Algumas lacunas marcam a matéria do IVCezal, edição de ontem, sobre as perdas e ganhos da região metropolitana de Nova Déli e nordeste do Pará, no cenário do que restaria de uma eventual divisão territorial do estado.
Isto pra não falar, por desnecessário, do grave equívoco de considerar que a perda do território onde estão as fontes de energia e minério seria compensada com as receitas advindas de impostos, no caso da energia, ou das reservas de bauxita, no caso dos minérios.
O produtor de energia vai substituir o consumidor no recebimento dos impostos, esta é a tendência. E o mapa mineral paraense ainda não é conhecido o suficiente para consolar o que restaria do Pará com a primazia nas reservas de bauxita.
Mas voltemos às lacunas.
O blog sentiu falta da abordagem das seguintes questões:
1) a diversidade ambiental do estado, sua mais importante e estratégica condição, que desmorona com a divisão e lhe subtrai grande parte das chances de algum futuro. Alguém aí do outro lado poderia fazer um paralelo entre entropia e diversidade?
2) os custos de implantação de novas unidades em uma federação miserável. Alguém aí acredita que a União enterraria alguns bilhões numa roubada dessas?
3) a inexistência, até aqui, de estudos científicos respeitáveis o suficiente para respaldar o esquartejamento do Pará. Alguém aí tem o aval de um grupo de pesquisa idôneo e proficiente?
Tudo isso deixa a nu - além do compreensível sebastianismo santareno e do voluntarismo marabaense - o caráter oportunista, demagógico e populista que, históricamente, alimenta a discussão.
Quem sabe depois disso emergiria, enfim, a essência do problema, que os separatistas não dizem, os paraenses não cobram, e a matéria passou batida:
1) todos querem ser capital.
2) uma renca de políticos e empresários deseja ser governador, seja de que estado for, do que sobrar, do que vier.
3) o tradicional descaso da opinião pública da também sebastiana Nova Déli com o que acontece no interior.
4) o provincianismo de suas elites políticas, com registro à uniformidade da doxa de Almir Gabriel, embora sua praxis não tenha ficado na mesma altura. Defendeu a tese da mudança da capital em livro, e na campanha sucumbiu ao pragmatismo eleitoral, explorado de forma sinuosa por Ana Julia nos debates da tv, que mediu bem o despreparo do eleitor da capital para avaliar o tema.
Isto para não falar, também por desnecessário, do assalto que estariam sujeitas as novas unidades pelas quadrilhas latentes que demarcariam novas fronteiras políticas de ação, como verificado no Mato Grosso e em Goiás.
Tem um baita desafio nas mãos o governo Ana Julia, que já começou a trabalhar a questão com a criação da secretaria de Desenvolvimento Regional, embora o discurso do secretário precise ganhar um tom mais prá barítono.
Tomara que as ações sejam acompanhadas de alianças, nas esferas produtiva e política, com rigoroso e permanente monitoramento dos resultados dessas alianças.
E tem mais: se não enfrentar com originalidade e coragem os impactos demográficos da estrutura produtiva dessas regiões, nem com o orçamento de São Paulo dá prá sustentar a pancadaria que resulta do rápido crescimento dessas áreas.
Por fim, há de se desenvolver outra frente de trabalho, a midiática, sob o comando do governo do estado, pois esta é uma questão de estado.
Enquanto isso os parlamentares, lideranças e até festejados intelectuais das regiões sublevadas vão fazendo festinha, e passando a mão na bunda dos desprovidos.
E os parlamentares que são contra, quando abrem a boca...fala sério!
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A caixinha de comentários está aberta ao côro dos descontentes, inclusive os caros amigos do poster nos dois "estados" - Val-André Mutran, Jota Ninos, Celivaldo e Jeso Carneiro, Jota Parente, Eduardo Dourado, Hiroshi Bogéa, Flávio Sacramento, Miguel Oliveira e ( Sua Excelência, o deputado estadual) João Salame, só para ficar entre jornalistas e blogueiros - generosos o suficiente para aturá-lo, mesmo sabendo-o contrário à divisão.
Estão todos convidados a entrar no debate.
Dispensada, por suposto, a conversa mole.
35 comentários:
Dispensando a conversa mole, há basicamente dois tipos de interessados na divisão do Pará: primeiro, os de boa fé, na sua maioria esmagadora pessoas cansadas de pobreza e exclusão e, por isso mesmo, desejosas de um futuro melhor. Muito justo. Só não compreendem que a divisão do Estado não necessariamente lhes garantirá isso. Alguém saberia dizer o quanto as cidades do norte de Goiás se desenvolveram de verdade após o surgimento do Tocantins - excluindo Palmas, por óbvio e, suponho, seu entorno imediato?
Depois, as pessoas de má fé, cujo olho se volta, apenas, para os novos cargos de governador (com diversos secretários) e deputados estaduais (e suas assessoriais). Acham que é só? Tem mais Tribunal de Justiça, Tribunais de Contas do Estado e dos Municípios, Ministério Público, Defensoria Pública, DETRAN, etc, etc. É muito cargo a ser preenchido.
E, naturalmente, muitos milhões de reais para gastar na construção de toda a infra-estrutura necessária - alegria de quem participa e frauda licitações.
O grupo 2 manipula o 1, que desconhece sua condição de inocente útil. Antes que comecem a nos tacar pedras, Juvêncio (elas virão, com certeza), gostaria de registrar isto. Que me parece, a bem da verdade, bastante óbvio.
É um processo desafiador sob todos os pontos de vista.
Seria chover no molhado entrar nessa discussão sem um estudo técnico de peso, de modo que possa garantir uma análise sem paixão da matéria: as reais possibilidades para a criação de novos Estados.
Digo criar e não retalhar, extirpar, dividir ou até mesmo emancipar.
Ótima oportunidade de se debater o tema Juvêncio.
Concordo plenamente que essa questão é uma questão de Estado. Não somente. É uma questão de se rediscutir o pacto federativo, lançando uma luz para o futuro da Amazônia e não apenas do Pará.
Lúcidas análises desse assunto.
Acho que, cada vez mais, deve-se levar até a exaustão essa matéria para que a população conheça verdadeiramente todos os prós e contras.
É de se esperar que, com mediano bom senso, as cabeças pensantes estejam preparadas para não permitirem que os políticos rapineiros abusem (como sempre) e usufruam de artifícios que só beneficiam a eles próprios.
