um homem que traiu o próprio crítico? Se eu não morasse no Pará, ficaria escandalizado.
Meu Deus do céu! É inacreditável. Como é que pode tamanha cara de pau do senador Sarney, depois de tantos anos apadrinhando o dito cujo, só agora nos contar que o homem não presta desde criancinha? Coisa de louco! Quer dizer que quando o Sarney era presidente, foi informado pelo chefe do SNI de que o dito cujo era ladrão, mas para não prejudicá-lo, resolveu mantê-lo no cargo mesmo assim. Que Presidente! Quer dizer que Sarney sabia que o apelido do dito cujo desde jovem era o "homem do édem", mas mesmo assim o nomeou para todos os cargos de sua vida. Vocês já imaginaram quantos nomeados por Sarney nesse país a fora devem estar nessa mesma situação? Só que ainda não brigaram com o chefe. Ainda bem que não sou maranhense, e nem macapaense. E ainda bem que ele já tem oitenta e tantos anos. Quando ele for, já deveria ter ido há muito tempo.
PS. Enquanto o imortal Sarney está com seus livros encalhados nas prateleiras, o mortal Dudu faz sucesso nas grandes livrarias de Brasília... R$ 20,00 reais a unidade com direito a embrulho de presente.
Pinço algumas pérolas desta carta, que outra coisa não causa ao cidadão comum, como eu, senão ojeriza: - Falando da Norte-Sul e da participação do ex-governador José Reinaldo no episódio, Sarney diz: "muitos (...) quiseram que eu o demitisse. Não aceitei o conselho por carinho, lealdade e afeto (...)". Como vemos, a coisa pública é tratada sem responsabilidade administrativa; às evidências de má-versação de fundos do Tesouro e outras traquinagens o ex-presidente reage com "carinho" e "afeto" pelo corrupto; - Foram "40 anos de sinecuras por ele usufruídas pelas minhas mãos generosas". Que desafaçatez... o velho coronel do sertão admite a entrega de sinecuras (que, segundo o dicionário Houaiss, significa "emprego ou cargo rendoso que exige pouco trabalho") ao antigo aliado, movido por "mãos generosas" (!); - "Deixa os cofres públicos vazios e sai de bolso cheio": o comentário é cínico, vindo de alguém que sempre foi político profissional e, por conta disso, deveria ter recebido, durante a vida pública, somente o resultado de seus vencimentos como senador, deputado, presidente... afinal, como se explica a fortuna dos Sarney? - A respeito de uma declaração de José Reinaldo a um prefeito do PDT, que o punha em maus lençóis com o novo governador Jackson Lago, Sarney avisa: "eu tenho a gravação da conversa". E arremata: "Jackson tem uma história política e familiar respeitável"... é o modo carlista (ou sarneyzista mesmo) de fazer política, sob ameaças, com gravações clandestinas e já ensaiando uma bajulação para cima do novo mandatário; - "Deixou o Maranhão mais pobre ainda": mais um ato falho. Sarney admite que o Maranhão é pobre, apesar de seu maior nome na política ter sido, dentre outros cargos de importância na República, presidente do país. O fato é que os 40 anos de poder da família Sarney no Maranhão deixaram o Estado no último lugar no ranking do IDHM (índice de desenvolvimento humano municipal), segundo informações do PNUD. Seria engraçado, não fosse trágico, "Sirney" se jactar de Roseana ter deixado o governo com o Maranhão assombrado por um IDH-renda de 0.576, quando o IDH-renda do paupérrimo vizinho Piauí, em 2000, era de 0.598; - "Daqui a cem anos este artigo será lido e meu nome estará onde sempre esteve na história do Maranhão": esperemos que as gerações futuras realmente leiam este artigo. Que "Marimbondos de Fogo", que nada! Esta é a verdadeira contribuição de Sarney à história do Maranhão e do Brasil: a revelação, nas entrelinhas, do que o patrimonialismo (olha ele de novo aí, Juvêncio) fez de pior pelo Brasil.
" Foi, na verdade, o maior beneficiário desse período. " O nobre senador esqueceu da sua própria pobre família. Quanta cara de pau.... Ainda dizem que o Marcola que é cara de pau...
É, realmente, uma "figura". E que figura. Quem lê e não o conhece, corre o risco de imaginá-lo uma santa e proba criatura. Pobre Maranhão, terra dominada pelo clã do Sarna.(parece que está desmoronando, tomara...) Te cuida Amapá... Abre o olho, Pará ( a governadora é amicíssima dele, credo.) Observador Atento.
6 comentários:
Lembro-me de minha primeira visita ao Maranhão - Alcântara, p. ex., onde aqueles guias turísticos de oito anos de idade nos explicam coisas como os sinos que devem ser badalados para que realizemos um desejo, mas um deles o Sarney levou para sua fazenda; ou o pórtico da igreja, que o Sarney levou para a dita fazenda, etc. Todo mundo sabe. E comenta como se não fosse escandaloso.
