Leitor do blog, em provocação feita no post Agencias 13, encaminha várias perguntas - e afirmações- sobre o futuro da conta do governo do Pará, a maior do mercado paroara.
Vamos a elas.
1. Como o mercado paraense, com as mais respeitadas e permiadas agências (no Pará, são cinco Hot Tops, a maior concentração fora do eixo Rio-São Paulo), vai aceitar que uma agenciazinha de Fortaleza, que faz um trabalho precário por lá, venha se instalar aqui e comer um pedaço da verba que gera impostos em nosso estado?
Prá começo de conversa, alguma coisa, evidentemente, está errada com esta classificação do Hot Tops. O tamanho e o perfil do mercado publicitário paraense não corresponde a uma honrosa 3a colocação, descontadas as praças do Rio e São Paulo.
Mas não é só o mercado, não.
As escolas de formação de profissionais também estão em desacordo com a anabolizada classificação. São poucas, recentes, e com notórias dificuldades nos quadros docentes, laboratórios e agencias modelos.
Acompanho, com regularidade, as semanas de comunicação, as exposições de trabalhos, ministro cursos e seminários, e posso afirmar, sem medo de errar, que a coisa não tá Hot Top.
Longe disso, em que pesem os esforços de professores e instituições para melhorar o quadro.
A discussão desse tema é cotidiana em minha casa, pois a companheira deste poster já coordenou o curso de comunicação da UNAMA, e agora faz o mesmo nos cursos de Propaganda e Jornalismo na FAP.
Minhas tres filhas estudam comunicação, duas na Metodista de São Bernardo, em Sampa, e uma na própria FAP, aqui em Nova Déli.
Mas, ainda que admitissemos como correta a classificação da About, cabe lembrar que a conta do governo do Pará, pela sua natureza institucional, foge aos critérios de classificação do mercado de varejo.
Não creio, sinceramente, que uma agencia que não disponha de profissionais que entendam de Estado - aqui a categoria política - possa realizar um trabalho Hot Top no atendimento à uma conta desta natureza.
Com todo o respeito às demais - que podem, sim, se preparar rápidamente - reconheço esse tipo de competencia em tres agencias paroaras:
Griffo,Vanguarda e Galvão.
A primeira pela sua longa experiencia no setor, e no que agregou de conhecimento nesse período, para desespero do Sobrancelhudo - quem primeiro reconheceu os créditos ao bem sucedido trabalho da agencia - e as duas últimas pelo conhecimento e militancia de seus sócios, na política, e nas leituras sobre a politica.
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Não conheço o trabalho que a agencia alencarina realizou por lá, mas a tentativa de sua exclusão prévia do processo por suas dimensões e pelo fato de não ser do Pará, francamente, é duplamente equivocada, pela que exorta à concentração , e pela xenofobia.
2. Por que Ana Júlia repetiria a asneira de ter cinco agências atendendo uma conta se é mais fácil gerenciar, administrar, comprar mídia e controlá-la com apenas duas ou três agências? Aliás, cinco agências com os tucanos era pro forma, porque todo mundo sabe de quem era a parte do leão
Não há asneira nehuma em dividir a conta em várias agencias.
Ganha o mercado, pela desconcentração, e ganha o cliente, pela possibilidade de estabelecer padrões de concorrencia de qualidade entre elas.
Competição, meu caro, neste mercado, é a alma do negócio.
Quanto a parte do leão, que não é de Cannes, mas foi da Griffo nos tres governos tucanos, e de resto uma tradição do mercado brasileiro da comunicação política, explica-se pelo atendimento - aí sim - à parte do leão do cliente: a famosa Casa Civil, ou o Gabinete do Governador(a).
Acho ainda que, independente do número de agencias, uma deverá ser o "peão", a negociadora de preços e condições de mídia no mercado, e não seria nada mal se houvesse um rodízio na função, durante os quatro anos de governo.