Obrigado, caro amigo, por aceder ao convite.Minha companheira, doutora em Ciência Política,ao ler o post ontem, ainda no rascunho, disse: o federalismo é uma discussão inadiável no Brasil.
Pena que (ainda) restrita aos meios acadêmicos.
Em breve devem surgir os primeiros estudos técnicos, hein?, e aí a discussão vai subir de patamar.
Um abraço.
Grande Marcelo! Quanto tempo rapaz...E a pauta vai voltar a ribalta outras vezes.
Obrigado pela visita.
Abs
Juva, em qualquer luta sempre haverá as aves de rapina infiltradas, à espreita, com os olhos esbugalhados de cobiça e status. Nem por isso, a luta, o sonho, o projeto haverá de se tornar menor, inviável. Essa estória de políticos oportunistas é antiga. Blá, blá, blá. Sem as novas federações, questão estratégica para a Amazônia, ainda assim eles pululam. Vide o governo Ana Júlia, onde eles são incontáveis. Ou no anterior, em que eram vistos como praga por petistas e peemedebistas. Estudo de viabilidade sempre foram feitos, e atualizados sistematicamente, por instituições sérias sim senhor. Ocorre que os que não enxergam além da baía do Guajará sempre demonizaram-nos. O debate, como pregas, é sempre salutar. Nós de cá sempre o defendemos. Não os de lá, entorpecidos por leituras Maioranas.
O estudo que sair vocês serão os primeiros a recebê-los. Aguardem, que brevemente teremos novidades.
Ol[á, Chefia! Que venha o debate, claro, mas mande pro amigo os estudos respeitáveis atualizados.Os que conheço, enviados pelo Dudu Dourado, são de chorar.E tá chegando um estudo por aí que pode trazer notícias nada agradável para voces.
Vamos aguardar.
Quanto a visão da folha pinóquio,o post já diz tudo.
Abs, carísimo.
Val, este é um passo importante, talvez o mais importante até agora.
Aguardo.
Jeso, político oportunista é uma coisa antiga sim, quase como a chamada primeira profissão do mundo, mas está longe do blá,blá,blá. A criação de novos estados - especialmente na Amazônia, criou oligarquias mais que gananciosas, abriu mais espaço para o crime organizado, torrou dinheiro público com marajás e em nada melhorou a qualidade de vida das populações. Foi, sim, uma ação entre amigos de políticos oportunistas que, tu bem o sabes, também pululam no Tapajós.
Seria muito mais proveitoso, para as regiões que se acham abandonadas e para o país, que cada região brigasse pela inclusão total ao Estado a que atualmente pertencem.
Onde estão os estudos feitos por "instituições sérias" que apontam para a viabilidade das retalhações territoriais?
Caro Juvêncio
Sua argumentação contra a divisão do Estado embarcou na vala comum da visão míope de uma elite, como disse Jeso, que não exerga além da baia do Guajará. Mais do que a ameaça das aves de rapina e oportunistas, esta região não suporta mais a esperteza, a ganância e o descaso desta elite política que por séculos nos submete a este atraso e obrigados a viver como miseráveis.
Sem esquecer que o Pará já foi retalhado para que fosse criado o Amazonas, e nem por isso ficou menor ou mais pobre.
O que definitivamente não concordamos é com esta exploração insana e desumana que vivenciamos, sem querer nos dar, pelo menos, a oportunidade de nos manifestarmos (via plebiscito) de um desejo reprimido há séculos.
Finalmente quanto aos estudos de viabilidade, penso que a Fundação Getúlio Vargas, autora de um deles sobre o Estado do Tapajós, deve ser uma instituição com seriedade e credibilidade suficiente neste país.
Ia esquecendo, a grande dor de cotovelo do IVCzal você sabe, seus representantes já não conseguem extorquir com tanta desenvoltura, como faziam com o Alí Babá do Cipoal. Seus exemplares 'boiam' nas bancas por falta de credibilidade.
Celivaldo Carneiro
Olá, Celivaldo,obrigado por ter aparecido.Aguardo o envio do estudo da FGV para comentarmos.
Que tal encomendar um estudo para a UFPA?
Enquanto isso tente responder as duas outras questões que coloco no post, o paralelo entre entropia e diversidade ambiental e o emprego de bilhões na empreitada.
Ah! sim, fale também sobre o que estão fazendo hoje os santarenos pra discutirem sebastianismo.
E, salvo engano, sua lente é bem mais forte que a minha, embora a sua armação seja mais bonita..rsrs.
Abração!
Juva, quer dizer então que a Casa dos Lordes, o nosso Senado, foi enganada pelos ativistas da criação do Estado do Tapajós? Caiu na mãos deles um portentoso estudo de viabilidade do Estado do Tapajós e, com base nele, é que foi aprovado o plebiscito para criação do novo estado. Não é de hoje, repito, que os não-separatistas cobra esse estudo. Que têm aos borbotões. Mas nenhum lê. Ignoram. Olimpicamente. É na leitura enviesada, torta, caolha e atamancada dos veículos dos Maiorana que eles matam a sua sede. Não lêem e nunca leram, caro Juva, porque não querem enxergam a realidade. E mais um blá-blá-blá.
Olá Juvêncio,
Correndo pelo rede, e passando pelo Quinta, não pude deixar de, mesmo de forma apressada, o que não é cauteloso, cozer alguns pontos sobre o post em tela:
01. Em preliminar, você contradiz a tese do imposto que, pago pelo consumidor, penaliza o produtor, alegando a tendência de inversão.
A tendência não é ocorrer uma simples inversão no fluxo, mas uma solução negociada, pela União, entre os estados produtores com os consumidores, mormente quando já está implantado, com razoável sucesso, o sistema nacional de distribuição.
Acredito que o valor agregado deverá ser recolhido pela federação e, com lógica similar à partição dos fundos constitucionais, seja repassado aos estados membros envolvidos.
02. Nesta lógica deve andar, também, a questão mineral, e nisto o Pará, ou quaisquer outras unidades federativas que poderiam surgir, teriam que se submeter à conformação da tributação advinda.
Nestes dois pontos, não é correto o raciocínio de que a energia gerada por Tucuruí, ou a ser gerada por Belo Monte, assim como as reservas minerais em exploração ou a serem mapeadas, terão influencia direta e estrita no PIB de um ou mais estados onde se localizam: são bens da União e a ela aproveitam, sendo qualquer benefício regional apenas decorrente, e não concorrentes, como temos visto.
