23.9.07

Um Caso de Difícil Solução

Do deputado Parsifal Pontes, lider do PMDB na Assembléia Legislativa, sobre o caso Pagrisa.

O caso Pagrisa dificilmente será esclarecido, pois, se houve a situação flagrada pelo Grupo Móvel, ela foi modificada após a ação deste e as demais vistorias feitas à empresa o foram em situação diversa.
Não desautoriza a asserção acima a dita de que a empresa não poderia construir equipamentos tão rápido, pois a qualidade dos alojamentos é apenas um elemento de análise: sob o teto de palácios pode haver escravidão.
Tanto a Comissão do Parlamento paraense, quanto a do Senado da República, viram a fazenda em visitas agendadas, por isto, não poderiam as mesmas terem sido tão preliminares na absolvição da empresa.
Óbvio que a sociedade de Ulianópolis sairia em defesa da Pagrisa: ela faz parte da vida econômica do município e tem postura empresarial diferenciada.
Dever-se-ia esperar que os funcionários elogiassem a empresa por aquela postura já dita, mesmo que esta fosse ainda enquadrada como análoga ao trabalho escravo, cuja definição legal é objetiva: dadas as condições em que vivem muitos cidadãos que chegam ao Pará, ter um lugar para atar a rede, beber água natural sob Sol à pino, e fazer duas refeições ao dia, destarte a qualidade disto, é uma bênção.
No mais, o fato de um padre rezar missa no canavial, ou um pastor orar cultos no barracão da fazenda, não elide, de pronto, as afirmações do Grupo Móvel: missas também eram rezadas nas senzalas.
É bizarra a hipótese de que o Grupo Móvel estava a serviço de forças ocultas que desejavam golpear a probabilidade de produção de etanol na Amazônia: isto não seria inverossímil, todavia suposições conspiratórias não deveriam ser usadas como elemento de descrédito do trabalho do Grupo Móvel.
Pode ter havido descomedimento do Grupo Móvel na flagrância que lhe gerou o relatório, e há indícios de que a imprensa foi avisada da operação, estes, todavia, não são elementos suficientes para inquiná-lo de mentiroso.
Tanto a Assembléia Legislativa quanto o Senado Federal careceram de cautela: se não fosse possível ratificar um relatório, em certos aspectos, duvidoso, a contrario sensu, não se deveria fazer tão incontinenti reverência ao setor do agro business que, todos sabem, carece de sensibilidade social
.


Minhas considerações a respeito do comentário do deputado Parsifal estão aqui.

8 comentários:

Anônimo disse...

O deputado Parsifal Pontes é um ótimo escritor, mas é uma pena que sempre se coloque contra a classe produtiva deste estado.

Marcos Delano - Marabá

Anônimo disse...

A Pagrisa gera emprego e querem acabar com ela. A imprensa adora sangue. O Deputado devia estar defedendo quem gera riqueza neste estado.

Alirio Souza - Paragominas

Anônimo disse...

Juca, só a título de esclarecimento: O deputado Parsifal Pontes fez parte da comissão parlamentar criada para apurar o caso Pagrisa. No dia da viagem para vistoriar a fazenda e a usina, a comitiva o esperava no aeroporto, mas ele não compareceu. e também não deu satisfação.
Deveria ter se integrado às investigações, solicitadio informações ao Ministério Trabalho, ajudado a desvendar o caso e não ficar escrevendo sobre suposições.

Anônimo disse...

Vender cocaína também gera emprego. Contrabando também e trabalho escravo também.
O Deputado tem razão e é sensanto ao não ir logo dizendo quem tem razão.

Armando Nogueira

Anônimo disse...

