12.1.08

Lobos Bobos

Conheci o Maranhão em janeiro de 1977 em parte graças ao jornalista paraense Walter Rodrigues, titular do Blogue do Colunão. Então casado com minha irmã mais velha, e pai de meu único sobrinho, hoje advogado do Ministério da Justiça, foi Walter quem iniciou este poster nos meandros da política do vizinho estado.
Na época, WR era correspondente do Estadão e militava na cena política local.
Trata-se de um dos cabras mais inteligentes e cultos que conheci, qualidades que só lapidam com o tempo. Passavamos muitas horas conversando entre a biblioteca e o quintal de sua aprazível casa, num conjunto residencial do outro lado da represa do Bacanga. Não raro com mais de uma garrafa de rum a nos acompanhar.
Não vejo WR desde 1992, quando fui a um encontro de extensão universitária em São Luis. Há poucos meses passei a visitá-lo em seu blogue, e ele ao meu.
É de lá que reproduzo mais um post, que saúda, por assim dizer, a posse do senador Edson Lobão Filho, do PMDB, em face da posse do pai, o titular do mandato, no Ministério das Minas e Energia. Desde aqueles tempos, o filho leva o curioso apelido de Edinho 30, que decerto não insinua nenhum percentual.
O nariz de cera é de WR, e depois segue matéria, da Veja desta semana que acaba de chegar nas bancas.


Edison Lobão Filho, o Edinho, sócio-proprietário do Sistema Difusora de Comunicação, ainda nem assumiu o mandato de senador do pai — escolhido para o Ministério das Minas e Energia pelo PMDB de Sarney — e já começa a ser apresentado à sociedade nacional.
Em Veja, sob o título “Dança com lobos”, saiu assim:

Dizem que os lobos enxergam coisas que escapam ao olhar dos seres humanos.
O senador Edison Lobão, do PMDB do Maranhão, já tingiu os cabelos e comprou ternos novos para sua posse no Ministério de Minas e Energia. Edison Lobão Filho, suplente do senador, também reforçou o guarda-roupa para assumir a cadeira do pai em Brasília.
Lobão pai está na política há trinta anos, nunca se envolveu em escândalos e escolheu sempre estar alinhado com os governos, sejam quais forem. Lobão Filho é um estreante. É experiente e astuto como o pai, mas suas habilidades mais conhecidas, por enquanto, concentram-se no mundo dos negócios. Nesse campo ele, sem dúvida, enxerga longe.
Em 1999, antes de se candidatar à suplência do pai, Lobão Filho foi advertido de que não era recomendável migrar para o mundo político com dívidas milionárias em bancos públicos e impostos atrasados. Dono de uma distribuidora de bebidas, ele resolveu o problema transferindo suas cotas na empresa para outra pessoa – mais precisamente, para uma empregada doméstica, que só descobriu que tinha se transformado em empresária endividada e sonegadora de impostos quando a polícia e a Receita Federal bateram à sua porta.
Para fugir das dívidas e limpar o nome, o futuro senador lobinho usou a doméstica como laranja.Há dois anos, Maria Lúcia Martins, a doméstica, tomou um susto quando foi intimada a prestar esclarecimentos sobre sua vida empresarial. Só a bancos, a empresa dela devia 5,5 milhões de reais. Ela se viu confrontada com extratos de suas contas que revelavam uma intensa e milionária movimentação bancária. Tudo em seu nome. Suas declarações de renda também confirmavam que, embora endividada, ela era uma empresária atuante.
"Fiquei muito assustada, moço", disse a VEJA Maria Lúcia, uma cearense de 40 anos, que trabalha em São Luís, no Maranhão. "Só depois é que fui entender que o negócio não era comigo."
Não era mesmo. Maria Lúcia ganha 380 reais por mês, não tem conta bancária e nunca declarou imposto de renda.
As investigações feitas pela Receita mostraram que ela foi usada para ocultar uma série de transações irregulares feitas pelos verdadeiros donos da empresa, entre eles o futuro senador Edison Lobão Filho – que desde então é investigado por sonegação fiscal, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e estelionato.
A Polícia Federal descobriu que as contas bancárias em nome da doméstica foram abertas e movimentadas por meio de procurações falsas. Maria Lúcia é analfabeta funcional e mal sabe desenhar o próprio nome.
A trama começou a ser desvendada quando a Receita descobriu que um dos donos da Bemar, a distribuidora de bebidas que apareceu em nome da doméstica, era sua patroa, Maria Luiza de Almeida, cujo ex-marido, Marco Antonio Costa, é amigo de Lobão Filho. Nem a patroa nem a empregada sabiam da maracutaia. A transferência das cotas de Lobão Filho para Maria Lúcia foi feita às escondidas, usando as tais procurações forjadas.
Exames grafotécnicos feitos pela PF, porém, já identificaram ao menos uma pessoa que assinou os documentos se passando pela empregada. O suspeito é Neuton Barjona Lobão, tio de Lobão Filho e irmão do futuro ministro Lobão. Das mãos do tio Lobão saíram, inclusive, as assinaturas falsificadas de cheques da doméstica.
Procurado por Veja, o futuro senador admitiu tranqüilamente o ardil. Mostrou-se até arrependido por ter usado a doméstica para se esconder da Receita e da Polícia Federal. “Se eu pudesse voltar atrás, diria para não botar minha participação por meio de laranjas”, diz.
Lobão explica, porém, que a decisão de transferir as cotas da empresa não foi um ato de malandragem. Foi para continuar com pele de cordeiro. A Bemar pegou um empréstimo no Banco do Nordeste, segundo ele, para fazer caixa.
Os negócios, porém, não foram bem e a dívida com o banco cresceu assustadoramente. Para se ver livre das cobranças e evitar futuros problemas políticos, ele decidiu, juntamente com um sócio, transferir as cotas da empresa para uma terceira pessoa. "Não posso ser responsabilizado por essa dívida porque nem usufruí o dinheiro", diz Lobão Filho, numa lógica moral torta, que pode ajudar a compreender seu sucesso como empresário. Rico, sua mais recente aquisição foi um helicóptero. “Comprei para ajudar na campanha da minha mãe”, justifica.
A mãe de Lobão Filho, Nice Lobão – esposa do futuro ministro Edison Lobão – elegeu-se deputada federal. Eles enxergam longe.