Por isto, e para sairmos desta lamúria, acoberta-se de razão, com a autoridade que tem, a sua companheira, ao afirmar que a mão do federalismo brasileiro precisa ser sintonizada, ou, tudo que continuaremos ouvindo é algo cheio de estática.
E, não se pode discutir o federalismo sem abordar a questão territorial como forma de fazer a Federação acontecer.
Neste parágrafo, não se pode deixar de inserir a divisão territorial do Pará.
03. No ponto 1 da sua argumentação, questiona-se, em desconstrução à tese divisionista, o paralelo entre entropia e diversidade.
Não consigo alcançar no que a divisão poderia, de fato, romper o avanço entrópico, em proteção à biodiversidade, pois esta não é uma questão territorial: deveria ser uma ação de Estado, independente de jurisdição do membro federativo.
A União já perdeu a hora de impor regras claras sobre este paralelo, que não é novo e nem é só nosso, mas uma questão global.
Portanto, não devem quaisquer dos lados da contenda, colocar a solução do binômio em sua cesta.
O Pará do tamanho que é, não resolveu e nem encaminhou isto. Os estados que poderão surgir terão a mesma dificuldade: a biodiversidade não respeita fronteiras e a entropia as ignora.
04. Os custos de implantação de novos estados são diluídos por toda a Federação e não significam aportes pontuais de recursos, como alguns crêem. São também menos dispendiosos que muitos desmandos financeiros que a Federação comete.
É preciso que se tenha o cuidado de elaborar propostas que não levem em conta instalações romanas, onde a imponência arquitetônica se sobrepõe à prestação do serviço que o cidadão demanda.
05. Já foi feito estudo, pela FGV, sobre a viabilidade da divisão do Pará, mas, ele se perdeu, e não encontrou eco, no contexto desfavorável do pensamento metropolitano, que concentra qualquer decisão, somado à falta de capacidade política e organizacional das regiões que a almejam: uma questão de entropia...
06. Não encontra calado, nas regiões, o dito de que todos querem ser capital: isto não passa de exercício de querência.
Há um consenso indiscutível, que caso a empreitada tenha termo, Santarém e Marabá reúnem todos a condições de serem as cidades capitais dos novos estados.
07. É verdade que uma “renca de políticos e empresários deseja ser governador, seja de que estado for, do que sobrar, do que vier”, mas isto não é argumento válido, do ponto de vista científico, para desconstruir a tese. Se o fosse, chegaríamos a uma conclusão niilista: teríamos que acabar com o Pará, com o Brasil, com o planeta.
Isto é uma questão de aprimoramento da democracia e da forma como os políticos são selecionados.
O joio e o trigo sempre estiveram no mesmo celeiro. Separá-los, no sistema democrático, cabe ao eleitor.
08. Da mesma forma, não se deveria atacar a tese divisionista, pela presença de sebastianistas e voluntaristas nas regiões. Isto se desconstrói pelo mesmo argumento anterior: estes istas estão em toda parte e não somente em Santarém e Marabá.
09. Quanto à mudança da capital do Pará, de fato foi uma infelicidade sistemática de quem a elaborou: em nada ajudaria na equação de sustentabilidade, ou insustentabilidade geopolítica do estado, mas apenas uma manobra insana de querer, com peneira, tapar o sol divisionista.
10. Não acredito em conseqüência de envergadura que qualquer arranjo administrativo elabore, com a intenção de nivelar as meso regiões do Pará.
Com a atual conformação geopolítica que temos, não tem barítono que se consiga fazer ouvir: a população sempre estará com as mãos nos ouvidos, em forma de concha, pedindo para o interlocutor falar mais alto.
Por fim, dever-se-ia, afastados os adjetivos gentílicos que se clamam de um e outro lado da rinha, de fato, elaborar uma discussão cientifica, pelo menos para conforto acadêmico, já que, o que tange, na práxis, a verga, seja na costa de quem for, é o sabor da conveniência política.
Como não tenho tempo de adentrar no mérito, finalizo a participação com um ponto que sempre tenho levantado.
Temos feito a discussão de forma descontextualizada, do ponto de vista democrático.
A divisão territorial é lavrada na carta como assunto de democracia direta, sem representatividade parlamentar, ou seja, plebiscitária.
Desta forma, a discussão dever-se-ia dar no bojo do plebiscito.
As partes deveriam estar colocando as suas teses e posições ao eleitor, para que este, ao final, com data marcada, vá às urnas dizer o que quer.
Temos negado isto ao eleitor: queremos ser o mentor moral dele e não cabe ao estado ser o mentor moral da nação.
Peço desculpas por algum erro na digitação: isto foi feito com pressa e sem revisão. Mas, como o assunto é palpitante, eu não poderia deixar de vir.
Abraços,
Parsifal
Isto é que eu chamo de "conversa dura", Parsifal, e muito grato pelas contribuições, nesse seu dia a dia corrido.
Vou analisar cada questão levantada, e desdobra-las em vários posts, de modo a esticar a conversa.
O assunto é palpitante sim, e voce é, sempre, convidado de honra para qualquer debate aqui no blog.
Enquanto isso, amanhã seu comentário vai levar uma link na ribalta, para que as luzes animem os pares no salão.
Seu amigo Agusto não é seu fâ à tôa...eheh.
Grande abraço.
Juca, caríssimo. Com sua permissão, vou dar meu teco neste tema. Lá vai...
Começo deixando claro: sou visceralmente contrário à divisão do estado do Pará com a criação dos estados do Tapajós e Carajás e do território federal do Marajó. Acho que a discussão sobre o assunto precisa ser aprofundada para que não paire nenhuma dúvida sobre quem serão os beneficiários do separatismo: uma turma de políticos que está mais interessada em encher os bolsos do que no bem estar de paraenses, sejam tapajônicos, marajoaras ou carajás.
A pergunta que não quer calar: quem vai pagar a conta pela criação de estruturas para abrigar os novos governos estaduais, as assembléias legislativas, os tribunais de Justiça, os tribunais de Conta, o Ministério Público, autarquias, estatais, fundações, etc...? Não sabem? Nós, cáras-pálidas! O povo!!!
Serão, pelos critérios estabelecidos atualmente, pelo menos mais 16 deputados federais nos dois novos estados e mais de 30 deputados estaduais, com suas assessorias, seus parentes e amigos, com as velhas e novas mordomias pagas pelo contribuinte.
