17.12.06

O PT e o PT

O deputado federal eleito Paulo Rocha (PT-PA) , morubixaba da tendencia Unidade na Luta não esconde mais seu desalento. Homem do diálogo e do acordo, já não sabe mais o que dizer aos membros de seu grupo político, que só pensam naquilo: endurecer a parada na conquista dos espaços, ir pro côco, como se diz nas mesas de sinuca.
O que se assiste aqui no Pará são os primeiros confrontos pós eleitorais de uma questão que não nasceu aqui, nem vai ser decidida aqui.
É a consequencia de uma gravidez que passou do tempo, de um feto que já não respira mais.
A expulsão dos quadros que formaram o PSOL foi o primeiro sinal claro que algo de teratológico se desenhava. Como deixar escapar um Plínio de Arruda Sampaio?
Tiveram todas as chances de evitar o pior - o racha, que agora explode com maior nitidez em todos os lugares onde o partido venceu - depois que aconteceu o pouco menos pior : o escandalo do mensalão.
Aí foi um festival de lambanças :tentativas de brecar CPI, entrevistas fajutas de Lula na Europa, quebra ilegal de sigilo ...uma rosca semfim.
Recusaram a defenestração dos artíficies do escandalo que feriu de morte a honra do partido.
Passaram por cima de seu regimento interno, que pregava a não concessão da legenda a quem se lambusasse no melaço da corrupção, e continuaram aloprando até as vésperas do primeiro turno das eleições presidenciais.
Com a vitória lhes escorrendo dos dedos, foram pedir socorro na mais tolerante casa da política brasileira, o PMDB.
E agora o quadro é o seguinte: um partido dividido entre dois grandes desejos - desinfetar ou não o partido - e cada vez mais distante de um presidente que percebeu, antes de todos os companheiros, que não há saída de curto prazo para a legenda, e não brande mais a estrela vermelha.
Ele agora é do povo, a quem agradeceu a reeleição, proclamando o fim da intermediação ( leia-se do partido) entre ele e o povo.
Em seguida chorou, não a emoção da vitória, já um pouco distante, mas a dor da perda.
A estrela não se apagou, mas virou um rastro de poeira, desconfortável e luminosa.
O PT agora são dois.
A banda dos que se envergonharam do que aconteceu, dos que fizeram a autocrítica, dos que ainda cobram o afastamento do paulistocrata Zé Dirceu, fundador e afundador do partido. Nesta banda ainda respiram notáveis quadros, do segundo escalão na maior parte, e a esmagadora maioria de seus muitos milhões de eleitores e simpatizantes.
Entre eles, um traço comum: ainda é possível retomar os rumos mais consequentes do partido, afinal as pontes com a sociedade não foram destruídas por completo.
Na outra banda - onde teima em rescender um discreto aroma de enxofre, e a temperatura é mais elevada, quente mesmo - estão os que apostam na diluição, nas mentes e corações da sociedade, dos acontecimentos de 2004 a 2006, que deixaram "o partido" tão parecido com "um partido". Aqui reside Zé Dirceu, e seu enorme e vascularizado séquito, que vai do quacker Bernardo Kusinscki ao financista Delúbio Soares.
Todavia neste lado também respiram ótimos quadros, mesmo que teimem em não escutar os tambores que batem a sociedade, e acreditem em linchamento da mídia, na conspiração das elites, nos milagres da Virgem de Fátima, em mula sem cabeça.
Pelo que tenho ouvido, aonde uma banda ganhou a outra não toca.
E nos lugares onde a outra banda ganhou, o mesmo acontece.
Ou seja, é prá tirar a partitura mesmo.
Porque logo ali, no mais tardar em 2008, a brincadeira acaba.
E o PT vai ter que dizer para o que veio.
Porque Lula já terá ido.
É isso que está por trás desse imbroglio todo aqui no Pará.
Paulo Rocha toca numa banda, Ana Júlia noutra.
Nada mais, mas não é pouco

25 comentários:

Anônimo disse...

