10.3.07

Eficácia Duvidosa

Do deputado estadual Parsifal Pontes(PMDB), a propósito do post Fundo do Carvão,de ontem.

Seria sensato não permitir a instalação de novas guseiras até que se encontrassem alternativas responsáveis, do ponto de vista ambiental, ao avanço puro e simples sobre as florestas.
Concordo com o anônimo: não é reflorestamento o que se tem feito no Brasil e se promete fazer no Pará.
É impossível fazer reflorestamento, latu sensu, na Amazônia. Devido a sua enorme biodiversidade a floresta recusa-se a renascer das cinzas. No lugar sapecado, pode-se fazer o que quiser para ver o que acontece: floresta de novo, jamais.
Aquilo que chamam de reflorestamento, não passa de mono plantio, que os neologistas da área chamam de floresta energética: isto tem sido um fracasso alhures e deverá ser aqui, mormente na Amazônia, que rejeita estes tipos de soluções exógenas.
Por isto, não se deve aceitar que está havendo mitigação de passivo ambiental com o virtual plantio, pois este não passará de nova matéria prima: as guseiras estão quebrando um monte de ovos para fazer o tal omelete do “desenvolvimento”, e precisam cuidar de limpar a sujeira que
estão causando.

4 comentários:

Anônimo disse...

Parsifal,

Como sempre a grande clarividência do Pará.

Todo e qualquer ato de reflorestamento irá desembocar, com toda certeza, em um mal maior. A flora e a fauna, nas áreas de monorreflorestamento, são afetadas de maneira irreversível. O ecossistema nunca se recupera. Eis o dilema: como desenvolver sem destruir, como preservar sem estagnar. É um problema que perpassa por todos nós: cidadão, políticos, empresários. Cabe-nos apresentar um grande forum para encontrarmos a solução que promova crescimento econômico em consonância com a proteção de nosso maior tesouro que é a biodiversida amazônica.

Não podemos nos esquecer que depois de nós virão os nossos, não é verdade?

Abraços

Augusto

Unknown disse...

Augusto, amanhã mando um mail prá voce.

Unknown disse...

É preciso lembrar, de novo, que os últimos 12 anos foram um faz-de-conta em relação ao setor florestal paraense. Não tivemos sequer uma segunda aproximação do zoneamento ecológico-econômico (ZEE) no estado. O Acre, por exemplo, já está indo para a terceira aproximação, onde deve ocorrer a elaboração do ZEE em cada município, com o Ordenamento Territorial Local (OTL). A cada aproximação aumenta-se mais ainda a lente sobre o ordenamento das atividades de uso da terra.

Não se compara o tamanho do Acre com o tamanho do Pará, por isso também não se comparam as divisas geradas no setor florestal paraense com o acreano. Se não me engano, a madeira e seus derivados figuram sempre no segundo lugar da pauta de exportação paraense, perdendo apenas para os minérios. Acredito que muitos ZEEs poderiam ser feitos no estado somente com parte dos impostos dessas divisas.

No entanto, no final do governo tucano tivemos um ZEE paraense anunciado às pressas e aos gritos pelo Sr. Jatene. E por quê? Porque o governo federal deu um chega para lá na tucanada e tomou de volta a Terra do Meio, com BR-163 e tudo, para cuidar e tentar acabar com a farra de grileiros e madeireiros predadores. Se o governo federal está conseguindo é outra história.

Isso foi razão suficiente para vermos políticos paraenses de penas ouriçadas, vociferando que não permitiam intervenção federal no estado. Mas era natural que a incompetência política destes senhores, algum dia levasse alguém a tomar as rédeas do que não conseguiram fazer. Não se brinca com a Amazônia por tanto tempo sem levar pau alguma hora. Aliás, onde foi parar o Zoneamento Ecológico-Econômico, que indicaria a quantidade de guseiras permitidas em cada região, no governo Ana Júlia?

Concordo com o deputado Parsifal quando ele diz que não é possível perdoar as coitadinhas das guseiras, permitindo que se diminua seus pecados apenas plantando-se árvores. Tem que vir mais punição rigorosa por aí. Entretanto, se os ovos já estão quebrados precisamos aproveitar o máximo deles. O reflorestamento (não só para carvão), com um programa de fomento para pequenos produtores, por exemplo, pode ser um começo para a saída da situação. Esqueçamos o ecologismo romântico e lembremos que as áreas já estão degradadas, então o que se fará com elas? Com a palavra EMBRAPA, UFRA, UFPA, UEPA, IMAZON, IPAM, IBAMA, SECTAM, e o novíssimo IDEFLOR.

Unknown disse...

Blz, engenheiro.
Vai prá ribalta amanhã.
Quem sabe o IDEFLOR não chama voce de volta à terrinha?
Abs e bom domingo!

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Quem começou a reflexão sobre zoneamento economico ecológico por aqui, segundo uma fonte que tem cópia do trabalho,dos final dos anos 70 início dos 80,foi o professor Roberto Santos (UFPA/TRT), grande figura.
Mais tarde o estudo teria sido "reciclado" por Jatene e cia. que não deu andamento ao projeto,e não detalhou áreas, situações peuliares e investimentos.