4 comentários:

Anônimo disse...

cARO jUVÊNCIO:
Conhecio Edson Lobão, num comício em Serra Pelada garimpando votos dos maranhenses que la buscavam ouro. Lembro que na época, fiquei estarrecido com a figura. De pouca cultura, demonstrava ser um político de currais. Não encontro no atual Senador nenhum predicado para ser Ministro de Minas e Enérgia. Somente a barganha política que o Lula aceita, com o beneplático dos éticos petistas, explica tal aberração. Enfim, eles se merecem. Triste fica o Brasil.

Anônimo disse...

No Estado que detem um dos maiores indices de pobreza, exibe-se esta versao tosca tupiniquim de " Danca com Lobos" , patrocinio incultural(fora-da-)Lei Sarney, amigo do Para, Argh !!

Anônimo disse...

Juca, fui no colunão como me recomendastes...

...ele resumiu as FARCs, como deve ser num blog (daria livros e mais livros).

Já que tu és "parente e amigo" dele rsrsrs, diz pra ele mudar (pensar pelo menos) em exigir telefone, obrigatoriamente, para comentar lá: PÔ, EU NUM QUERO QUE ELE ME LIGUE! (pelo menos enquanto não virar meu amigo de infância rsrs)

Sabes da minha (in)honrosa briga contra os anônimos, mas, assim já é demais! rsrsrs

Se fosse CPF deixava, se fosse título de eleitor, mas... telefone é fueda!

Ps.: Tá, podia ir lá e inventar, mas não faz meu estilo!

Ps. do Ps.: Tá, cada um faz do seu blog o que quer... rsrsrs

Unknown disse...

Bacana o Colunão né?

Agora Lafa, seu sacana, segura aí:

1. O WRE é um jornalista profissional há quase 40 anos, dos quais 30 no Maranhão.

2. Como tal, preserva o sigilo da fonte, ou do comentarista, se preferir.

3. Também como tal, toma suas precauções para evitar falsos telefones. Ele liga para o comentarista.

4. Sei de sua inglória perlenga contra os anônimos, já conversamos isso por aqui.

5. Fica a lição: depois de entrar, é difícil sair do, digamos, armário...rsrs

6. Vai lá, faz o comentário, dá o telefone, mata essa vontade louca de comentar, e pronto.
Só ele, e eu, ficaremos sabendo quem vc é...eheh. Prá ele não fará diferença.E eu prometo não contar prá ninguém...rsrs.

Abs aí, Lafayette.

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Ps+ El Fogón já fez a primeira vítima ontem, em Edson Passos.