Nem o problema no link para o auditório das Faculdades Integradas do Tapajós, a FIT - o braço do grupo Unama em Santarém - que atrasou o inícío do debate, arrefeceu o ânimo da platéia que lotou o auditório 4, com a presença de deputados estaduais, do vice prefeito de Marabá, ex dirigentes de orgãos, ligados ao PDT, muitos professores e alunos.
O debate foi mediado pelo coordenador do curso de Economia da Unama, Roberto Alcântara.
Segue um breve resumo das falas dos componentes da mesa, segundo a escuta deste poster.
1. Vereador Reginaldo Campos (PSB-Santarém)
Alternou momentos de lucidez, ao exigir o cumprimento da Constituição, exibindo-a, no que toca a realização do plebiscito, com instantes de ira evangélica contra o jornal O Liberal, contra a humilhação que a capital impõe aos interioranos, contra a CVRD, conclamando a população a um levante cabano. Quando percebia que o tom subia demais, afiançava que seríamos estados irmãos. Depois voltava a aumentar o volume, replicando o roteiro aquece-esfria de um pregador que é. E assim foi até o fim.
2.Economista José Lima, coordenador de curso da FIT, e doutorando em Economia dos Transportes na UFAM, em Manaus.
Utilizando dados e indicadores economicos, Lima defendeu supostas vantagens comparativas e a possível autonomia imediata do pretendido estado do Tapajós.
3.Carlos Augusto de Souza, doutor em Ciência Política e professor da Unama, recortou a questão em quatro interessantes dimensões, do discurso da representação política à diversidade cultural, e fez ponderadas considerações sobre a validade de um plebiscito sem a necessária e exaustiva discussão pública a antecedê-lo.
Engajado num grupo de pesquisa que estuda a questão territorial, Carlos desmontou o mito do tamanho - alegado pelo deputado Giovani (e pelo vereador pastor Reginaldo) ao comparar o tamanho de São Félix do Xingú ao dobro de Alagoas e Sergipe juntos - mostrando que é lá, em Sergipe e Alagoas, que estão os piores indicadores sociais do país.
Muito aplaudido, Carlos foi o palestrante melhor fundamentado da noite.
4.Deputado Federal Zenaldo Coutinho (PSDB-PA), assumiu posição frontalmente contrária ao plebiscito, arguiu sua votação no Oeste e Sul do Pará como sinal de legitimidade em sua fala, afirmou que os governos tucanos diminuíram o hiato das demandas do interior citando, em defesa de sua assertiva, o Tramoeste, os Hospitais Regionais, a Alça Viária, e a introdução da equipamentos de segurança em várias cidades do interior.
5. Deputado federal Giovani Queiroz (PDT), o comandante-em-chefe da força tarefa separatista, também usou o datashow com dados do IPEA, e defendeu a contraditória tese de que o responsável pelas carências da região é a ausência do Estado - embora tenha sido e seja Estado - mas reclamou de sua presença no caso da Pagrisa, a usina de álcool recentemente acusada pelo Grupo de Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho, cujo titular é de seu partido, ressalvando a independência dos auditores.
Infelizmente não houve tempo para que descrevesse qual seria o modelo de exploração economica da região do Carajás auto governado, mas se comprometeu a enviar ao site do debate as respostas que não puderam ser atendidas.
Vamos aguardar.
6. Deputado estadual Joaquim Passarinho (PTB).
Deixei o deputado propositalmente para o final, de sorte a destacar a surpreendente arredondada que conferiu à seu discurso, questionando a proposta de Giovani que restringe a área da consulta apenas aos municípios incluídos nos desejados estados - mais marôta impossível - duvidando da correção dos critérios que definem os municípios sob essas unidades e, antes de Zenaldo, elencou uma série de investimentos no interior nas últimos governos que, a seu juízo - e ao meu também - pelo menos deprimiram a tendência de aumento das disparidades entre a capital e o interior, argumento comprovado pelos dados do próprio IPEA.
Foi enfático e correto ao afirmar que os problemas de insuficiência das políticas públicas atingem o estado como um todo, o que invalida a tese da exclusão enquanto monopólio das regiões separatistas.
