Longe do Mundo Que Não Vaza

O senador José Nery (PSO-PA) protestou nesta quarta-feira (5) contra a multinacional de origem francesa Ymerys Rio Capim Caulim, responsável por um desastre ecológico no distrito industrial de Barcarena, no Pará.
Segundo o parlamentar, dezenas de famílias de ribeirinhos e pescadores estão sendo prejudicadas por um vazamento de caulim (argila) no Rio das Cobras; nos igarapés Curuperê, Dendê e São João; e na praia de Vila do Conde.
- Incidentes como esse já se tornaram rotina - disse o senador.José Nery lembrou que em junho do ano passado houve o rompimento de outra unidade da empresa, causando desastre de grandes proporções. Multada na ocasião em R$ 3 milhões, a empresa prometeu adotar todas as medidas para diminuir os danos ao ambiente e às famílias, mas vem recorrendo para não pagar a multa. Desta vez, a punição aplicada foi de R$ 1,5 milhão.
De acordo com o senador, a região de Barcarena, principal pólo industrial do nordeste paraense, "é uma bomba-relógio" em termos ambientais. No entorno do distrito, onde está alojado o complexo Albrás-Alunorte, a população não tem água para beber porque o lençol freático foi irremediavelmente poluído.
Em aparte, o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) reconheceu que houve um dano. Pediu, entretanto, que a Ymerys e outras empresas não sejam condenadas por esse tipo de acidente, uma vez que geram renda e emprego, além de prestarem assistência social às famílias da região. Segundo Flexa Ribeiro, a mineradora tomou as providências para minimizar as conseqüências do acidente.
De acordo com Nery, a argumentação de que o material despejado não é tóxico e nem envolveria riscos aos seres humanos e ao meio ambiente "não encontra amparo na comunidade científica". No seu discurso, reproduziu a declaração da coordenadora do Laboratório de Química Analítica e Ambiental da Universidade Federal do Pará, Simone Pereira, ao jornal O Liberal: "Em qualquer país do mundo onde a fiscalização funcionasse de forma efetiva, a empresa [Ymerys] seria obrigada a tratar o líquido dos efluentes ou seria fechada".

Fonte: Nelson Oliveira / Agência Senado