3. Por que ainda surgem, aqui e ali, cínicos que discutem a "lisura" de um processo licitatório que, em todo lugar, sempre premia, com justeza, empresas cuja fidelidade com o governo já está provada? Não foi assim durante os 12 anos de PSDB e durante os 8 anos de PMDB. Por que seria diferente agora, com o PT?
Não há cinismo nenhum em discutir lisura em qualquer processo licitatório.
Cabe lembrar que o próprio mercado publicitário brasileiro já discute o assunto desde o governo Collor, e por causa dele, no sentido de encontrar critérios de seleção que atendam a legislação sem ferir o cuore da naturteza deste serviço: a criatividade e a inventiva.
O menor preço não pode ser, como não é, o critério de qualificação no mundo da criação publicitária.
Quanto vale uma boa idéia?
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É bom lembrar que, no primeiro governo do PMDB, a Galvão foi a única agencia que atendeu o cliente, sem licitação, e com a costumeira competencia.
Na gestão Hélio "hic" Gueiros houve uma pré-qualificação, critério mantido no primeiro governo
tucano, que, aliás, manteve duas agencias do governo anterior: a própria Galvão, e a FAX, numa clara demonstração que, mesmo em outro esquema político, o profissionalismo pode garantir um bom atendimento.
4. Embora eu não saiba, vislumbro três agências atendendo essa conta, com o PT indicando duas (Double M e Vanguarda) e o PMDB uma, desde que essa uma seja paraense (CA, Norte, Fax, DC3, Usina, Galvão, Ùnica ou sei lá mais o que). Afinal, não será o Jader ou o Priante que vão tomar a iniciativa de macular o mercado local com o lodo de outro lugar. Basta o nosso próprio lodo papachibé.
Bem, essa história do partido A indicar tantas, e o B indicar outras tantas, é uma tentativa de subordinação de uma importante função da comunicação pública, aos sabores e pressões de partidos. Quem deve definir a quantidade de agencias e os critérios de seleção é a Governadoria, amigo, e fim de papo.
É ela quem vai arcar com os bônus e ônus da escolha.
Nobody else
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Prá encerrar, duas palavrinhas sobre a Mendes Publicidade, fora do mercado de comunicação política desde o governo Coutinho Jorge na prefeitura de Nova Déli, e, portanto, uma a menos no Hot Top da política : é dela a conta melhor atendida no mercado paroara nos últimos trinta anos, e até hoje. A UNAMA.
O dr. Oswaldo é internacional, literalmente.
4 comentários:
Meu caro Juca.
Boa análise do leitor e pertinentes comentários desse poster.
Talvez, não por vaidade, seja um dos únicos do mercado da publicidade que já esteve nos 'três lados' do balcão. Por isso, me atrevo a tecer alguns comentários.
Quando comandei a coordenadoria de comunicação do governo Coutinho Jorge, distribui a verba publicitária entre as agências pré-qualificadas, de acordo com a demanda. A Mendes e a Mercúrio ficaram com a maior fatia da conta até a metade da administração. Do meio pro final a Galvão fez atendimentos e por último, a Ivo Amaral Publicidade também teve oportunidade.Pois bem, eram 4 agências para um orçamento anual de U$ 500 mil.
Mas quero fazer uma revelação nessa oportunidade. A discriminação dos serviços licitados pela prefeitura de Belém era muito genérica, abrigada na rubrica 'publicidade'. Infelizmente, esse 'guarda-chuva' persiste até hoje, salvo engano. Mas, no decorrer da administração nos deparamos com uma demanda que não era exclusiva da publicidade, tais como edição de livros, serviços especializados de assessoria de imprensa, relatórios e mensagens ao poder legislativo.
Foi aí que surgiu - e pouca gente deve se lembrar desse detalhe - a atuação da Griffo, ainda bem recente, nesse mercado. Fizemos vários trabalhos com o Orly e o Natsuo sem ferir a legislação.