Nasci em Belém do Pará, mas tenho raízes no Baixo-Amazonas. Quem me conhece sabe da minha paixão por Óbidos, terra dos Pauxis e dos fobós. Nem por isso acho que a criação do estado do Tapajós ajudaria Óbidos a sair de seu estado atual, de letargia.
O que o Baixo-Amazonas precisa, e há séculos, é de investimentos em obras de infra-estrutura. A promessa de asfaltar a Santarém-Cuiabá foi feita pelo ditador Médici, passou pelos ditadores Geisel e Figueiredo, passou por José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique, por Lula, em seu primeiro mandato, e continua, agora no PAC, no segundo mandato do sapo barbudo. Mas eu aposto que este asfalto não sai do papel. Mais uma vez...
Já o estado de Carajás serviria apenas para atender aos interesses de alguns "paraenses de coração", pessoas de fora que aqui se instalaram e que, para atender seus objetivos de chegar ao poder, no Executiv, com maior facilidade, vêem na criação do novo estado a fórmula milagrosa de atingirem seus objetivos. Com todo respeito aos marabaenses, paraenses honrados como todos nós.
Criar o estado do Tapajós, além do mais, significa privar o estado do Pará de sua região mais esplêndida, com ses rios de águas cristalinas, seus lagos vistosos, suas várzeas, sua floresta intocada, com todo respeito que tenho pelas belezas existentes no eixo-Tocantins-Araguaia e no Vale do Xingu.
Já criar o estado de Carajás significa tirar do estado do Pará suas principais riquezas minerais e seu giantesco potencial hídrico - Tucurui e Belo Monte -, inclusive, para atender ao sonho de alguns poucos espertalhões de chegar ao poder.
O Pará que restaria - sem Carajás, Tapajós e Marajó - seria uma réles casca, com a região metropolitana e o Nordeste, com sua costa atlântica, região mais devastada do estado, ocupada de forma desordenada desde as últimas décadas do século XIX, com a grande migração nordestina, irmãos do Nordeste que fugiam da grande seca em busca de uma vida melhor nos tempos áureos da borracha.
Melhor seria usar os blhões de reais necessários à criação de três novas unidades da Federação em obras de infra-estrutura, em educação, no atendimento à saúde, em água encanada, esgot, emprego e geração de renda. Levar cidadania aos paraenses do Tapajós e de Carajás...
Para fugir ao debate sério sobre o separatismo, políticos paraense se declaram a favor do plesbicito sobre a criação dos novos estados - como se alguém fosse contra! Tenho certeza que a divisão territorial do Pará não passará.
Ao final, prevalecerá o bom senso e a certeza de que, unido, o Pará será inquestionavelente a grande unidade da Federação brasileira no século XXI.
Ronaldo Brasiliense
ak disse.
Diante de tantos eméritos e profundos conhecedores da realidade do Estado do Pará, com suas abalisadas conclusões das vontades de seu povo e dos interesses de seus nominados dirigentes políticos, em todas as regiões que ainda hoje é um Estado, permito-me, humildamente diante de tanta sapiência, um comentário: respeitem a jornalista Simone Romero, uma profissional séria e competente, que assina a matéria que escreve sejá lá em que jornal for.Vamos parar com essa estória que, necessariamente, o(a) jornalista reflete a opinião do dono. Lacunas há, informações corretas em muito maior quantidade e nenhuma defesa de tese. Informações que, para mim, estão sendo úteis para pensar sobre a questão. Deve ter gente que já sabe todas essas informações e espera estudos mais aprofundados.
Paciência. Mas que a matéria tá boa, tá.
Afonso Klautau
Meu caro Juvêncio
Acompanho o seu blog já há algum tempo e o considero um dos melhores do Pará.
Você está certíssimo. A reportagem não levanta essas discussões e nem outras como, por exemplo, como fazer frente ao crescimento das pressões demográficas advindas do surgimento de novos Estados. Se hoje o Pará já sofre com o fluxo migratório para as suas regiões de fronteira, imagine com a notícia de criação de novos estados e a implantação dos canteiros de obras para implantação da infra-estrutura pública necessária ao funcionamento dos Poderes... Essa massa humana necessariamente implicará o agravamento das pressões sociais e ambientais sobre os novos estados.
Minha reportagem não esgota o tema e nem tem essa pretensão. Fiz apenas uma análise sob o ponto de vista econômico e utilizando a vertente do PIB para tentar mostrar que a questão é muito mais complexa do que simplesmente ser contra ou a favor da criação de um novo Estado. A questão de fundo é o modelo de desenvolvimento econômico.
Criar um estado não é garantia de resolução dos problemas acumulados ao longo de séculos de exploração desordenada e de projetos de desenvolvimento gestados em gabinetes distantes milhares de quilômetros dos locais onde serão efetivados. Os interessados em criar nos novos estados devem sair do discurso fácil da viabilidade econômica e partir da apresentação de propostas efetivas de mudança de paradigma econômico para o desenvolvimento regional porque o que está posto atualmente já mostrou sua ineficiência na resolução dos problemas ambientais, fundiários e de distribuição de renda, só para citar alguns.
Só para apimentar o debate: No final dos anos 90, a extinta divisão técnica da Fiepa fez um estudo sobre a viabilidade econômica do Estado do Tapajós e os resultados apontaram para a inviabilidade da empreitada. É claro que muita coisa mudou no cenário de lá para cá.
Outro ponto para reflexão, que extrai do estudo "Amazônia Redividida: elementos para a compreensão dos processos em curso de redivisão territorial do Estado do Pará", do geógrafo e atual diretor do Numa, da UFPA, o professor Gilberto de Miranda Rocha. Diz o "Em que pese as dimensões culturais e sócio - espaciais – expressões das mudanças processadas na estrutura espacial do território estadual - subjacentes as propostas, a emancipação, a rigor, vem a se constituir um pretexto, tanto como forma de captação de recursos – instrumento de barganha política da(s) elite(s) regional(is) (o mito da necessidade) - quanto como possibilidade de construção de canais legais de legitimidade da apropriação dos recursos territoriais por essas mesmas elites". Este estudo é do começo dos anos 2000.
Minha simples e humilde opinião.
