Sobra o post A Insustentável Leveza do Nosso Pibinho, abaixo, escreve um anônimo.
O artigo do Mário levanta questões fundamentais.
Certamente não há explicações unívocas ou binárias para o fenômeno do desenvolvimento dos povos.
Contudo, ainda que não esgotem as variáveis explicativas, educação, conhecimento e, como resultado da instrumentalização deste, tecnologia, tudo isso associado à solidez institucional de uma sociedade, nas suas várias instâncias de gestão societária, por certo compõem alguns dos fundamentos mais essenciais no contextoi do processo civilizatório em todos os tempos.
Em outras palavras - só para não se esquecer: economia é política! Sim, ela não se reduz a números ou fórmulas - esses, apenas refenciais de medição - mas exprime ação coletiva, valores, costumes, capacidade decisõria, cultura!
Não há economia sustentável sem política decente e comprometida com o futuro de um povo ou nação.
A nossa economia é raquítica? Avaliemos os nossos políticos e a política por aqui praticada (os seus reais interesses e compromissos de bastidores) - e teremos a chave da resposta para tanto escombro e atraso!
5 comentários:
Mesmo tendo sido censurado em meu comentário anterior (embora não tenha cometido nenhuma ofensa ao autor do artigo), volto à carga.
É, no mínimo, um brutal equívoco, ignorar a importância dos juros altos como fator de inibição do crescimento da economia. Nem o próprio Banco Central faz isso. É só dar uma olhada nas atas do COPOM.
É certo que os juros altos não explicam tudo. Eles fazem parte de um conjunto mais amplo e complexo. Mas também é certo que cabe aos juros altos um importante e delicado papel nesse conjunto.
Dizer que os juros altos constituem somente um "epifenômeno", sem relação com as taxas de crescimento econômico, convenhamos, é pular uma passagem.
De fato, voce não ofendeu o autor do artigo, mas fez apreciações negativas sem justificativas, o que não acontece agora, quando fundamenta sua crítica.
Vai ver porque era domingo e a gente fica meio preguiçoso...eheh.
Agora não.
Valeu, e obrigado por voltar á carga.
Caríssimo Juvêncio,
No meu comentário anterior, eu disse apenas que o autor do artigo falou, falou... e nada disse.
Qual o objetivo do artigo? Oferecer uma explicação para as baixas taxas de crescimento do PIB brasileiro, confere?
Para isto, o autor do artigo teria 2 alternativas: a) expor uma "lei geral" que explicasse o fenômeno; e b) expor uma explicação específica para o caso brasileiro.
Não fez uma coisa nem outra.
Quanto à possível "lei geral", ele fala da acumulação de ativos intangíveis, mas reconhece que a Índia e, principalmente, a China, vêm crescendo à taxas fantásticas -- e continuadas -- sem que se possa atribuir esse crescimento à acumulação intangível. A tal "lei geral" não se aplica, portanto.
Além do mais, ele não demonstra que essa acumulação intangível esteja sendo ou tenha sido inviabilizada no Brasil.
Mais, ainda: ele deixa de considerar o fato de que o capital transita na direção onde o lucro é mais elevado. Se o lucro no setor financeiro é mais elevado que no setor produtivo, é inevitável que o capital se desloque em direção ao primeiro, e não ao segundo.
E foi aí se deu a acumulação, como é facilmente perceptível pela leitura dos balanços dos bancos e demais instituições que operam no setor financeiro brasileiro.
Torna-se um bom negócio pegar dinheiro nos EUA ou na Europa, à taxa de pouco mais de 1% a.a., e aplicar na ciranda brasileira, a taxas bem mais generosas.
Nessas condições, pra quê produzir?
Se isso não exerceu nenhuma influência sobre o comportamento do PIB brasileiro, o autor deveria, então, nos dar a honra de conhecer um pouco de sua abalizada opinião sobre o quê, afinal, determinou o tal crescimento medíocre.
O objetivo do meu primeiro comentário não era fazer a crítica à tese do autor do artigo, até porque ele não apresentou nenhuma.
Meu objetivo era criticar o artigo em si, exatamente por não ter apresentado nenhuma tese.
Ou seja, por ter falado e falado... sem nada dizer.
Foi o que eu fiz, afirmando que o artigo é fraquinho, fraquinho...
Aliás, no fim, ele diz que não se deve dar ouvidos ao ministro X, e sim ao ministro Y, sem esclarecer quais as diferenças que existem entre os dois.
Vale dizer, fez uma apreciação negativa sobre o ministro X sem justificar.
Fosse esse o critério do blog...
Caríssimo Anônimo censurado e depois reabilitado.
Vamos continuar a discussão amanhã, poia estou de saída.
Mas a coisa adensou.Legal.
Valeu mais um retorno!
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Mas vou começar a procurar um maneira de submeter certos comentários a um número maior de moderadores, dividindo assim o ônus - e os erros - da solidão.
Pena que aqui não tenho ferramentas para trabalar com a mecânia de um fórum, tipo Linux e outros, onde os próprios comentaristas fazem o, com perdão da expressão, "serviço sujo", moderando negativamente ou não os comments.
A questão é ideológica conforme previamente anunciado. Dizia Descartes que os homens devem ser valorizados mais pelas perguntas que fazem, do que pelas respostas que dão.
Muito bem, aqui se lêm num piscar de olhos as breves linhas do Prof. Mário Ribeiro, de quem esperava um foco mais colimado sobre os descaminhos do PIB brasileiro que considerasse os planos econômicos da Nova República e, muito especialmente, o "milagre" do Real que sustentou a eleição e os governos de FHC e de outros tucanos nos Estados, além das consequências imediatas projetadas sobre o primeiro Governo Lula, tendo por causalidade (ainda que não única) os protocolos assinados com os organismo credores do Brasil.
Enfim, que analisasse por que raios esses planos falharam em promover o desenvolvimento material do Brasil!?
Mas, parece-me, estamos frente a constatação de que o comprometimento dos atores com a jovialidade da história imola no altar do sacrifício a objetividade necessária que a explique. E esse é um risco concreto e inevitável, que se alimenta de duas grandes caudais: a escola econômica e a filiação partidária do Autor, que lhe impede aprofundar nos mares desafiadores da economia política.
Valeram-me, porém, e muito, algumas das sugestões bibliográficas anexadas. São de inquestionável qualidade. Tanto e por virem a calhar, todas foram salvas, e serão de muita valia para outras questões com que trabalho.
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