Faço essa menção para dizer que, na minha modesta opinião, um dos gargalos na escolha das agências que vão atender as contas de um governo - não importa o nível - é justamente o 'guarda-chuva' da genelarização do termo 'publicidade'. Falou em propaganda, é com a agência. Falou em impressos, é com a agência, falou em camisetas, é com a agência, falou em pesquisa, é com a agência, falou em terceirizar serviços de assessoria de imprensa, é com a agência.
Não tenho a fórmula mágica para resolver esse impasse, mas pequenas, médias e grandes agências poderiam trabalhar com os governos, de acordo as especificações do serviço. Hoje, já há birôs de mídia, que cuidam só de agenciamento; há também empresas especializadas em produção de áudio e vídeo, que poderiam produzir as peças para o cliente(governo), sob supervisão da agência e não apenas como sub-contratada.
Quando afirmei no início que estive nos três lados do balcão, vou relatar minha segunda experiência nesse mercado. Em 1994, após me afastar da assessoria parlamentar que prestava ao senador Coutinho Jorge, junto com o Paulo Roberto e o Nélio Palheta, fundei a agência Ver-a-Mídia. Minha experiência com o governo foi traumática. Mesmo pequena, nossa agência passou a ser requisitada para fazer ‘house organs’, editorar livros e elaborar cartazes de alguns setores e projetos governamentais. Tão logo fomos 'notados', as portas se fecharam para nós sob a alegação que esse serviço só poderia ser prestado por agência pré-qualificada. Não me lembro bem quais eram as agências, mas o 'guarda-chuva' da rubrica 'publicidade em geral' nos fechou as portas.
Por último, estando hoje como diretor de jornal e tendo contratos com os mais diferentes níveis de governos, ressalto que, para os veículos, pouco importa quais agências vão ficar com a conta do governo. Basta que as agências atuem com profissionalismo e os veículos não terão do que se queixar.
Por último, por dever de consciência, reconheço publicamente que a Griffo, embora alguns não queiram fazer o mesmo, foi quem realmente democratizou a distribuição da verba de publicidade do governo estadual entre centenas de veículos de comunicação do interior do estado.
Se na capital do estado a distribuição da verba foi justa ou não, cabe ao cliente(governo) as explicações devidas.
Miguel Oliveira
Diretor de O Estado do Tapajós
Caro Juvêncio,
Vou meter minha colher nessa rabada:
Corretíssima sua defesa de divisão da conta do governo em várias agências. Aliás, a sua posição coincide com uma proposta para o segundo governo Lula, digamos assim, institucional, prevendo a democratização dos meios de comunicação, cujo texto foi discretamente publicado na página da campanha do então candidato na Internet, prometendo “equilíbrio e proporção” na contratação de agências; e medidas “vigorosas” para regulamentar e descentralizar a mídia.
Essa coisa de limitar a contratação a três agências – de preferência àquelas que esturricaram o estômago na campanha – pode levar também a outros defenderem a “tese” de que licitação para verba publicitária de governo é bobagem, e que, portanto, deveria ser abolida.
Pluralizar as contas oficiais é a forma mais eficiente para a comunicação do governo se tornar eficiente.
Ademais, a publicidade é necessária e não há mal nenhum que seja feita com dinheiro público, desde que para atender, de fato, o interesse público, a campanhas de fato públicas. Só é preciso recuperar o verdadeiro sentido da publicidade, que não pode ser confundida nem com propaganda de governos, nem com caixa dois de partidos , nem com moeda de compra de aliados.
Bota pimenta na bicha, irmão.
Hiroshi Bogéa
Juca,
É verdade que os restaurantes da Estação das Docas irão ser substituídos por restaurantes populares?
É tanta coisa que falam por aí que não sei é pura "sensação" ou verdade.
Obrigado ao Miguel a ao Hiroshi pelos comentarios.
Luana, é conversa fiada.Ou voce acha que os vermelhos não gostam de tomar uma gelada no Amazon Beer...eheh
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