26.2.07

Hermeneuticamente Cínica

O post Estilo Legal, de ontem, trouxe dois excelentes comentários à ribalta deste blog.

Do reitor da UFPA, prof. dr. Alex Fiúza de Mello.

Infelizmente, o Brasil de hoje vive ameaçado pela DITADURA DO JURÍDICO. Afirmo: a pior de todas (porque travestida de "estado de direito"!).
Juiz deixou de ser um ser normal: não erra; não falha; não aceita críticas; não é corrigido; é acobertado e, se for o caso, se vinga.
Virou um Deus: existe acima do bem e do mal - e da própria Lei! Esqueceu que é SERVIDOR PÚBLICO - e não dos pares!
A tese de que penalizar um Juiz seria atingir a própria instituição é falaciosa, corporativa e hermeneuticamente cínica.
A continuar assim a situação, para que servirão, em breve, as togas? De simbolo restarão fantasias. Com que moral juízes julgarão deputados e senadores corruptos ou assassinos de menores, como João Hélio? Com que moral?!
Que péssimo exemplo de coorporativismo, de ausência de republicanismo e de compromisso com a nação! Os poderes judiciário e legislativo estão, perigosamente, se descolando, a cada dia,da sociedade.
Não identificam mais os anseios desta.
Não ouvem os rumores populares, que crescem, clamando por justiça. Vivem enclausurados em seus palácios, cercados de mordomias, alheios ao mundo real. Que os bons magistrados salvem a Justiça no Brasil, enquanto é tempo!

E do advogado e blogueiro Pedro Nelito, professor de Direito, e mestrando na área.

Segundo Ruy Barbosa, ainda que a constituição fosse tão perfeita, como se tivesse sido baixada dos Céus, o País haveria de ser julgado não pelo seu texto, mas sim, segundo o modo pelo qual a pusesse em prática.
Podemos concluir que se fosse adotado esse critério, desgraçadamente o Brasil seria condenado.
Concordo com o Prof. Alex, está faltando res pública...
Na magistradura não se encontra generalizada a adesão intelectual e afetiva às nossas instituições republicanas, as regras não asseguram a eficácia, na maior parte das vezes são ignoradas, desprezadas, mal cumpridas.
E tudo isto, contando com a aquiescência de uns, a indiferença de outros, a complacência de muitos; com a acomodação dos órgãos de promoção do direito e a preocupação de poucos.
Acuda a dignidade nacional...

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Em 10/10/06 o CNJ afastou um juiz da cidade mineira de Timóteo, por desrespeitar as partes e as prerrogativas dos advogados durante uma audiência.
Leia aqui.

Um comentário:

Anônimo disse...

Só ajustando a justiça justa teremos democracia.