De Kennedy Alencar, na Folha de SP.
O PSDB perdeu
Um dia depois de impor ao governo Lula uma de suas maiores derrotas no Congresso, o PSDB não sabia o que fazer com a "vitória política" que conquistou ao rejeitar a prorrogação da CPMF até 2011. No partido, há um clima de ressaca política. Os dois candidatos do PSDB à Presidência da República, os governadores José Serra e Aécio Neves, foram derrotados pelos tucanos do Senado.
Bastante alardeado, não pára em pé o argumento de que aprovar a CPMF exporia o racha do PSDB. O partido está rachado faz tempo. Há um grupo, liderado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que deseja fazer oposição radical a Lula. Essa ala não tem perspectiva de chegar ao poder. Age com o fígado, numa espécie de vingança pelo que FHC sofreu com o PT no verão passado.
O setor tucano que tem chance concreta de conquistar o Palácio do Planalto deseja contar com um mecanismo fiscal poderoso como a CPMF. Essa ala, de Serra e de Aécio, conseguiu que o governo fizesse grandes concessões, como destinar paulatinamente todos os recursos do imposto do cheque para a saúde. Serra e Aécio entenderam que precisam dialogar com o eleitorado de Lula se quiserem suceder o petista.
Quem é contra a CPMF e a favor de corte de gastos já vota nos tucanos. Serra e Aécio precisam pescar votos no eleitorado que hoje apóia Lula. Isso a ajuda a explicar o empenho público de ambos "para dar mais recursos para a saúde". No entanto, alguns tucanos avaliaram que seria conveniente derrotar os próprios presidenciáveis.
Na política, há derrotas que se traduzem, mais à frente, em vitória. O contrário também é verdadeiro. Numa primeira impressão, parece que o PSDB obteve uma vitória que não dá para comemorar, do tipo em que os que ganham também saem perdendo.
Há um arsenal de medidas ao qual o Palácio do Planalto poderá recorrer para cobrir a perda dos R$ 40 bilhões que previa arrecadar anualmente com a CPMF. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentará carimbar a rejeição à CPMF como uma decisão política que fragilizará o SUS (Sistema Único de Saúde) e cuja paternidade é tucana e democrata. Ironicamente, enquanto o DEM comemora o feito político, os tucanos se apressam em dar explicações ao público por sua "vitória política". Aécio, por exemplo, já fala em "juntar os cacos". Bota caco nisso.
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E a coluna de Kennedy continua, afirmando que o DEM ganhou porque polarizou com Lula. O Quinta não tem ouvido isso nas ruas, um dia e meio depois da rejeição da prorrogação da CPMF.
Para o blog, o DEM ganhou mais motivos para ser satanizado, por assim dizer.
Parece até que já não os tem em abundância...
6 comentários:
Muito lúcido, o cumpadi.
"A PARTIR DA DERROTA
Jânio de Freitas - Folha de São Paulo
O vale-tudo dos métodos fez, no empenho de prorrogar a CPMF, exibição completa. Lula disse inverdades a granel, com as alegações de que "pobres não pagam CPMF", "a CPMF é um imposto contra a sonegação", "a CPMF é o imposto que distribui renda", Lula passou muito tempo dizendo muitas inverdades. E fez escola no ministério e nos partidos da "base aliada". Campanha com um fecho digno do todo: no que seriam os minutos anteriores à votação, o líder do governo expôs ao Senado uma carta (pronta desde a véspera), firmada por dois ministros, disse ele que se comprometendo a destinar toda a CPMF à saúde."
"Talvez o dano financeiro do governo, sem a CPMF, venha a se mostrar menor do que o dano político."
Bom dia, querido:
é isso que torna o Quinta um blog de primeira linha: as moedas aqui sempre têm dois lados, para que um não enferruje por falta de uso.
Beijão
Bom dia queridona.
Obrigado. Assim a gente também não enferruja (muito)...rsrs
Bjão
A atuação do PSDB (Arthur Virgílio, aquele que quase afundou Manaus!!) e dos "democratas" foi uma das mais explícitas demosntrações de estupidez dos últimos tempos.
A CPMF rastreava sim os sonegadores, que farão farra a partir de janeiro
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