Creio firmemente na auto-determinação dos povos. Se a população dessas regiões quer se governar, que assim seja. Por que eu, que moro na capital, que tenho hospitais disponíveis, infra-estrutura de água e esgoto e educação disponível teria o direito de negar os anseios de quem não tem? Dar esses benefícios aos paraenses que se encontram nos Estados propostos significa que vou perder essas coisas que tenho? Se sim, então eles estão certos, nós os exploramos. Se não, eu estou certo, eles que busquem a sua felicidade. De toda sorte, cada povo tem o direito de dizer o que é melhor para si desde que isso não signifique explorar ninguém, pois isso seria colonialismo. Pensar o contrário, seria imaginar os portugueses negando a nossa independência com o argumento de que seria apenas para o proveito de uns poucos políticos. O tempo diria que eles tinham razão, mas era isso o que queríamos. Auto-determinação.
Juca,
O Jeso e o Celivaldo expressam em seus depoimentos o sentimento de muitos santarenos, entre os quais, lá estou eu( apesar de achar que eles pegaram pesado rsrsrs). Falo de sentimento, pois, independente de estudos, interesses políticos e blá, blá,blá a região oeste do Pará vive há anos a expectativa de mudança, de sair do "isolamento", ser tratada com mais atenção pelos governos estadual e federal ( os projetos citados pelo Brasilense servem de exemplo)...
Isso não quer dizer que eu não defenda uma discussão mais profunda, com estudos sérios e um trabalho de comunicação maduro e eficiente para esclarecer os prós e os contras da criação de um novo estado como todos já citaram aqui. Particulamente,acredito que essa divisão será inevitável. Quando, só Deus sabe.
Cleide Pinheiro.
Meu caro Juca,
Palpitante o debate sobre a divisão territorial do Estado. Você provocou, então vai aí um "tijolaço".
Pelos comentários colocados no blog já dá pra dizer que a matéria da Simone Romero valeu. Diria mais: é a primeira vez que a imprensa da Corte publica uma matéria sem preconceitos em relação ao tema. Ainda que cheia de lacunas, concordo. Mas O Liberal sempre fez campanha contra a divisão, nunca jornalismo. Isso, inclusive, afetou duramente a credibilidade do Jornal nas regiões Oeste e Sul do Pará. Falei isso pessoalmente ao Ronaldo Maiorana. Só pelo fato de levantar o debate sério, ainda, repito, que de forma superficial, a Simone já merece nota dez. E O Liberal elogios, ainda que tenha sido muito tardia esta conduta.
Mas vamos deixar de conversa mole. Me permita primeiro, sem maledicências, "desconstuir" suas afirmações.
01-Torço que teu romantismo vingue e o produtor de energia receba os impostos ao invés dos Estados consumidores. Falta convencer as representações políticas de cidades como São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e tantas outras que decidem os destinos do País e que ganham horrores com a energia produzida por nosotros. Ainda que o Parsifal esteja certo (acho que ele tá mais realista do que você),e se encontre uma maneira de mediar essas questão entre produtores e consumidores, sou sempre desconfiado com esses "fundos" nacionais que sempre tragam boa parte das arrecadações para a União e as grandes metrópoles.
2-Concordo com o Parsifal, a criação de novas fronteiras,imaginárias, não impossibilita a questão do enfrentamento da diversidade ambiental da Amazônia. Que depende de políticas macro, com forte influência da União, além da urgente necessidade de articulação de todos os estados amazônicos.
3-A União já não banca mais instalação de novos Estados. Isso é sonho de um passado muito distante. O novo Estado, com suas cotas de FPE (Fundo de Participação dos Estados) e outras arrecadações constitucionais ou não é que deverá construir sua estrutura administrativa. O que facilita é que o novo Estado surge sem endividamento,podendo, portanto, contrair empréstimos para seus projetos de desenvolvimento. Que dependem, diga-se de passagem, de aprovação do Senado Federal.
4-Também defendo a realização de estudos respeitáveis sobre a redivisão territorial do Pará (a palavra esquartejamento que você usou é preconceituosa e indigna de um intelectual de seu quilate se queres travar um debate sério). Com todo respeito, não acho que seja mais apropriado que esse estudo seja feito pela UFPa (que apesar de representar o que há de mais avançado em nossa inteligentsia sofre também forte influência dos sentimentos mais conservadores da Corte, haja visto opiniões de mentes brilhantes como a sua que, confesso, revelou estar ainda embebida por preconceitos que esperava já estivessem superados) e muito menos pela Fiepa. Que tal a Fundação Getúlio Vargas?
5-Não há voluntarismo marabaense. Há uma firme convicção que a existência de unidades menores permitem melhor capacidade de interlocução com a sociedade, maior eficiência administrativa e melhores possibilidades para o atendimento a demandas historicamente reprimidas.
6-Parsifal foi claro na questão da capital. E ainda que não fosse natural a escolha de Marabá e Santarém, qual o problema dos diversos segmentos da sociedade sugerirem outro local para as capitais dos respectivos Estados? Essa questão, que deve ser resolvida a posteriori da criação dos novos Estados, deve levar em conta, a meu ver,quais as cidades que possuem melhor estrutura já estabelecida para evitar gastos milionários na construção das novas estruturas executivas, legislativas e judiciárias. E, de preferência, que estejam localizadas nas regiões centrais dos novos Estados. Como Marabá e Santarém são as cidades que melhor atendem a esses requisitos não existe muita polêmica em torno do assunto.
7-O assalto a que essas novas fronteiras políticas estão sujeitas é o mesmo a que estamos sujeitos ao escolher mal um prefeito de Belém ou secretários e governantes que enriquecem às custas do erário público e nem por isso deixam de ser bem recebidos na aristocrática Assembléia Paraense. Louvo a preocupação do amigo, mas tenha certeza que combateremos os bandidos de lá a exemplo do que fazemos com os daqui(Escrevo a partir de Belém).
8-Por último,quero dizer ao Ronaldo Braziliense que não ergueremos muros depois da Alça Viária e tenho certeza que não haverá nenhum em Alter do Chão. Ele vai poder continuar desfrutando as belezas dos novos estados como se elas fossem do Pará. Da mesma forma como desfrutamos das belezas do Nordeste do Brasil. Tenha certeza, amigo, que com um Estado mais próximo, mais pressionado pela sociedade civil organizada, essas belezas serão melhor tratadas. Pelo menos nossos secretários de Cultura,por exemplo, não cuidarão apenas da Corte, como um Landi contemporâneo.