Nenhuma palavra sobre forasteiros, ou quem ama não separa.
By the way, ao final do debate, decerto embalado pela chegada de sua elegante mulher - com todo o respeito, é claro - Passarinho voou baixo em cima de Giovani Queiroz.
Dentre os políticos, o mais agudo, simples, e direto.
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O poster, conforme prometido, apenas perguntou, como convém a um debatedor.
E nas considerações finais, encerrando o evento, manifestou duas posições: a favor do plebiscito, e contra a divisão.
Saiu de lá com firme convicção que essa bola rola longe.
E que estudar é preciso. Por isso vai começar já.
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Sim, já ia esquecendo: Renan Calheiros apareceu num dos slides da exposição do vereador Reginaldo, numa visita midiática que fez à Brasília.
A vaia foi ouvida na BR.
17 comentários:
Juvencio,
nao tenho acompanhado este debate sobre a divisao do nosso Estado; nao li o citado estudo do IPEA e nao conheco os argumentos pro e contra a divisao do Estado. Sei que nao é um debate simples. Contudo, como um outsider e que nao nutre, em princípio, paixoes contra ou a favor gostaria de ter respondidas as seguintes questoes:
1: Quanto vai custar a implantacao de um novo Estado?
2) Quem vai pagar a conta da implantacao do novo Estado (por exemplo, estrutura fisica e de pessoal dos poderes executivos, legislativo e judiciario). Vai ser o Gov Federal? O do Estado do Pará? Ou o novo Estado tem condicoes de bancar estes custos sozinhos?
3) Depois de implantado, o novo estado teria recursos financeiros (impostos) e humanos (o que vao fazer com o funcionalismo público?) pra seguir sozinho e financiar sua agora inflada máquina administrativa (Assembleia Legislativa, Executivo etc...)e ocupar os novos cargos de direcao e técnicos da nova máquina administrativa?
abracos
ricardo
Bom dia, querido:
agora, além de meu blogueiro predileto, passa a ser meu "resumista" preferido.
Bom trabalho pra você hoje.
Não se canse demais.
Beijo
Para Ricardo(7:16 AM) responder:
1: Quanto custou a implantacao do Estado do Pará?
2) Quem pagou a conta da implantacao do Estado do Pará (por exemplo, estrutura fisica e de pessoal dos poderes executivos, legislativo e judiciario). Foi o Gov Federal? O do Estado do Pará? O Estado do Pará teve condicoes de bancar estes custos sozinhos?
3) Depois de implantado, o Estado do Pará teve recursos financeiros (impostos) e humanos (o que foi feito com o funcionalismo público?) pra seguir sozinho e financiar sua sempre inflada máquina administrativa (Assembleia Legislativa, Executivo etc...)e ocupar os novos cargos de direcao e técnicos da máquina administrativa?
Ricardo, responda por favor ou cale-se para sempre.
Bom dia, Ricardo.
Vou responder superficialmente as suas perguntas logo mais, pois estou há quse 36 horas sem parar.
Após a resposta, se lhe interessar, posso mandar-lhe cópias de dois estudos, um encomendado pelos separatiostas dosul ao IPEA, e outro pela Vale do Rio Doce á consultoria Diagonal, para sua melhor apreciação.
Para isso, basta que vc mande seu mail para juvencioarruda@gmail.com
Abraços, meu caro.
Bia...rsrs...resumista é ótimo.
lembrou-me aquelas antigas profissões do tempo da comunicação na idade da pedra...rs
E agora zzzzzzzzzzzzzzzzzzz...
Bjão.
Ricardo, eis aí um pequena mostra do clima, do medo, e dos vieses que marcam o debate.
Publiquei o comentário para sua melhor avaliação do animus que cerca a questão.
Das 8:15, por favor, perceba a objetividade das perguntas do Ricardo - que declinou não ter opinião formada - não seja agressivo, e, mais imprtante, não pense em repetir a tentativa de calar o comentarista.
Quem sabe vc não está perdendo um voto para o sim?
Obrigado.
