27.12.07

Moral no Lixo

A entrevista do pesquisador ( UFF) José Murilo de Carvalho na Veja desta semana está dando o que falar. Um petisco segue abaixo, tirada do blog do Ancelmo Goes.

"Opinião pública não elege mais presidente. A reação contra a corrupção é algo muito específico da classe média, de gente que paga imposto e não vê nada sendo retribuído. Do ponto de vista de quem está recebendo o Bolsa Família, a questão da moralidade política vem em segundo lugar. Para quem vive em um mundo de necessidades, moralidade é luxo."

9 comentários:

Anônimo disse...

Esse é o pensamento do nosso ilustre presidente, por este motivo é que não está nem aí para a classe média e sim unicamente disposto a ganhar votos através da bolsa família, aumentando cada vez mas a idade dos benefiaciados, a quantidade, não cobrando nada em troca, para garantir que estas pessoas possam sair do programa e andar com as próprias pernas.
Conheço pessoas autônomas, como eletricista, bombeiros, marceneiros, que hoje só começam a trabalhar quando o dindim da bolsa acaba, em quanto tem ficam de pernas para o ar. E a classe mádia trabalhando.

Anônimo disse...

Governar para os pobres, sim, mas não só para os pobres.Afinal, são todos cidadãos brasileiros.

Anônimo disse...

Cara Ana Paula esta lenga lenga de que o Governo nao faz nada pela classe média e que os pobres se "escoram" no Bolsa Família é o fim da picada. Basta dar uma lida no editorial da The Economist citado pelo o glogo (http://oglobo.globo.com/economia/mat/2007/08/17/297308337.asp) pra ver que o debate é outro. Sinceramente, eu acho que a "velha" classe média (que acho que voce faz parte) nao se sente confortável em ver o pessoal comprando o seu dvd, moto e outros produtos. A classe média que voce se refire talvez seja muito mais um conceito relativo - % the pessoas abaixo de vc - que um numero absoluto - numero de pessoas com acesso a determinado bens de consumo duráveis.

Anônimo disse...

O bolsa-família é um "violino na sombra"(Guilherme Figueiredo).

Anônimo disse...

Bom dia, querido:

cheguei com muito atraso neste post e há anos, por questão de fé...he..he..he.. não leio VEJA, ÉPOCA e nenhuma revista semanal, à exceção, eventualmente, da Carta Capital, porque o Mino sempre declara de que lado está e aí a gente sabe de que ponto o editor parte e pode ou não discordar dele, mas o jogo é quase limpo.

Portanto, não li a entrevista do professor José Murilo. Mas, se o post do Ancelmo Góes está correto -quer dizer, se não houve "interpretação" do Ancelmo Góes - ainda assim penso que expressa apenas parte do pensamento do historiador, que afirmou recentemente em outra entrevista que o que precisa mudar é a concepção entre dinheiro público e dinheiro privado.

A questão não é quem é imoral ou não, ou quem considera moral luxo ou lixo. Aliás, parece que é a classe média que aplica esse conceito de moral secundária com muito mais ênfase. É na classe média que as pessoas se endividam no cartao de crédito, no cheque especial, muitas vezes para ostentar o que não pode. E, no geral, não pagam.

Entre os pobres, essa faceta da moralidade - ser honesto - é prioritária. Prova disso é a Casa Bahia, a Yamada, etc. e tal. Ou o fantástico banco dos pobres, na Índia. A inadimplência é irrelevante.

Voltando à questão central: a "opinião pública" nunca elegeu p... nenhuma. Os exemplos estão aí: Collor, Maluf, Barbalho. Nós, os do andar de cima, como chama Élio Gaspari, temos a ilusão de determinar a história...rsrsrs...

O que está errado é o padrão de moralidade vigente. Os pobres não têm culpa neste cartório apenas porque votam nos parlamentares que têm a chance de conhecer. A tal "opinião pública" restringe para si e para os seus meios de comunicação a sua "sabedoria".

Quanto ao Bolsa Família, ele é uma almofada que sufoca a noçao de direito, travestindo-o em beneplácito dos poderes. Mas disto a história já deu conta outras vezes e vai dar conta novamente.