Meu caro, o que você descreve tem pertinência para nível nacional. Discordo, contudo, que justifique de todo os últimos acontecimentos do próximo governo do Pará. Nesse caso, as razões são bem menos sofisticadas.
É burrice mesmo.

Anônimo disse...

A burrice a que o anônimo se refere tem certa verdade, mas é alentador para quem não é petista "genérico" os rumos que tem tomado o partido, que aos poucos tem excluido o "lado b", mesmo contra a vontade de algumas lideranças.

Anônimo disse...

Esta questão de formação de secretariado de governo é sempre a mesma coisa. Choro e ranger de dentes, ainda mais num governo de "frente".
Quem pleiteava uma $$ecretaria, ao final do processo, até aceitava uma Çecretaria (sic) qualquer para se justificar perante as "bases".
A esperança é que o Governo Lula olhe com generosidade aos pleitos da governadora, mas ela vai precisar de apoio do Paulo Rocha em BSB. Este, mesmo com prestígio abalado no Congresso, tem força junto a setores do Executivo.
O nosso JB também vai ajudá-la, e muito, apresentando sempre a fatura depois (of course), que ele de bobo não tem nada. O Pioneiro que o diga...
Ah, observe com atenção a SEPOF, nos intestinos (assim mesmo) daquela repartição está sendo tramada uma bela recepção ao novel Secretário...

Anônimo disse...

A briga é mais feia do que vc pensa,Juca.
O Paulo Rocha já se retirou da negociação por cargos.Segundo minhas fontes,se sentiu sacaneado pelo episódio da Sedcu,onde pegou uma rasteira da Ana.A Funtelpa,que era cota do Paulo Rocha,deixou de ser e passou para as mãos do Ganzer....esse é o PT.Se antes de entrar em campo o time já está se dando sopapos no vestiário,imagina quando a bola rolar...enquanto isso,nosso querido Jáder cresce.
Ana Júlia para chefe de gabinete do Anhanga!!!

Anônimo disse...

O problema é que a coisa parece mais séria do que sonha a nossa vã filosofia. Surgem indícios de que existe de fato uma vergonhosa seleção natural, que pune até no terceiro escalaão a quem não tem atividade político-partidária. Daí que já circulam histórias (atentem o h)que modificam o nome da tendência para Democracia (Nacional) Socialista.

Anônimo disse...

Tudo isso por culpa de quem? Do governador Simão Jatene que só pensou nele e em meia duzia de mais chegados. Falou tanto tempo no tal do projeto do novo Pará. Que o Pará era maior do que os interesses pessoais de cada um e lari lari danado. No final, ele pensou em quem?
Pense bem meu caro leitor, se o candidato fosse o próprio governador, qual seria o resultado dessa eleição? É só lembrar 2002, quando Jatene era traço nas pesquisas, e a Valéria diminuía mais do que empatava. Era uma dona de casa, como não cansa de repetir o governador, como se fosse uma coisa feia. Ainda bem que todas as pesquisas encomendadas pelo marqueteiro do governador atestaram que essa dona de casa foi quem mais deu certo nesse governo. Taí a ciumada.
Mas voltando ao assunto, na campanha de 2002, o então governador Almir Gabriel,esse sim pensando no projeto do novo Pará, pegou os dois candidatos e mais o Duciomar pelo braço e saiu pelo estado, município por município pedindo voto. Participou de todos os comícios.Todos!! Não roeu a corda e foi até o fim, e venceu. E quem não lembra a onda Lula/Maria? Mais uma semana de campanha e teríamos perdido a eleição.
A grande diferença daquela pra essa eleição foi a união em torno do Jatene e todos os compromissos assumidos e cumpridos. Nessa, foi tudo ao contrário,começando pela postura do atual governador. Enquanto o pobre do Almir Gabriel andava esse estado de um lado para o outro sem apoio e com pouca estrutura, o nosso governador pescava nos finais de semana. Um dos exemplos mais constrangedores da campanha foi num comício em Altamira em que era esperada a presença do Jatene, e ele necas necas de aparecer.Descobriu-se na mesma noite que sua excelencia estava pescando há 20 minutos do palanque.Que amigão! Da onça é claro.
Todos os deputados candidatos desesperados pela liberação de suas emendas para os seus mun icípios. Uma loucura.
Foi aí que desandou tudo. Todos,ou quase todos começaram a cuidar das suas peles. Os prefeitos, então, pior ainda.Com os deputados nas suas costas, não sabiam mais o que fazer e a quem recorrer.
Foi um Deus nos acuda.
Inteligente foi o nosso Senador eleito, que fez a sua campanha sem depender do governador e acabou tendo mais votos do que o próprio Almir Gabriel no primeiro turno. Onde já viu isso?
Essa é só uma pequena parte da história, aliás pequeníssima, de uma campanha que foi marcada pela deslealdade e pela ingratidão.
E o projeto novo Pará foi enterrado junto com a União pelo Pará. Só faltou levar o Jatene junto.
Atenciosamente,
União do que sobrou da União pelo Pará.