Depois da "descontrução", vamos à construção:
1-Como já disse, unidades menores são melhor administradas. Da mesma forma, precisamos criar novos municípios. Pra você ter uma idéia, o prefeito de São Félix do Xingu, para mandar merenda escolar às vilas Lindoeste e Sudoeste,envia um carro que vai a Marabá,passa por Itupiranga e depois chega ao seu destino.Isso é desperdício de dinheito público e sacanagem com quem habita essas localidades, que já possuem população e movimentação econômica que justifica a criação de um novo município. E que ficam abandonadas durante o ano. A exemplo desse caso existem dezenas de outros. É o caso do Pará. Vá falar nas Vilas Mandi (Santana do Araguaia),na Quatro Bocas (Itupiranga), São Francisco (Xinguara) Taboca (São Félix do Xingu) e várias outras que a divisão territorial do Estado é conversa mole. Garanto que não vão lhe elogiar. Eles só vêem os políticos da capital, quando muito, em época de eleição. Pergunte se são recebidos com presteza nos órgãos governamentais na capital, depois de dias de viagem?
Agora, pergunte aos políticos da capital porque não vão lá com frequência, porque as políticas públicas lá não chegam com facilidade. Podem não dizer em público, mas à boca pequena vão falar da distância, das extensas estradas esburacadas, das dimensões continentais da região, do pequeno retorno eleitoral, etc. (E aí, os que querem a emancipação é que são espertalhões...)
2-A maior proximidade do Estado fortalece a sociedade civil organizada. Como tem melhores condições para pressionar o Poder Público aumenta suas chances de obter conquistas e, consequentemente, melhorar sua auto-estima,acreditando mais em suas próprias forças.
3-A região aumenta seu poder político. Se forem três os Estados (Pará,Tapajós e Carajás), passaremos a ter 9 senadores ao invés de 3 e mais deputados federais. Chega de hipocrisia. Porque isso não é importante? Sabe quem mais é contra a criação de novos Estados no Norte, além da nossa elite? As elites paulista, mineira e carioca, pois sabem que aumentando a nossa representação aumenta o nosso poder de conquistas junto a União. Não podemos confundir a representação política que temos, a crescente falta de credibilidade dos politicos, com a necessidade de melhorarmos em quantidade e qualidade essa representação. Com a divisão do Estado o primeiro aspecto estaria resolvido. Compete às forças saudáveis dos respectivos Estados equacionar o segundo dilema.
4-A divisão tem que somar e não subtrair. Nisso estou de pleno acordo. Só vale se os interesses do Pará forem contemplados e dentro de uma política de integração. Se as novas unidades forem viáveis, pois a simples criação de novos Estados não produz desenvolvimento, nisso estou de acordo. Até porque as elites parisitárias que existem em Belém vão existir nos novos estados. Por isso defendo um estudo sério,imparcial,sobre o assunto. Posso até ser contra a divisão, se os aspectos negativos forem muito superiores aos positivos após esses estudos. Numa visão empírica não é o que parece.
5-De nada adianta dividir se a relação centro-periferia continuar sendo conduzida numa ótica colonial. Do sul do País em relação a Amazônia. De Belém em relação ao interior. E,no futuro, de Marabá e Santarém em relação ao interior das novas unidades administrativas.
Por último, e agora por último mesmo, quero fazer alguns retoques:
1-Não é verdade que só Palmas se deu bem na criação do Estado do Tocantins. Eu conheci a região Norte de Goiás antes da emancipação. Com todo respeito, aquilo ali era uma merda. Não tinha uma estrada pavimentada. Hoje, todas as estradas estaduais do Tocantins são pavimentadas. Em poucos anos,o novo Estado pavimentou 5 vezes mais estradas do que o Pará em mais de duzentos anos. Araguaína e Augustinópolis são exemplo de atendimento médico,servindo de referência na região Norte. Claro que o modelo implantado sob o domínio de Siqueira Campos impediu um desenvolvimento mais harmônico e distribuidor de rendas. Mas esse é o problema da política,que os tocantinenses têm que resolver, hoje sem precisar da tutela dos iluminados de Goiás, que durante décadas impediram até mesmo esse desenvolvimento experimnentado no estado vizinho.
2-Sei que é consenso a falta de prioridade que essas regiões receberam ao longo de décadas. Mas recordar é viver. Quem gosta de cultura e lazer tem a Estação das Docas, o Boteco das 11, o Mangal das Garças, o Mangueirão e outras maravilhas que Belém merece, construídas com o dinheiro do povo de todo o Estado. Me citem uma obra importante nessa área construída no sul do Pará com o dinheiro de todo o povo do Pará? Convido todos a assistir um jogo do Águia contra um grande time no Estádio de Marabá para saberem o que é calor humano. Não temos um centro de convenções sequer para quinhentas pessoas no Sul do Pará, no entanto torraram 100 milhões em um em Belém, inclusive com a compra de vidros importados. E olha que no governo de um intelectual de mente aberta. Imagina se fosse conservador...
Ele pode falar dos hospitais regionais e da pavimentação da PA 279. Beleza. Mas enquanto os regionais do interior não estão funcionando plenamente, o Metropolitano foi o primeiro a se consolidar. Enquanto a PA 279 está inacabada e a PA 150 acabada, diversas rodovias do entorno de Belém foram concluídas. Não é culpa dele,que atéprocurou fazer alguma coisa pelo interior, a exemplo de Almir Gabriel.Mas, a exemplo dos outros, foram aprisionados por uma máquina que funciona a serviço da Corte. Com secretários que, em doze anos, não chegaram a pisar nas estradas empoeiradas ou enlamaçadas de nossa região. E isso não vai mudar, apesar das boas intenções do amigo André Farias na secretaria de Integração Regional e da governadora Ana Júlia Carepa. Por sinal, confira o novo secretariado e veja que peso tem o Sul e o Oeste do Pará, principalmente nos postos mais importantes.
6-Por último, caro amigo,não são espertalhões, não são "paraenses de coração", não são forasteiros, são os Ximenes, Klautau, Chaves, Passarinho, Barbalho, Kayath, Nunes, Vinagre, Dias, Barata, etc, etc, que ao longo dos últimos quarenta anos, se alternando ou conjuntamente, através de suas mais variadas ramificações, controlam o poder político no Pará e a condição de decidir onde o dinheiro arrecadado através dos impostos de todos os paraenses deve ser aplicado. Eles podem ser vistos nas secretarias de Estado, nos Tribunais, na Assembléia Legislativa, etc. Muitos são gente boa. Gente séria. Mas com laços familiares, culturais, de amizade, econômicos e sociais no eixo que vai de Belém ao Moju. Da Assembléia Legislativa a Salinópolis. Com essa ótica governam o Pará. Como uma corte. É contra isso, respeitosamente,que nos insubordinamos.
