20.2.07

Fraternidade com Diferenças

Começa amanhã a Campanha da Fraternidade 2007, realizada pela CNBB, sob o tema "Fraternidade e Amazonia, o cuidado com aquilo que é de todos".
O lançamento da CF este ano será na ilha do Combú, em frente à cidade de Nova Déli.
A proposta da CNBB é ouvir a Amazonia, mas um organismo vinculado , o Conselho Indigenista Missionário - o CIMI, e outra organização católica relacionada com a Santa Madre, a CPT, estão no coro dos descontentes.
A ausência de qualquer notícia da Campanha 2007 em seus sites, 24 horas da abertura da campanha, dá o tom das divergências.
Segundo uma fonte nada eclesial do blog, o que está pegando é o patrocínio da campanha, este ano por conta da CVRD.
O foco da campanha, cujo lançamento pela primeira vez será fora de Brasília, vai ser a questão ambiental.
Haveremos de discutir bastante, aqui no blog, a CF 2007, inclusive sobre a presença da Vale na parada. Há um longo rosário a ser desfiado a partir dessa diferença.
Fraternalmente, é claro.

4 comentários:

Anônimo disse...

Ah o CIMI é da Igreja(Católica Apostólica Romana)! a han.

Poxa, porque a igreja não libera ( para os pobres) 50% do financiamento que esta "ONG" recebe da Europa

Yúdice Andrade disse...

Não tenho nenhuma informação sobre efeitos práticos da Campanha da Fraternidade mas, no mínimo, ajuda a mobilizar algumas pessoas em torno de boas iniciativas - tão necessárias, do jeito que as coisas andam. O ativismo político da Igreja, durante a ditadura militar, talvez tenha sido o que de melhor a instituição nos deixou, nos últimos tempos.
Acabei de saber que, pela primeira vez em 44 anos de existência, a campanha não será lançada em Brasília, mas na nossa ilha do Combu. Espero que faça diferença.

Anônimo disse...

Campanha voltada para o meio ambiente patrocinada pela Vale? Realmente o Cimi e a Pastoral da Terra têm tudo a reclamar, afinal a Vale é conhecida mundialmente pelo desrespeito às populações tradicionais e pelo inchaço das regiões que explora, sem o mínimo cuidado com os prejuízos que causa à questão agrária. Qual é, CNBB, importante é o cachê?

Anônimo disse...

Juca, a Carta Aberta à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), é preocupante.
Eivada de bons argumentos, ela embute, no entanto, mentiras suaves, que contemplam a nossa enorme vergonha de abrir mão da nossa "origem eurocêntrica" e nos reconhecermos como um povo mestiço, sim, mas maciçamente marcado pela afrodescendência.
É curioso observar que há mesmo um desespero velado na manifestação que desqualifica o movimento negro e suas demandas, aparentemente elogiando-o.
É doloroso ver que utilizam a ascendência indígena dos amazonidas - incipiente, na verdade, face o genocídio praticado pelos portuguêses, inclusive com o apoio e a conivência da igreja católica - como contraponto da prevalência da nossa origem africana.
Na verdade estas pessoas, creio que na sua maioria absolutamente sinceras e decentes, são vítimas também da inverade histórica da presença do negro na Amazonia.
Nos livros de história ela inexiste. E, como todos aceitam que ela inexiste, considera-se que o negro pouco contribuiu para a nossa formação.
O livro do professor Vicente Sales é tão revelador neste aspecto - O negro no Pará - que uma boa leitura dele faria este discurso da mestiçagem indígena chegar ao seu verdadeiro tamanho: ela existe, ela é importante, mas jamais foi decisiva para a formação dos amazônidas.
O que ocorre é que o nosso racismo anti-africano é tão violento, tão forte e tão escamoteado, que alguns, no momento em que o movimento negro cresce e se fortalece a nível nacional, preferem alimentar - consciente ou inconscientemente - a cizânia étnica, embrulhada na defesa de valores que, quem sabe, lhes são mais palatáveis: já que temos que assumir a mestiçagem, antes ser descendente dos índios do que dos negros!
É, é um desabafo, sim, mas vou escrever melhor sobre isto.
Um beijo.