Anônimo disse...

Tem toda razão o anônimo das 10:43.Só exagera um pouco quando fala da vice governadora.Se ela fosse tão boa assim, teria dado mais votos para a chapa derrotada. Mas que o Jatene passou a perna no Almir, todo mundo já sabe.Só falta o Almir criar coragem e vir a público dizer que está rompido com o governador e quer vê-lo pelas costas.
Quanto ao PSDB, vamos continuar na nossa luta para reerguer a unuão pelo Pará. Com ou sem o PFL.
Agora uma coisa é certa, sem o Jatene.

Anônimo disse...

Deu certo?

Milton T disse...

Sem misturar os caldos, ACM Neto foi esfaqueado...

Divirta-se Juca, boas festas e um ano melhor que esse!

Abs

Milton T disse...

Juca feliz natal e um ótimo ano que chega!

abs

Anônimo disse...

Ficaste magoado com o que falei sobre blogueiros anônimos vaidosos e ociosos, e sumiste?

Anônimo disse...

Juca, volte logo, aqui onde estou com vc. fora do ar eu fico desinformado.

Anônimo disse...

Sua análise simplifica demais algo que é extremamente complexo: os meandros da luta interna no PT. Seria bom se fosse assim: de um lado, o velho PT; de outro, o novo, aquele que, apegado às origens e aos critérios, quer revitalizar a legenda em outro molde. Essa simplicação padece de comprovação prática. Ao lado de Ana Júlia estão figuras que ontem estavam com Almir, Jatene e Duciomar (Botelho), com Edmilson (Charles, Suely), com os madereiros (Marcílio). Então, não é bem assim. Esse "novo PT" tem tantos vícios que não consegue se diferenciar do antigo nem no método, nem na truculência com que monta o governo, entregando 1/3 dos cargos ao PMDB por fraqueza de princípios - nem Jader esperava tanta generosidade petista. Mas o que dizer de uma comissão de transição sem estatutura política para dialogar com um quadro da envergadura política de um ex-governador, ex-presidente do senado, deputado federal mais votado por duas eleições sucessivas? Tão pouco vossa simplificação permite visualizar a real divisão interna: não é o PT, apenas, que é dividido; nem a DS é una. Vale par o PT a máxima que antigamente se aplica apenas aos trotskistas: um é um partido, dois é um partido e uma fração, três é um partido, uma fração e um racha. A DS do Pará divide-se prerigosamente em facções que se agrupam em volta de lideranças obscuras, como Maurílio e Marcílio, ou públicas, como Suely. De onde se crê que uma acomodação interna tem tirado o sono da governadora mais do que a acomodação interna dos aliados e neo-aliados. Seu texto é bem redigido, mas carece de conhecimento maior desse organismo vivo e não classificado chamado Partido dos Trabalhadores.

Anônimo disse...

Égua! Esse Anônimo das 10:43AM é um poço até aqui de mágoa! Será que é o Orly?

Carol disse...

Lembrei do tempo em que eu tinha orgulho de ser PT, há alguns anos... e olha que eu só tenho 20 anos de idade...

Feliz Natal pro Quinta!!!

