Os defensores de Bira Rodrigues acusam a atual administração da universidade - denunciada pelo MPF por corrupção - de ter contratado mais de 700 funcionários menos de um ano antes das eleições, lotando-os principalmente no interior do estado. Eles votaram.
Em adição, apontam a presença de funcionários de prestadoras e prefeituras do interior no colégio eleitoral.
Os partidários de Bira comemoram sua vitória na capital mas revoltam-se contra a vitória de Gusmão no interior. Decerto classificam esta parcela do eleitorado como de segunda classe, tanto que relacionam a efetividade do cargo com a maior liberdade de expressão do voto.
Que argumento usariam se tivesse ocorrido o contrário? Qual a diferença entre as atividades desenvolvidas por um funcionário, no mesmo posto de trabalho, na capital e no interior?
Por que a comunidade da capital é "verdadeiramente" acadêmica e a do interior não é?
O Regimento Eleitoral aprovado em setembro pelo Conselho Universitário é claríssimo neste particular. Todo e qualquer funcionário, admitido sob qualquer regime pelo menos seis meses amtes das eleições, teria direito ao voto, na capital ou no interior.
Não cabe, portanto, a não ser em tese, discutir a participação deste contingente no pleito. E teses são discutidas antes, para formatar uma eleição, e depois, para avaliá-las. Mas não para pô-las em dúvida e tensionar o resultado. Tem que valer o que está escrito.
Quanto aos funcionários das prefeituras, qualquer néscio sabe que poucos ou nenhum campus da UEPA poderia funcionar sem a cessão de servidores municipais.
Mas não há néscios nesta parada. Prova-o a tentativa solerte de descredenciar este contingente eleitoral, desclassificando-o e afirmando que foram contratados menos de um ano antes das eleições, embora mais de seis meses antes do pleito, como consagrou o Regimento.
Feio, né?
6 comentários:
Prezado Juvêncio,
É complicado alimentar um debate onde o mediador “sugere” através de seus comentários já ter uma posição definida e os demais participantes tem o recurso do anonimato para emitir suas opiniões sem compromisso.
Nosso grupo (pois sempre buscamos nos posicionar assim), nunca foi e nem será contra o funcionário temporário, somos sim, contrários à condição de insegurança trabalhista a que são submetidos e por conta disso sujeitos às pressões diversas , o que influencia sim a liberdade do voto. Parece eleição de prefeitura do interior, onde o cabresto ainda impera. Certa vez, em relação a este assunto, ouvi de um analista político a consideração de “quanto mais ao Norte, isto é mais verdade” e estou me convencendo disto.
Quanto ao Regimento Eleitoral, seriam muitas as considerações a serem feitas, entretanto me remeto a outra regra comum no Brasil, onde as “leis são feitas para privilegiar aqueles que às fazem”.
Neste processo todo, onde me empenhei mostrando sempre a cara, tive momentos de frustração e alegria. A frustração veio da idéia de imaginar que haveria uma eleição diferente, onde o debate de idéias seria decisivo para o posicionamento de uma comunidade intelectualmente diferenciada, mas aprendi que os mesmos fatores que definem qualquer eleição geral acabam valendo para a Universidade. Realmente, uma reforma política que atinja todos os níveis de poder é urgente para pensarmos em mudar algo neste país.
Por outro lado, fico contente ao ver que finalmente iniciasse um processo de discussão política na UEPA, com grupos e pessoas se posicionando, o que representa amadurecimento de uma instituição que como universidade apenas engatinha. Soma-se o fato de que a sociedade começa nos dar mais atenção.
Espero e acredito que qualquer que seja a decisão da governadora (torço por nós é claro) a UEPA não será mais a mesma, o novo Reitor necessariamente precisará democratizar a gestão ouvindo os diferentes seguimentos da comunidade acadêmica.
Att. Prof. Manoel Maximiano
Manoel, obrigado por seu retorno, e desculpe minha ausencia de casa na hora em que vc ligou.
Quanto a minha disposição em encerrar o debate, creio que não me expresei bem. O que nção desejo é passar a (falsa) idéia de perseguição ou campanha a quem quer que seja. É claro que o debate continua aberto a quem desejar, e só me manifestarei se aparecerem novos fatos ou argumentos. Acho que aparecerão.
O blog, por princípio e em nome deles, aceita comentários anônimos, embora quem se identifica leva a dianteira, pois assume abertamente suas preferências, o que acho particularmente louvável.
Quanto ao fato do poster ter suas posições, entendo que isto faz parte. Tenho sim minhas posições, e assumo-as assinado, como vc faz com as suas, com todos os méritos.
Estou inteiramente de acordo com a expectativa de seu último parágrafo. Espero que a UEPA saia deste processo com a lição na ponta da língua, e liquide com essa história de lista tríplice.
Nada obsta quanto a que, na condição de proprietário do blog, o Juvêncio tenha opinião formada e até preferências pessoais (que ele, aliás, já declarou não ter).