Beijão, querido, extensivo à Marise e aos filhos.

Que 2008 nos seja leve!

Anônimo disse...

Querido Juvêncio, embora seja teu leitor assíduo não costumo comentar as postagens. Todavia, diante dos comentários feitos sobre o Bolsa Família, não resisto à tentação de sugerir a leitura dos cadernos de estudos Desenvolvimento Social em Debate, que tratam dos efeitos positivos que o referido Programa promoveu no "andar de baixo" (Gaspari de novo). Há muita desinformação, sobretudo entre a classe média (que o chama de "esmola") quanto à seriedade e cientificidade da proposta que hoje é referência mundial entre projetos de distribuição de renda (UNESCO) e exemplo para inúmeros países de primeiro e de segundo mundos.
Além disso, pouca gente sabe que o programa é monitorado e avaliado permanentemente por universidades e centros de investigação científica (USP, PUC-SP, UFMG, ESALQ, DATAUFF, e vários outros) quanto à sua eficácia no que tange às políticas de inclusão. Em relação ao fato de estarem “aumentando cada vez mais a idade dos benefiaciados [sic]”, isto deve-se ao fato do programa ser um valioso estimulador da permanência de crianças e adolescentes na escola, evitando que os pais, como acontece na Ilha do Marajó, tenham de usar ou “vender” suas adolescentes (como a “L” de Abaetetuba) para aumentar o orçamento doméstico.
Sugiro também, que os críticos do programa conversem com os beneficiários para, quem sabe, entenderem que a importância do programa está para muito além dos votos dos excluídos. Talvez assim desistam de achar que fome na barriga dos outros é dieta.
Alberto Damasceno.

PS. Um 2008 duca pra você!

Anônimo disse...

Juca querido,

completando o comentário do professor Damasceno, é sempre bom alimentar o bom debate.

Não sou "refratária" aos programas sociais deste governo, como não era aos do governo FHC .

Tenho lido o máximo que consigo sobre programas de transferência de renda no Brasil e em países latinoamericanos. Se temo pela sua eficiência, quando descolados de mudanças macro-econômicas, etc. e tal. é porque desejo que sejam eficazes, sem anular consciências.

Gosto dos textos do Ricardo Henriques (
http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/livros/desigualdadepobrezabrasil/introducao.pdf) e do professor Simon Schwartzman (http://www.desenvolvimentosocial.sp.gov.br/usr/File/2006/imprensa/Simon%20Schwartzman_2006.pdf)

Há outros que apenas elogiam a tal política social, assim como os que apenas a criticam.

Não compactuo com quem considera que fome na barriga dos outros é refresco, mas também não me satisfaz ver que muitos beneficiários dos programas sociais confundem seu direito ao trabalho, à renda, à educação pública, gratuita e de boa qualidade, ao lazer, ao transporte e à cultura com beneplácito dos governantes.

Beijão, Juca querido.

Abraço, Professor Damasceno.

Unknown disse...

Professor Damasceno.

Com as desculpas pela demora e responder seu carinhoso comentário, quero deixar registrado que sou plenamente favorável ao programa.
Quero registrar também que a celeuma em torno do Bolsa Família, orquestrada pelo que há de mais nefasto na história recente da república depois de José Sarney - FHC - só referenda a importancia e garante a existencia do programa.
E desejo um ótimo 2008 prá vc, Lucas, Helo, as crianças e o netão.
Abs

Francisco Rocha Junior disse...

Da série "perguntar não ofende": por que o governo federal, em lugar de gastar os tubos em propaganda ineficiente ou desvirtuada, não nos ensina, a nós, classe média, que o programa bolsa-família é o que há de bom nesse país? Para que ficar guardando as informações e jogar na cara da opinião pública sua ignorância, quando se questiona a validade dos programas sociais do governo Lula?
Eu já disse várias vezes, inclusive aqui, que o verdadeiro "fome zero" é o bolsa-família e que a classe média não pode se queixar da distribuição de renda que é permitida por tal programa. Mas parece que o governo não quer esclarecer ninguém sobre isso. Pergunto-me: oh Senhor, por quê???