A Formiga e o Elefante

O blog não vai se espantar se forem selecionadas oito agências de propaganda, ou mais, para o atendimento da conta do governo do Pará. Foi o que garantiu ontem um alto comissário petista.
Tampouco o poster ficou surpreso com a postura da Mendes Publicidade, certíssima em não ceder às pressões - deselegantes, inoportunas e ilegítimas - para rescindir amigávelmente o contrato firmado no governo anterior, em vigor até abril.

Deselegantes, pois começaram na primeira semana do novo governo, quando não havia nenhuma instrução, orientação ou estratégia de comunicação.
Foi obra de uma das agências interessadas, construída com indisfarçável acabamento paraguaio.

Inoportunas, pois tentou-se afastar as agências antes de qualquer ação, obra, serviço ou coisa que o valha, do novo governo. Nada havia para anunciar, como aliás acontece em todo início de governo.
Quanta volúpia, hein?

Ilegítima, pois executada, segundo apurou o blog - junto a fontes do mercado e do próprio sindicato das agências - pelo diretor uma empresa interessadíssima na conta, e pule de dez em todas as listas de previsões dos vencedores do certame.
Logo, quem pressiona passa por cima da área governamental responsável pela questão.

Afinal, qual é a justificativa técnica da rescisão? Ninguém fala ou escreve uma linha sobre isso. Apoiar-se no argumento da permissão contratual da rescisão unilateral, a qualquer tempo, para respaldar uma decisão que foge aos limites de questões técnicas, façam-nos o favor, é de uma truculência intolerável, e um perigoso precedente.
Que contratos vão querer rescindir amanhã?
Onde está o amigável nessa parada?

Façam as contas com o poster: o próximo dia útil deste mês práticamente encerra fevereiro, e o edital ainda não está pronto.
Serão necessários, após sua publicação, trinta dias para recebimento das propostas: final de março, portanto.
Até a escolha e homologação dos resultados, publicação no DOE e definições sobre as primeiras encomendas, de campanhas ou peças avulsas, materiais ou apoios institucionais, elaboração de briefings, produção e aprovação de peças - ufa! - estaremos no mes de abril, quando se encerram os contratos em vigor.

Fizeram cara de paisagem no esdrúxulo episódio do anúncio do novo governo publicado no dia 31 de dezembro passado, e agora de novo em relação às pressões para a desistência dos atuais contratados.
Sabem porque isto está se repetindo?
Porque na primeira de copas - a publicação do anúncio - ninguém tugiu, além do Quinta Emenda.
Nenhuma autoridade foi capaz de dizer assim: "Quem é a pessoa responsável por isso?" E quando a pessoa aparecesse, perguntar o seguinte: "Que onda é essa? Voce está pensando que isto aqui é a casa da mãe Joana?"

Tudo bem, pode ser exagêro pedir que se caminhe com a leveza de uma formiga nessa estória.
Mas uma pata de elefante causa muita , digamos, vibração no terreno.
Acendeu a luz amarela.

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A Mendes, ao não aceitar a rescisão, confirma o profissionalismo que a levou à condição de agência mais premiada da história da propaganda paroara, no Brasil e no mundo.
Comporta-se de maneira republicana na sua relação contratual.
Produtos em falta, do outro lado.

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Diferentes motivos levaram as quatro agências restantes a desistir do contrato antes do final.Duas pela absoluta impossibilidade de continuarem.
E duas por vislumbrarem uma chance. Percebe-se, então, que a elegância é a aparência do gesto, mas não é a sua essência.

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Enquanto isso a Vanguarda preparou a mensagem da governadora, entre uma sexta e a segunda, trabalhando duro no final de semana, para desgosto de lobbystas concorrentes.
Todavia, fora do contrato.
E a Griffo preparou a publicação do balanço do Banpará, dentro do contrato.
Sob uma saraivada de críticas, nenhuma republicana.

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O blog, respeitosamente, convida o MPE para acompanhar o processo.