Falo aqui como servidor publico federal, concursado como o Auditor que realizou a ação na pagrisa, que também trabalha na área de fiscalização, e sei muito bem o que é lavrar um auto de infração contra quem tem o poder econômico nas mãos.
Sei que quando se tem um auto destes pela frente o fiscal redobra seus cuidados, elabora pareceres e relatórios com muito mais cuidado e busca se resguardar dá melhor maneira possível, pois sabe que pode e vai acontecer o que acontece neste caso.
Por conta disso duvido muito que o auditor tenha feito o que os nossos "representantes" na ALEPA e no Senado lhe estão imputando, imputando a um servidor publico federal a acusação de ter agido para aparecer na imprensa, bater recorde de libertação de escravos, de ter cometido abuso de poder e outros crimes mais. Os mesmos senhores e senhoras que absolveram o Renan de alguns dos crimes que agora acusam o servidor. Sei que quem é servidor e tem a obrigação de fazer cumprir a Lei está muito mais sujeito aos P.A.D.s'(Processos Administrativos Disciplinares) do serviço público que qualquer outro, principalmente quando lavra autos contra quem detém o poder econômico. Sei disso por já ter sido ameaçado por prefeitos, deputados e empresários, um dos quais me disse que "eu não ganhava para pagar o peixe que lhe apreendia". Mas ganho justamente para apreender, mesmo sem poder, de acordo com o empresário, comer o mesmo.
A mesma cantinela de sempre é feita, sobre "empregos e economia, o desenvolvimento que se deixa passar e etc..." tal choro não deveria mais ter razão de ser. Leis existem e ponto. Devem ser cumpridas por todos, e é um absurdo que isso tenha que ser escrito e dito, pois somente aqui, no Brasil e principalmente no Pará, que isso não é um caso de senso comum. Aqui, cumprir a Lei é um absurdo, principalmente contra quem tem dinheiro. deputados e senadores devem pensar quando lêem uma noticia como a da pagrisa "lá vem outro barnabé pensando que lei é para todos, não aprendeu ainda que isso é só pra ficar no livro e para atingir pobre ?!!que quem tem dinheiro pode fazer o que quer, como quer e quando quer ??!!".
Tais senadores agora querem mudar a legislação, de acordo com reportagem no Diário de hoje, pois "isso pega mal pro país". Mais uma vez vai-se queimar o sofá, muda-se a Lei para adequar a vontade do Capital, tal como se fez ao partir o IBAMA em dois para liberação das usinas do Madeira.
Espero agora o dia em traficantes serão também defendidos da policia por políticos sem escrúpulos, pois também geram "emprego", para exemplificar de maneira extrema
Deixo aqui meu desagravo ao grupo móvel, em especial ao Auditor que era responsável pela fiscalização na pagrisa. Espero que seu trabalho na ocasião sirva de exemplo a outros que também estão em serviço para defender a LEI.

Anônimo disse...

Um abraço, Alex.

Anônimo disse...

Olá Juvêncio,
Obrigado por postar o meu comentário.

Olá Marcos,
Obrigado pelo "ótimo escritor": bondade sua.
Desculpe-me se passo a idéia de ser contra o setor produtivo: não o sou. O que desejo é ver um setor produtivo socialmente responsável.

Olá Alirio,
Não se trata de defender ou não quem gera emprego, mas de tentar prover uma mentalidade menos mercantilista aos geradores.

Ao anônimo das 5:18,
De fato eu fiz parte da Comissão, todavia, a viagem foi transferida da data previamente agendada.
A nova data foi marcada em um dia no qual eu já tinha compromisso em Tucuruí.
Ao contrário do que você afirma, eu avisei que não poderia acompanhar a comissão.
Também não escrevi estribado em suposições: li atentamente o relatório elaborado pela Comissão e não o assinei, não por duvidar do que a Comissão elaborou, pois ela foi composta por deputados absolutamente corretos e competentes, mas por não concordar com a conclusão final que diz, entre outras coisas que "esta comissão não vê fulcro nas acusações de condições degradantes de trabalho, jornada exaustiva ou servidão por dívidas e conclui que não existe qualquer traço de trabalho escravo na empresa", o que contrasta com o relatório do Grupo Móvel.
Está correta a comissão ao afirmar aquilo, pois no momento em que ela foi não havia o narrado, mas, e quando o Grupo Móvel foi não haveria?
Achei, portanto, como afirmei no post, precipitada a "absolvição" preliminar da Pagrisa.
Não podemos desvendar o episódio, pois a Comissão era apenas uma visita local e não uma CPI sobre o caso.

Olá Armando,
De fato, o argumento da geração de emprego não deve ser sacado para justificar ilegalidades.

Olá Alex,
Sei que o PAD é o terror do servidor público e também não acho prudente acreditar que um servidor inventasse fatos que teriam repercussões tão graves.

Saudações a todos,

Parsifal Pontes

Anônimo disse...

É isso aí deputado.
Assim como o desemprego não deve ser utilizado como argumento para justificar a bagunça do comércio informal em Belém.