Nem poderia ser diferente. A menos que se defenda, aqui, a absurda tese que o debate só é válido quando os debatedores não têm opinião formada sobre o objeto do debate.
Ora, o debate só se estabelece, de fato, exatamente quando ocorre o confronto de opiniões divergentes. É necessário que exista opinião formada para que haja debate.
O problema da tese que o Juvêncio sustenta, é que essa tese argüi com o regulamento da eleição, quando se trata de defender a qualificação do voto, mas rejeita o mesmo regulamento, no que se refere à horizontalidade da lista tríplice.
Até mesmo para manter coerência com a citação que o próprio Juvêncio fez em outra lista, convenhamos: ou o regulamento serve para todo o processo ou não serve para nada.
Não parece razoável admitir que o regulamento seja válido para a qualificação do voto, mas não para a horizontalidade da lista. Assim como não seria razoável o inverso. Ambos -- qualificação do voto e horizontalidade da lista -- são predicados do mesmo regulamento.
É correto, é mais justo, extingüir com a horizontalidade da lista? É. Aliás, isto implicaria extingüir com a própria lista. O vencedor do pleito seria nomeado sem discussão.
Sendo assim, que se faça então, mas... antes das eleições, por favor.
Uma vez tomada essa providência, é certo que as eleições terão outro perfil.
Nos termos atuais, a estratégia eleitoral se dá no sentido de conquistar um lugar na lista tríplice. Extinta a lista tríplice, a estratégia eleitoral seria absolutamente outra.
Do mesmo modo que as estratégias eleitorais para cargos executivos, nas eleições em 2 turnos, são completamente diferentes do que já foram, quando as eleições eram decididas em turno único.
Imaginem se, concluída a apuração do primeiro turno das eleições para prefeito, agora em 2008, sem que nenhum candidato alcançasse a maioria absoluta dos votos válidos, aparecesse alguém defendendo o empossamento do 1º colocado, sem a realização do 2º turno...
Na atual configuração do regulamento da eleição para reitor da UEPA, a escolha com base na lista tríplice é um momento e um espaço de disputa.
Momento e espaço legítimos, porque pactuados e aceitos, prévia e publicamente, por todos os atores envolvidos.
Ótimo comentário, que qualifica o debate. Acescento, apenas, que ao considerar qualquer decisão da governadora como legal está aí embutida a horizontalidade, neste sentido,e tão somente neste, da legalidade de qualquer dos tres nomes. Inclusive o de Ana Claudia, que convicta da verticalidade, sumiu do mapa.
Muito bem, fechamos na questão da horizontalidade.
E o resto?
E as falas da governadora, em 1996sobre os mesmos critérios, como ficariam sob seu ponto de vista?
Teriam sido horizontais?
Sabem todos que possuem vivência em política universitária, e parece que todos aqui temos, que a lista tríplice, históricamente, serviu de área de escape para as manobras políticas se efetivassem, dando um ar de legitimidade ao que era, apenas, legal.
Em alguns momentos, como na eleição do reitor Seixas Lourenço, em 85, a lista era sextupla.
Convido então o percuciente anônimo a se dirigir ao ponto onde abcissas e ordenadas se encontram. A origem. O lugar onde horizontalidade e verticalidade tem e representam a mesma grandeza.
Quem está lá?
Silvio Gusmão. E só ele.
Horizontal e vertical.
Atende-se, de forma absoluta, o regimento, e as exigências da horizontalidade e da verticalidade.
O legal e o legítimo. A interseção.
Seguimos debatendo, e muito obrigado por sua contribuição.
Juvêncio,
Só pra provocar: lembre que abcissas e ordenadas concretizam a lógica cartesiana.
Para o plano cartesiano funcionar, é necessário abstrair uma parte da realidade: "que tudo o mais permaneça constante (coeteris paribus)", certo?
No caso, pra você levar o problema para a origem (o "zero", onde se dá a intersecção de ordenadas e abcissas), do quê você necessita?
Necessita abstrair a parte do regulamento que estabelece a horizontalidade da lista, certo?
É exatamente disso que estou falando. Da abstração de uma parcela importante da realidade, que existe independentemente da nossa vontade.
Se esse "zero" houvesse sido pactuado antes do pleito, a história seria outra...
Seria... mas não é, porque a tal pactuação não existiu nesses termos. A pactuação realizada admitiu a horizontalidade da lista.
Conclusão: o ponto de surgimento da curva não ocorre na origem do plano cartesiano.
Aliás, é bom não confundir o plano cartesiano com a curva que é plotada no plano. Nem toda curva plotada no plano cartesiano tem sua origem no "zero"...
Ou não?
Ahahaha...boa essa.
Estou na horizontal...rs
Pena que eu não estudei tanta Matemática quanto vc, e vc sabe portugues mais do que eu.
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