E esse homem é o crítico da moralidade, atacando um homem que traiu o próprio crítico? Se eu não morasse no Pará, ficaria escandalizado.
Meu Deus do céu! É inacreditável.
Como é que pode tamanha cara de pau do senador Sarney, depois de tantos anos apadrinhando o dito cujo, só agora nos contar que o homem não presta desde criancinha? Coisa de louco!
Quer dizer que quando o Sarney era presidente, foi informado pelo chefe do SNI de que o dito cujo era ladrão, mas para não prejudicá-lo, resolveu mantê-lo no cargo mesmo assim. Que Presidente!
Quer dizer que Sarney sabia que o apelido do dito cujo desde jovem era o "homem do édem", mas mesmo assim o nomeou para todos os cargos de sua vida.
Vocês já imaginaram quantos nomeados por Sarney nesse país a fora devem estar nessa mesma situação? Só que ainda não brigaram com o chefe.
Ainda bem que não sou maranhense, e nem macapaense.
E ainda bem que ele já tem oitenta e tantos anos. Quando ele for, já deveria ter ido há muito tempo.
PS. Enquanto o imortal Sarney está com seus livros encalhados nas prateleiras, o mortal Dudu faz sucesso nas grandes livrarias de Brasília... R$ 20,00 reais a unidade com direito a embrulho de presente.
Pinço algumas pérolas desta carta, que outra coisa não causa ao cidadão comum, como eu, senão ojeriza:
- Falando da Norte-Sul e da participação do ex-governador José Reinaldo no episódio, Sarney diz: "muitos (...) quiseram que eu o demitisse. Não aceitei o conselho por carinho, lealdade e afeto (...)". Como vemos, a coisa pública é tratada sem responsabilidade administrativa; às evidências de má-versação de fundos do Tesouro e outras traquinagens o ex-presidente reage com "carinho" e "afeto" pelo corrupto;
- Foram "40 anos de sinecuras por ele usufruídas pelas minhas mãos generosas". Que desafaçatez... o velho coronel do sertão admite a entrega de sinecuras (que, segundo o dicionário Houaiss, significa "emprego ou cargo rendoso que exige pouco trabalho") ao antigo aliado, movido por "mãos generosas" (!);
- "Deixa os cofres públicos vazios e sai de bolso cheio": o comentário é cínico, vindo de alguém que sempre foi político profissional e, por conta disso, deveria ter recebido, durante a vida pública, somente o resultado de seus vencimentos como senador, deputado, presidente... afinal, como se explica a fortuna dos Sarney?
- A respeito de uma declaração de José Reinaldo a um prefeito do PDT, que o punha em maus lençóis com o novo governador Jackson Lago, Sarney avisa: "eu tenho a gravação da conversa". E arremata: "Jackson tem uma história política e familiar respeitável"... é o modo carlista (ou sarneyzista mesmo) de fazer política, sob ameaças, com gravações clandestinas e já ensaiando uma bajulação para cima do novo mandatário;
- "Deixou o Maranhão mais pobre ainda": mais um ato falho. Sarney admite que o Maranhão é pobre, apesar de seu maior nome na política ter sido, dentre outros cargos de importância na República, presidente do país. O fato é que os 40 anos de poder da família Sarney no Maranhão deixaram o Estado no último lugar no ranking do IDHM (índice de desenvolvimento humano municipal), segundo informações do PNUD. Seria engraçado, não fosse trágico, "Sirney" se jactar de Roseana ter deixado o governo com o Maranhão assombrado por um IDH-renda de 0.576, quando o IDH-renda do paupérrimo vizinho Piauí, em 2000, era de 0.598;
- "Daqui a cem anos este artigo será lido e meu nome estará onde sempre esteve na história do Maranhão": esperemos que as gerações futuras realmente leiam este artigo. Que "Marimbondos de Fogo", que nada! Esta é a verdadeira contribuição de Sarney à história do Maranhão e do Brasil: a revelação, nas entrelinhas, do que o patrimonialismo (olha ele de novo aí, Juvêncio) fez de pior pelo Brasil.
Dando uma de ombudsman, hein Francisco...rs
Pegou muito bem as contradições da mais sombria figura da República desde os anos 50, do século passado.
" Foi, na verdade, o maior beneficiário desse período. " O nobre senador esqueceu da sua própria pobre família. Quanta cara de pau.... Ainda dizem que o Marcola que é cara de pau...
É, realmente, uma "figura". E que figura. Quem lê e não o conhece, corre o risco de imaginá-lo uma santa e proba criatura.
Pobre Maranhão, terra dominada pelo clã do Sarna.(parece que está desmoronando, tomara...)
Te cuida Amapá...
Abre o olho, Pará ( a governadora é amicíssima dele, credo.)
Observador Atento.
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