No blog do Castagna Maia.
A Espanha sabe para onde quer ir.
Consegue construir seu projeto de inserção no mundo. A Espanha financia pesadamente suas empresas para que ingressem no mercado mundial. A privatização de estradas, há pouco ocorrida no Brasil, onde as vencedoras foram as empresas espanholas, demonstra isso. Esses investimentos são descontados dos impostos pagos por aquelas empresas em seu País de origem. E nós, aqui? Não conseguimos aprovar um plano para 2 meses, sequer. Lá na Espanha foi por 20 anos. O que está havendo na negociação da CPMF?
Um Senador quer um cargo para um filho. O outro quer indicar dirigentes de estatais ou fundos de pensão. Até aí não há qualquer interesse público. Há tão somente chantagem sobre o governo federal. E o governo federal é obrigado a ceder a essa chantagem porque precisa aprovar o imposto. Então, a discussão não diz respeito a questões de interesse público, mas aos interesses pessoais de parlamentares.
Em horas mais amargas chego a pensar que a cada 4 ou 8 anos elegemos, tão somente, 513 chantagistas de um lado e 81 do outro, salvo as pouquíssimas exceções.
Não vi UMA proposta de vincular a CPMF a escolas de turno integral.
Não vi UMA proposta de vincular a arrecadação da CPMF à construção de ferrovias no Brasil que barateiem o transporte das mercadorias e o transporte das pessoas.
Não vi UMA proposta de vincular a arrecadação da CPMF à melhora das cidades a partir da construção de trens que permitam o crescimento sem que as populações que moram longe fiquem marginalizadas.
Em Paris, em 15 minutos se chega a subúrbios distantes, de trem. Ali há civilização, há condições de vida.
A discussão da CPMF mostra o ponto a que chegamos: um País sem projetos.
E um bando de aproveitadores querendo seus carguinhos desimportantes.
2 comentários:
Nós, os colonizados, a dificuldade de pensar o próprio país e as generalizações "redentoras"... "Ali há civilização, há condições de vida".
Alguém me explica o que houve com aqueles jovens moradores dos subúrbios de Paris, meses atrás e agora recentemente, para saírem enfurecidos quebrando e tocando fogo em tudo que vissem pela frente, levando ao pânico a Cidade Luz?
São migrantes pobres, residentes na periferia de Paris, sem estudo, sem trabalho, sem perspectiva de vida que lhe garantam ao menos usar o metro e ver a Torre Eiffel, quinze minutos depois.
Por que ao invés de nos debatermos contra a CPMF, não aproveitamos para "brigar" por uma política tributária mais moderna, justa e distributiva, que permita contemplar a escola integral - que aliás, parece-me, é uma condicionalidade para as prefeituras que aderem ao Programa Bolsa Família?
Se eu estou errado, quem sabe é porque eu moro na Av. Foch em Paris e sonho que nesse momento eu escrevo sobre o Brasil...
Na realidade, o que eu sei mesmo é que esse país precisa de um projeto de desenvolvimento, que reduza as diferenças regionais, considere a complexidade das regiões metropolitanas, realize as vocações regionais para produção, etc, e que seja fundamentado em um novo pacto federativo.
Esse é o tamanho do desafio que está muito acima da CPMF.
Mas, isto, não deve ser projeto do governo de A, B, C ou Y. Deve ser projeto de Estado, porque é assim que países se tornam verdadeiramente grandes. Quando nós começarmos a reclamar por essa ótica, aí sim começaremos a andar para frente.
Boa noite, Juvêncio.
“Ali há civilização, há condições de vida”.
Lembrei-me de Cortázar. Ele tem um conto(acha que falta teoria para o conto), sobre “o que é civilização?”. Civilização é o engarrafamento numa estrada que vai a Paris e milhares de pessoas ficam presas e, aos poucos, estabelecem relações de amizade, comércio, antagonismo, amor. Quando o engarrafamento começa a acabar, o rearranjo da ordem dos carros faz com que as relações dessa micro-sociedade também de rearranjem, até que os carros aceleram, acabando com os amores, as amizades, os antagonismos, o comércio.
A Espanha sabe para onde quer ir. Sabe também de onde veio. Tem história. Tem seus criminosos. Conhece muito bem a ferramenta “propaganda em massa”; o comunismo, nazismo, franquistas, fascistas, e tantos istas e mortos. Que o diga Pablo Picasso e sua Guernica.
Precisamos de trens, de história e de “votos” !
Beijos.
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