Desculpe a rudeza. Prometo que no bar do Chico, para comer aquela galinha caipira, você vai ser recebido como se fosse o mais radical dos separatistas. Com carinho,
Deputado João Salame
Grande Juca,
Tenho um ponto de vista diferente do seu. A criação de um novo estado, no caso o de Carajás, pois não conheço a realidade santarena, sempre esteve latente entre os paraenses do sul pela falta de apoio e de trabalho dos governantes e suas equipes.
Mas, não é só isto, cá entre nós, vivemos em um estado que tem dimensões continentais e, vou mais além, com dificuldades de administração intermináveis. Com este modelo de política que reinou, reina e vai reinar neste nosso Brasil e que, com certeza, a minha geração e a dos meus filhos não vão ver mudar pra melhor é claro, porque pra pior a gente já vê piorar dia após dia.
Caro Juca, de Belém - a capital do estado do Pará - a Conceição do Araguaia -última cidade no extremo sul do estado -, são 1.050 quilômetros. Isto mesmo Juca, um mil, cento e cinqüenta quilômetros. Você sabe quantas vezes a PA 150 - estrada estadual que faz o trajeto Belém/Conceição - esteve em perfeitas condições de tráfego? Nem uma, é isso mesmo, caro amigo. Nem uma vez. Este é um exemplo que vou te dar como argumento.
Qual foi o investimento feito pelo estado, nos últimos 15 anos, que seja a altura das necessidades da região? Você conhece e tem laços fortes com este pedaço do Pará, mas sabes do preconceito dos nossos irmãos da capital com o sul do estado. Fica parecendo que a região é terra de ninguém. Por estas e por outras, é que sou a favor da divisão. Não pleiteio cargo algum e nem tenho perfil de político. Agora, se achas que estou olhando a criação com interesses, afirmo que não. O sol nasce pra todos.
1 grande abraço Dr. Costa.
gostaria de parabenizar parsifal e joão salame pela brilhante defesa dos interresses do povo do sul e sudeste do pará,temos que dar um basta nesta concentração de poder que gira em torno das cortes de belém,engraçado; nós não podemos mais lutar por uma melhor condiçaõ de vida pra nossa gente,nos chamam de espertalhões, e os espertalhões da capital os surrupiadores do dinheiro do povo de todo o "PARÁ",as brigas da corte de belém pela divisão do poder cargos e mais cargos no governo Estadual, nos tribunais de contas e de justiça. engraçado o macaco olha pro rabo dos outros e esqueçe do dele.
mas O Liberal não era contra divisão?muito estranha aquela matéria.......
O deputado João Salame foi eleito deputado do Pará ou do Estado do Carajás? Por que se candidatou para defender o estado ( do Pará) se defende a divisão territorial?
Por maior que seja o boto, sozinho ele não consegue nada.
Sua caçada é feita em grupos. Ágeis e inteligentes, os botos se dividem, para que ao final sobre mais para cada um.
É isso que a gente quer.
Estado do Tapajós já.
Que ao comentários do
deputado João Salame e do Parsifal ecoem nas mentes dos leitores do blog e principalmente naquelas que não conhecem nossa realidade e são contra a emancipação do estado do Carajás.
Parabéns companheiros
Emancipação já.
É lastimável que o sonho de um povo seja visto como oportunismo de uma elite espertalhã e de má fé, como foi dito por muitos dos leitores do blog.
Acertam aqueles que lembram da necessidade de um estudo aprofundado sobre o assunto, afinal, nós moradores dessa longínqua e esquecida região do Pará, não temos o direito de, na base do achômetro, querer mexer em toda uma estrutura administrativa, contudo, tb ñ têm o direito de nos privar desse sonho, os românticos que ainda se imaginam vivendo na Província do Grão-Pará e que veêm os cabanos tomando o poder para fazer um Governo justo e igualitário tanto em termos sociais como em termos geográficos.
Lamento dizer, mas na minha humilde opinião, ñ vão!!! Quem continuará no poder no Estado do Pará será a elite. Hora de forma direta, hora através de marionetes usando a faixa de Governador(a).
Queremos sim o Estado de Carajás, assim como o povo do Oeste querem o Estado do Tapajós e por ele iremos à luta, mesmo que, por interesses da corte, sejamos acusados por adjetivos que encaixam perfeitamente no reflexo daqueles que nos acusam.
Parsifal e Salame, conseguem expressar a vontade da maioria de nossa população e estão de parabéns por se expor às críticas, como já apareceram por aqui e atitudes como a deles nos dão a certeza que é melhor uns Pontes, Salames, Mesquitas, Salmens, Curiós, Moreiras, Lermens, Passos, Mirandas, Furmans e etc, perto de nós, do que toda a elite belenense e seus políticos longe.
Saudações,
William Bayerl
P.S.: Parabéns Juca, por trazer para a pauta discussões tão importantes.
ak disse.
Juca, uma sugestão. Creio que teu blog avança mais uma vez ao polemizar uma grande questão, e bote grande nisso: a divisão do Pará. Dando um passo, aliás, no caminho que levantaste no papo sobre uma terceiro jornal impresso no Estado, que é uma rede de blogueiros de todos os cantos participando de um mesmo assunto relevante ( ui ). Parabéns e a sugestão: cria uma janela no lado esquerdo do blog com o título Polêmica: Divisão do Pará, e coloca nela todos os posts enviados. Fica bem mais fácil acessar e participar e institui, no blog, um forum específico para tratar de questões do genero.
Grande abraço,
Afonso Klautau
Sempre acordando cedo...eheh
Vou encaminhar sua ótima sugestão aos auxiliares técnicos do blog, meus filhos, já que o pai mal consegue postar imagens.
Talvez com um banner chamando à discussão que é centralneste momento do estado, e ainda não esquentou.Prometo, com as respostas à Parsifal e João Salame,subir a temperatura.
Grande abs.
Caro Juvêncio.
Estou de volta para colocar mais pimenta na discussão. Primeiro, quanto a sua cobrança dos pontos não abordados na minha primeira discussão, faço dos argumentos do Parsifal e do João Salame, meus.
