26.3.08

O Porão Fala

No blog do Colunão.

Sob o título “Ex-chefe militar: entramos no Araguaia para matar”, o JB online de sábado passado (22/3/08) publicou a seguinte matéria, assinada por Vasconcelos Quadros:

“O tenente José Vargas Jiménez, ex-chefe de um dos Grupos de Combate (GCs) responsáveis pela execução de 32 guerrilheiros no Araguaia, detalhou os métodos de tortura usados no período que ele classificou de "fase de extermínio" dos militantes do PCdoB durante a Ditadura Militar. Segundo ele, havia instruções claras sobre a missão que deveriam executar. — A ordem era atirar primeiro e perguntar depois. Nós entramos para matar, destruir. Não era para fazer prisioneiros, afirmou.
“Tínhamos o poder de vida e de morte sobre os guerrilheiros. Era para exterminar e não vejo por que esconder que houve tortura ou que se tratou de um extermínio", completou Vargas, comandante de um GC com 10 homens, subordinado ao então major Sebastião Rodrigues de Moura, o Curió, atual prefeito de Curionópolis, guardião dos segredos mais pesados do conflito e dono do arquivo onde estão as informações sobre o destino dos guerrilheiros.
Vargas assumiu a autoria da destruição de todos os documentos sobre a guerrilha que se encontravam no serviço de inteligência de Belém (PA). Além disso, ele é o primeiro combatente a falar sobre possíveis locais onde possam estar os restos mortais de alguns dos 58 militantes do PCdoB desaparecidos no Araguaia.
“Uma parte foi enterrada ou ficou insepulta na selva e outra nas bases militares de Bacaba (São Domingos do Araguaia), onde ficavam os GCs de selva, Xambioá, área dos pára-quedistas, e na Casa Azul (Marabá), dominada pelos oficiais de inteligência" disse.
O tenente se livrou recentemente de uma sindicância aberta pelo Comando Militar do Oeste, em Campo Grande (MS), para apurar a divulgação de documentos secretos e seu relato no livro Bacaba - memórias de um guerreiro de selva da Guerrilha do Araguaia.
Na publicação, ele conta os principais episódios que diz ter participado, entre 2 de outubro de 1973 e 27 de fevereiro de 1974. Segundo o militar, mulheres e filhas de moradores eram feitas prisioneiras, torturadas e tiveram de se prostituir para sobreviver.
Ele diz ainda que famílias de camponeses ofereciam as filhas adolescentes aos militares. Havia também, conforme os relatos de Vargas, uma rivalidade entre as tropas para ver quem matava mais. Os homens de seu GC, como nos filmes de faroeste, faziam um risco na arma para contar quantas pessoas executavam.
Conhecido entre oficiais e combatentes pelo codinome de Chico Dólar, Vargas disse que, entre 1976 e 1978, quando voltou à região e ficou lotado no 52º Batalhão de Infantaria de Selva (BIS) em Marabá, soube que Curió coordenou a limpeza da área, retirando vestígios da guerrilha e mandando desenterrar ossadas que se encontravam em sepulturas em locais previamente identificados na região.
— Não sei isso realmente aconteceu porque não vi. A ordem que recebi de superiores, já em 1985, quando estava em Belém, era reunir todos os documentos. Busquei nos arquivos, juntei tudo e queimei. A ordem era destruir e cumpri. Isto eu assumo, afirmou.

2 comentários:

Anônimo disse...

Gostaria que o Jarbas Passarinho, o fascista ex-senador, fizesse comentário sobre esse episódio, já que ele sempre defende os milicos, dizendo que na época da ditadura eles (militares), não matavam nem torturavam e que isso é acusação dos "marxsistas" e "esquerdistas".
Ve-se agora, que até incentivo a prostituição de menores e adolescentes os milicos nos "legaram".

Anônimo disse...

Os militares infrigiram todas as leis de guerra.
Não houve prisioneiros, mataram a todos e sumiram com os corpos.
Lula não teve coragem de abrir os arquivos da Guerrilha e a verdade vai aparecendo aos poucos, neste anos de Conspiração do Silêncio, como bem disse Ronaldo Duque.