A Casa Caiu

Com a revelação, ontem à noite, pelo blog Espaço Aberto, do link do Diário Oficial do Estado que atesta o vínculo do prof. Ubiraci Rodrigues, o Bira, à função de secretário adjunto da Seduc após a data determinada pelo Regimento Eleitoral das eleições da UEPA, desabou o barracão da Unidos do Golpe, a escola que atravessou o samba na rua do Una, sede da reitoria da universidade estadual paroara.
O sinistro mostrou que Ana Julia não pode se queixar da sorte.
Todavia, não se pode dizer o mesmo de algumas de suas companhias, que tentaram - e são capazes de fazê-lo sem o menor pudonor por mais alguns dias - criar uma situação absolutamente constrangedora para a governadora.
No grupo, pessoas de larga experiência política, com lauréis acadêmicos, disposição para o trabalho mas, desafortunadamente, sem a estatura republicana necessária para aconselhar ou assessorar a governadora.
O promotor de Direitos Constitucionais e Patrimônio Público, Alexandre Couto, encarregado do procedimento aberto pelo MPE para avaliar a denúncia oferecida pelo candidato Silvio Gusmão, primeiro colocado nas eleições, também é um cidadão de sorte.
Tem a oportunidade de oficiar à governadora, sugerindo-lhe um prazo para dar cabo as investigações, à esta altura talvez mera formalidade, depois da publicização do DOE que atropelou as pretensões golpistas de alguns chegados que espreitam a governadora. Assim procedendo, cumpre a nobre missão de defender os interesses da sociedade frente ao estado, com um mínimo de custo, financeiro e político.
Há um precedente que respalda a sugestão do blog. Em meados do ano passado, o elegante promotor Jorge Mendonça Rocha pediu à governadora a exoneração de parentes de dirigentes de órgãos irregularmente nomeados para o executivo. Foi atendido.
Salvo engano, oito criaturas deixaram a folha de pagamento do estado.
Ao prazo eventualmente pedido pelo promotor, Ana Julia, em contrapartida, aguarda a manifestação do MPE.
Enquanto isso, pode colocar a mão na cabeça, olhar em seu entorno, para trás e para a frente, e pensar calmamente em dois adversários que lhe ocuparam 30 de seus 50 anos de vida: Jarbas Passarinho e Almir Gabriel. E escolher seu caminho, ou ir atrás do mesmo caminho da dupla.
Pronto. Quem sabe assim economiza problemas - já os tem por demais, pois não? - e sai sem maiores arranhões públicos no imbroglio, guardando sua reconhecida beleza para as refregas partidárias internas que virão, é claro.
Mas esse é um problema da petista Ana Julia, não da governadora Ana Julia.
Essa é uma questão interna do PT, não da sociedade paroara.
A governadora Ana Julia foi eleita para gerir um estado, não para ceder princípios de estado às sanhas e manhas de seu partido, cada vez mais partido em bandas.
By the way, por causa exatamente de atitudes como essas o PT encolhe, trai princípios e parece querer afirmar que nunca teve projeto de sociedade, senão de poder, sugerindo que não é um partido alternativo para transformar a sociedade brasileira.
Talvez Ana Julia não tenha tido virtú, mas fortuna não lhe faltou neste episódio. Por enquanto.