O Forum Paraense de Competitividade, louvável iniciativa do governo do Pará, muito bem acompanhada pela reestruturação da Companhia dos Distritos Industrias e aportes de recursos em Santarém, Marabá e Barcarena, é a notícia da semana na agenda positiva do governo.
Mas o superpacote anunciado ontem, quando desembrulhado, pode trazer mais problemas.
O primeiro deles é o prazo prometido para os impactos do pacote, tres anos, tempo em que os novos ativos, precificados ao tempo de sua aquisição, ainda não geraram o produto e os efeitos decorrente do investimento.
Segue-se a observação que a maior parte do montante de investimentos previstos - a construção da nova siderúrgica da Vale e seus novos projetos de extração - além de gerar efeitos mais expressivos no médio e longo prazo, produzem curvas descendentes de encadeamento na economia regional.
Numa palavra, distribuem-se melhor na fase da contrução dos empreendimentos, do que no períodos de sua operação.
Não é o que ocorre, em contrapartida, com a curvas de efeitos sociais perversos que monitoram o encerramento da montagem dos projetos e sua entrada em operação.
Noutra palavra, o ciclo virtuoso dos anos de montagem do empreendimento guarda relação inversa , na magnitude e no tempo de duração, com o ciclo perverso dos impactos socias desses investimentos.
O mesmo raciocínio das curvas descrito acima se aplica aos PDF's e à inserção de micro e pequenas empresas no ciclo expansivo, um desbotado recurso de retórica.
Ora, a região já está gravemente comprometida em seus indicadores sociais, e se anunciam novos elementos de aumento da entropia: mais investimentos sob as mesmas regras, de licenciamento socio ambiental e tratamento tributário.
Não há, ao menos nas primeiras notícias, nada que leve a concluir que medidas preventivas aos velhos problemas estejam sendo encaminhadas.
Não pode ser admitido, francamente, que a metade dos investimentos minerais previstos para todo o Brasil nos próximos tres anos, algo como R$ 23 bilhões, e plataforma de consolidação da Vale à condição de maior empresa mineradora do mundo, seja desacompanhada, no mesmo período de implantação dos projetos, de um macroesforço de descompressão dos alarmantes indicadores sociais da região.
O poster não é contra a atividade mineral, que considera possuir uma razoável relação custo/benefício, inclusive na questão ambiental, embora declinante na medida em que se aprofunda a verticalização.
Mas fica preocupado com a possibilidade de vir a assistir mais do mesmo.
Além de autoridades, políticos, empresários e suas corporações, o evento reuniu também entidades e federações ligadas aos trabalhadores e movimentos sociais, que devem refletir se a inegável elevação do nível de emprego advindo do aumento da formação bruta de capital fixo - gostei, Maurílio! - temporário e dirigido à algumas categorias, é tudo o que o governo pode garantir neste momento.
O PAC é outro papo, e não pode ser ofertado como sobremesa na mesma mesa dos investimentos minerais, adiando o encontro da qualidade de vida com as populações que vivem onde a atividade mineral, desculpem, se empanturra de dinheiro.
4 comentários:
Você não é do contra, Juca. Nem acredito que esteja lendo o discurso novo-desenvolvimentista do governo com lupa, à cata apenas dos defeitos. Por isso, acho que você tem carradas de razão. E o governo não deve se sentir magoado, como certamente se sentirá, criticado que foi no seu projeto mais caro. O problema não é o modelo de desenvolvimento. É a complacência. É a injustiça do negócio. A gente fica com os espelhinhos e a Vale, com a mina.
Olha, nem acho que ficarão aborrecidos não, embora não esteja preocupado com isso.
Nem tenho a pretensão, porque não tenho "as condição", de ser ombusdsman de qualquer decisão ou projeto de suas excias.
Tenho apenas a preocupação com o que virá. E sei que tem muita gente, no centro desses projetos, que se preocupa com isso.
É na "refrega" que a gente avança.
Não sou do contra não.
Acho, e já disse isso aqui, que o desenho macroeconômico deste governo é melhor do que o anterior.
E te digo mais: localizo o gargalo deste modelo mais nas dificuldades políticas de abafa ao governo federal e aos estados emissores de "mão de obra" para o nosso estado, do que na Vale.
Mas essa é uma outra discussão.
Obrigado e um abs.
Infelizmente não existe a previsão de alguma estatal ou de qualquer joint-venture com o poder público, não?
Se fosse, haveria um pouco mais de esperanças pro social...
A governadora Ana julia ta fazendo uma gestão muito boa e demonstra coragem e determinação. Se a nova siderurgica a ser construida pela Vale vai demorar 3 anos, otimo, significa que ela vai ser uma realidade. Talvez outro governante não tivesse esse desprendimento de apostar no "futuro", pois sabe-se, a maioria dos politicos pensa apenas no "hoje".
Se a Vale nos deixa apenas os espelinhos, debite-se ao ex-presidente FHC que vendeu todo o patrimonio mineral de ferro no Pará a preço de banana e com todos os direitos para a nova empresa, mas pouquissimos deveres.
Parabens governadora, confesso que não votei na senhora, mas hoje admiro muito sua coragem, determinação e honestidade.
Postar um comentário