2.1.07

Coalizão e Colisão

Embalado pela curta temporada de férias, o poster foi aos livros, desta vez na estante da companheira. Lá, deu uma olhadinha nos textos de Wanderley Guilherme dos Santos e Jairo Nicolau, ambos do IUPERJ.
O verbete pesquisado foi...coalizão.
Ficou com a nítida sensação que a governadora Ana Júlia pode cometer o mesmo erro de Jatene na composição do secretariado, se resolver ceder às pressões internas e misturar legendas, projetos, e visões de mundo algo diferentes, no mesmo balaio.
Como se não bastasse ter chegado ao poder em cima de uma coalizão - que para muitos autores sinaliza custos de gestão pública mais elevados daquelas formadas por partidos majoritários - Ana Júlia reluta em ceder a administração de orgãos públicos com a "porteira fechada", que no jargão da política significa transferir o poder de nomeações, dentro do orgão, ao partido coligado.
Onze entre dez cientistas políticos ouvidos pelo blog avaliam que a governadora deveria ter dito, ao anunciar seu secretariado, que assim como sua vitória, seu governo seria resultado de uma coalizão.
E em seguida explicado o que isto significa, como fez no último debate, provocada infantilmente por Almir Gabriel, calando-o com sua resposta.
Um secretariado anunciado desta maneira encapsularia seus aliados, transferindo-lhes a responsabilidade pela performance na gestão desses setores, demarcados justamente pela "porteira", que fecharia o transito, nos dois sentidos.
A analogia com uma barreira sanitária, neste momento, é inevitável.
Numa palavra, a competencia e a lisura da gestão seriam cobradas ao partido coligado no setor.
Entregando a secretaria de Saúde ao PMDB, por exemplo, e fincando o pé na nomeação do adjunto, a governadora se arrisca a arcar com o ônus decorrente de eventuais falcatruas ou mau desempenho na secretaria.
Outro problema da coalizão, que deveria ter sido resolvido na negociação dos apoios, lá atrás, seria a ressalva de impedir, a qualquer coligado, a indicação de nomes envolvidos em comprovadas denúncias de malversação de recursos públicos, aliás uma promessa de campanha da governadora no último debate com Almir Gabriel, já descumprida na JUCEPA, onde vai se aboletar o notório José Artur Guedes Tourinho.
Isso era o mínimo que se poderia esperar de quem estivesse realmente comprometido com a mudança, ou, comprometido com ela, tivesse um pouco mais de coragem para defendê-la.
Colisão à vista?

7 comentários:

Val-André Mutran  disse...

Se insistir nos adjuntos a nova governadora comete um erro de avaliação, o que pode, em razão de provável má gestão de algumas pastas resultar na implosão da coalizão.
Fica claro que segue os erros do primeiro governo de Lula ao ceder à compaheirada derrotada nas urnas.
O resultado à corrida à Prefeitura de Belém começou agora.

Unknown disse...

Bom dia, nobre colega.'Stamos no seu aguardo...eheh.

Anônimo disse...

Calma. Juvêncio.
É louvável, como impraticável, querer impedir a nomeação de notórios corruptos para o secretariado.
Mas incongruente, seria, esperar que essa muralha de proteção fosse tecida com a ajuda de um corrupto-mor.

Yúdice Andrade disse...

Muito lúcida a análise. Minha grande preocupação, no governo de Ana Júlia, eram justamente as conseqüências das alianças. E, pelo visto, ela fez as alianças mas não as leva adiante, já que existe essa tal "retaguarda de companheiros". Em caso de erros, em quem jogaremos as pedras? Em todo mundo, claro.
PS - A JUCEPA era presidida pelo Vilson Schuber, meu aluno há um e meio, que reconheço como uma pessoa séria. Agora é Tourinho, é? Pobres paraenses... Ainda bem que não tenho empresa...

Anônimo disse...

Quem achava que Jader deixaria os seus sem cobertura viu, na montagem de governo, como atua uma verdadeira liderança: abrindo espaço para abrigar os seus. Tourinho, Ann Pontes, etc teriam que ter lugar nesse governo. É o preço da vitória. Sem o PMDB, o PT não venceria esta eleição como sem o PMDB o PSDB não teria vencido a anterior, com uma diferença raquítica e suspeita de Jatene contra Maria. Fazer política é fazer alianças. O que se faz sem coalizão é guerra, mas política tem que ser feita assim. Muita gente critica Jader, mas sem o aparato do Estado ele foi o deputado mais votado do Estado e, de quebra, ainda elegeu a ex-mulher. Esse poderio político precisa ser levado em consideração na hora de se montar um governo. E o PT não pode ter veto a ninguém sob o risco de fazer do governo uma bomba de tempo.

Anônimo disse...

Corre, Jader. Corre...
Acabo de ler na seção Radar, do site de Veja, que o sanguessuga Ney Suassuna está trabalhando para indicar o titular da Eletrobras. Pelo jeito, o paraense não está tomando rasteiras só por aqui não. Bem dizia minha mãe: "Quem dorme com o diabo, acorda queimado".
No cenário local, não sei, ainda, quem é o Tinhoso. Mas que ele existe, existe.
A pasta é aspirada pelo par

Anônimo disse...

Tem petista que ainda não conseguiu colocar os pés na rua de tanta vergonha, de algumas figuras desse secretariado da governadora Ana Júlia. Estão chocados. Não tem e nunca mais terão discurso contra a corrupção aqui no Pará.
Tem petista de carteirinha e tudo que está com urticária só de imaginar um sujeito com uma ficha tão corrida como o Tourinho, fazendo parte do secretariado do PT.
Eles só esquecem que esse não é o governo Ana Júlia. É o governo Ana do Jader.