Quando li A República, achei que Platão estava advogando em causa própria ao defender um governo de sábios. Abstraindo-se os excessos, claro, não posso deixar de me lembrar dele quando constato o óbvio, num debate como esse: o cientista político, alguém que não espera votos haja ou não divisão, deixa sua mensagem com dados, análises serenas e sem escândalo.
Serve de exemplo, porque uma das coisas que mais tem prejudicado o debate, para ambos os lados, é a passionalidade e, por vezes, a irracionalidade de quem se manifesta. Por serem manifestações toscas e raivosas, acabam por comprometer os bons argumentos que poderiam existir.
No mais, preciso dizer ao anônimo das 8h15 que perguntar sobre os custos de instalação do Pará é um exemplo desses desatinos que apenas inviabilizam uma discussão séria. Afinal, o surgimento da maioria dos atuais Estados atendeu, também, a questões históricas ligadas ao próprio povoamento dessas regiões. Muitas fronteiras surgiram a partir da chegada a regiões até então desconhecidas.
É impossível comparar os custos, para o Império, da criação do Pará - imagine-se um Estado começando no Maranhão e terminando no Amazonas: uma insanidade! - e os custos, para a República das Bananas, da criação de um Estado hoje. Aliás, vale lembrar que, quando surgiu o Pará, não existia "governo federal" e os Poderes Constituídos eram absolutamente diferentes do que são hoje. É como comparar uma pedra na praia com uma Ferrari no salão do automóvel. Ou seja, simplesmente nada a ver.
Melhor buscarmos outros argumentos para defender nossas opiniões.
Bom dia Juca.
Ontem a Regima Lima inaugurou a Lojinha da Cultura. A minha cabeça estava em você, na Unama. Mas o que você colocou, o debate não foi diferente dos outros aqui no Quinta. Apenas foi ao vivo. E os estudantes, Juca, você percebeu interesse neles sobre o assunto?
Beijos.
Bom trabalho.
O anônimo das 8:15 quer ganhar a guerra - esquartejamento do Pará - com baladeira - falta de argumentos.
Mestre, parabéns pelo seu posicionamento republicano quanto ao direito da realização do plebiscito.
Quanto à criação do estado, vamos estudar mais a matéria ok? Para depois convalidar ou confrontar os dados, prós, contras...quanto a esses espasmos de intimidação de alguns companheiros mais afoitos, isso é normal, não dê bola.
Caracoles, acabei de vir do seu blog, onde li seu registro e,link.
Val, é o seguinte,o Giovani foi um gentleman.
Escapulimos do auditório do por 5 minutos e nos escondemos numa salinha - ele, Zenaldo e eu - para darmos a velha e boa pitada dos fumantes...rs.
Disse a ele que a melhor credencial que ele poderia me apresentar é de ser seu deputado...eheh.
E é!
Assim, amigos amigos, "negócios a parte".
Abs.
Juvêncio
Agradeço sua visita ao Blog do Paraense. Infelizmente não pude ir ao debate, portanto tomo a liberdade de publicar seu resumo em meu blog, ok. Pelo resumo, vejo que o debate foi positivo, apesar de algumas derrapadas rumo a passionalidade.
Saudações
Antônio Paraense
Publique o que desejar aqui do Quinta, na base do copyleft. Tudo livre, Antonio.
Sim , o debate foi positivo.
Acabou lá pelas 11 da noite.
Abs
Juca, eu não consegui ir ao debate. Mas conversei com várias pessoas que estiveram lá. E li as suas considerações. Assim como o plebiscito é fundamental para revelar o pensamento da população, tenho certeza de que a luz só pode vir do debate. Eu festejo as diferenças de opinião. É assim que a gente cresce. Parabéns pelo seu desempenho. Beijos!
Obrigado, Franssinete.
Também festejo a exposição pública das diferenças, única maneira, como vc diz, de clarear a questão.
Abs
Senhor ministro, essa sua transmissão on line pareceu com a cobertura da Globo sobre os fatos políticos do país. Bastante imparcial!
Um abraço!
Olá, presidente!
Vc tem razão...poupei os detalhes sórdidos...rsrs
Mande sua versão que eu publico, com os créditos, sob o títutlo:
Outro Lado.
Abs
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