Segundo, não é esta a primeira vez, mas ontem numa autêntica demonstração da miopia pós-Guajará da grande maioria dos belenenses, até os razoavelmente bem informados, a agência Pará de notícias do Governo do Estado publicou esta matéria sobre a passagem de velejadores franceses na região, muito bem esmiuçada no blog do Jeso:
Resumidamente numa única matéria, 'Velejadores do Rallye Iles du Soleil se despedem do Pará', atropela a geografia e, pior, oferece mais munição aos ativistas da redivisão territorial do Estado.
Título e o lide (início) da reportagem informam sobre "o coquetel de despedida" oferecido aos visitantes, pela Seel e Paratur, em sua despedida do Pará.
Tudo muito bem se não fosse por um detalhe: os turistas-velejadores partem de Belém para as cidades (isso mesmo, cidade) de Alter do Chão e Afuá, no Marajó. Como se estes lugares não estivessem encravados no território paraense.
- Todos eles estão encantados com nossas belezas e com certeza os deixaremos com vontade de voltar sempre - diz na matéria Lúcia Penedo, titular da Seel, em tom de despedida dos turistas do Pará-Belém.
Ao final comenta Jeso:
Penedo encarna um belenense típico. Aquele que mal consegue enxergar além da baía do Guajará. Mais míope, impossível.
Um grande abraço do amigo
celivaldo carneiro
Excelente. Com tantos precisos (lúcidos) comentários de pessoas que conhecem, mudei de opinião sobre o assunto. E já tenho posição formada.
Quinta emenda, ler e aprender.
Debate da melhor qualidade.
Obrigado Antonio.
Pena que não nos encontramos nauel sexta da Jinkings, mas não faltará oportunidade.
Abs
Não podemos ser acusados de oportunistas ao dar voz à vontade de nosso povo.
Acusam-nos de forasteiros. Erram grosseiramente.
Poucos trabalharam pelo Sul e Sudeste do Estado como os: mineiros, goianos, tocantinenses, maranhenses, piauienses, paulistas, gaúchos, paranaenses. Trabalharam igualmente pelo Oeste do Estado e pela Região Metropolitana e Nordeste. Enfiam, todos que ao Pará se dirigiram e para lá resolveram, de forma honesta construir as suas vidas e criar os seus filhos ajudaram os paraenses a construir o Pará.
Eu mesmo, médico recém-casado e formado, operei à luz de lampiões por anos em hospital improvisado. Salvei muitas vidas, perdi algumas, por absoluta falta de estrutura.
Perdi amigos inesquecíveis nas pontes de madeira e estradas sem o mínimo de segurança nas estradas do sul do Pará. Mas, nada disso me desanimou para fazer daquela terra, a minha terra, a nossa terra.
Sofri uma grave acidente que quase ceifou minha vida. Eu seria mais um dessa tragédia que são as estradas do interior sulparaense.
Mas, aquela região é, sobretudo, uma terra de heróis e heroínas, de gente trabalhadora como poucas no Brasil. Um povo que merece cada conquista, pessoal ou coletiva. Gente extraordinária que não desiste nunca de seus sonhos.
Todos que me conhecem, sabem que quando fui prefeito de Conceição do Araguaia, um baita município e com poucos recursos, começamos os processos emancipacionistas.
Redenção, Pau D'arco, Xinguara, Rio Maria, Curionópolis, Eldorado do Carajás, Floresta do Araguaia, Tucumã, Água Azul, Parauapebas, Canaã dos Carajás. Pergunto:
O que seria destas comunidades se não tivesse sido criadas e hoje não caminhassem com suas próprias pernas? Algumas, com dificuldades, é verdade. Mas, são municípios com as mais altas taxas de crescimento do Norte do país.
Eles não teriam esse crescimento acelerado se ainda pertencessem aos seus municípios originários.
Não, senhores e senhoras, não me elegeram para que me apropriasse disso ou daquilo.
Não preciso me apropriar de nada, pois, a vida está sendo generosa comigo. Trabalho mais de 16 horas por dia, todos os dias há mais de quarenta anos, e meu patrimônio foi ganho com muito trabalho.
Meu modo de fazer política é com seriedade e lealdade. Nos meus negócios, igualmente.
Parabéns ao Quinta Emenda, em nome de seu titular, o senhor Juvêncio de Arruda, o qual fui informado por minha assessoria, que já nos hospedamos várias vezes no mesmo Hotel em cidades do sul do Pará.
Parabéns aos Deputados João Salame e Parsifal Pontes, pelos esclarecimentos e posições lúcidas e desassombradas. Vocês honram cada voto que receberam do povo sulparaense.
Parabéns à Simone Romero, que pela primeira vez fez com que o jornal em que trabalha quebrasse um paradigma.
Parabéns ao Jeso e ao Celivaldo Carneiro, pela postura em defesa do irmão Tapajós.
Contem comigo. Enquanto houver energia e saúde em minha vida, esse, como a vontade do povo, é um sonho que gostaria de ver realizado. Um Pará três vezes maior, mais fácil de administrar e mais unido do que nunca.
A propósito. Não sairá apenas um estudo, mas, dois estudos de peso em que farei chegar às mãos de cada um de vocês para suas respectivas análises.
Parabéns a todos e vamos à luta.
Atenciosamente,
Giovanni Queiroz
O Deputado Giovanni Queiroz, como a grande maioria dos que defendem a separação do Estado, argumentam com os problemas sociais e econômicos existentes nestas áreas, apresentando a criação dos Novos Estados como solução para tudo. Assim fazem nos discursos durante as campanhas.
Todos sabem, porém, que não é o tamanho do Estado do Pará ou a distância da Capital que ocasionou as pontes de madeira, a falta de terra para quem nela trabalha, a ausência de política agrícola, o trabalho escravo, os garimpos, as queimadas, a violência contra trabalhadores rurais, a pobreza ou as desiguladades socias que fazem vítimas na maioria do Povo.
Dividir o Estado do Pará deve fazer parte de um debate mais amplo por um novo pacto federativo. Devemos discutir um novo Brasil e equilibrar as desiguldes regionais, pois se assim não for, os pobres do Pará vão ser os pobres do Carajás e do Tapajós.
Devemos criar um Estado se isso for importante para administrar e melhorar a vida da população, e não para que se construa um novo Palacio dos Despachos, uma nova Assembléia Legislativa, um novo Tribunal de Justiça, etc.
Mais esperar pelo plesbicito para dividir, precisamos é somar esforços e ter a clareza e a responsabilidade de que somos todos seres humanos e brasileiros, por essa razão somos passageiros do mesmo Barco.
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