Anônimo disse...

Quem diria, o Tourinho foi parar na Junta Comercial.
Pra quem queria o BANPARÁ,é um consolo e tanto. Dos grandes!

Anônimo disse...

Extra Extra:
Simão Jatene foi convidado pelo governador Serra para trabalhar no segundo ou terceiro escalão do seu governo na área da fazenda.Simão Ficou de pensar. Só responde depois de umas férias merecidas.

Anônimo disse...

Nesse secretariado a única verdade é que a turma do sobrancelhudo conseguiu fazer barba, cabelo e bigode. Ficaram com mais de meio governo.
Quanto ao PT e suas facções, ficaram brigando pelo que sobrou.
Quem te viu e quem te vê querido PT.

Anônimo disse...

NOTA QUASE FÚNEBRE:
Lamentamos informar que Luluquefala subiu no telhado e caiu.
Encaminhado para a unidade de emergência do novo Pronto Socorro da Prefeitura Municipal de Belém, deu com o que restou da cara na porta. Piorou ainda mais a sua situação.
Ainda desacordado, foi levado para o Hospital Metropolitano. Ao chegar lá, ainda desacordado, novamente bateu com a cara na porta. O motivo? Queriam porque queriam que ele acordasse para preencher uma ficha cadastral com todos os seus dados, inclusive o CPF.Preencher e assinar, já quase morto. Daí, depois de preenchida a tal ficha, uma junta médica que não se encontrava no hospital faria uma avaliação para decidir se o morimbundo seria aceito ou não no Metropolitano.
Meia volta volver e mais um que voltava da porta do maravilhoso hospital de primeiro mundo.
Hoje, Luluquefala, lentamente se recupera do tombo mas tão cêdo não poderá voltar a ativa, pois por enquanto não lembra de nada do passado, principalmente dos acontecimentos mais recentes.
Durante o dia, do nada, acorda e fala coisas estranhas, como por exemplo, " onde está Magalhães Barata? Quero falar com o meu Intendente Antonio Lemos". Coisa de louco mesmo, coitado.
A última do nosso Luluquefala foi acordar no meio da noite cantando aquela musiquinha JATENE JATENE JATENE JÁ...45 JÁ. Nessa noite, até amarrado o pobre coitado foi.
Agradecemos as inúmeras manifestações de solidariedade dos amigos e companheiros do Quinta, e principalmente do seu titular, que sumiu!
Seus amigos torcem para que Luluquefala se recupere e um dia, quem sabe, volte para nós. Não para falar e cantar de defuntos mas nos informar das últimas da política.
Muito Obrigado,
Amigos e admiradores do nosso inesquecível Luluquefala.

Milton T disse...

Passou perto de casa Juca. Moro na rua do MASP e do parque Trianon.

Um ótimo 2007 , cheio de paz , saúde e harmonia!

Abs

Unknown disse...

Conheço bem a área.Vi uma foto da janela de seu ap.Sei aonde é.
Que paisagem!
E o Trianon, vamos combinar, é uma elegancia só.

Anônimo disse...

Anônimo das 06:08
Só me avise quando Luluquefala partirá dessa para uma outra melhor.
Farei questão de enviar uma coroa de flores da paisagista Marcia Lima com os seguintes dizeres: JÁ VAI TARDE.

Anônimo disse...

Aqui no Pará essa aliança já nasce espúria. Espúria e sem vergonha.
Muito mais por parte do PT do que do PMDB.A minha vida inteira só ouvi falar o que o PT e a Ana Júlia achavam do Jader e sua turma.Quem não lembra? Ladrão era o mais elegante adjetivo que Ana usava contra Jader.
Hoje, quem diria, Jader é dono da metade do governo petista da Ana Júlia.Como é que pode? Metade!
O que a gente vê é que o PT paga qualquer preço pra chegar ao poder.
Eu não tenho dúvidas de que o que aconteceu lá em Brasília, mais cêdo ou mais tarde vai acontecer aqui no Pará.
É essa a política do PT.Enganou todos uma vida inteira para chegar ao poder.
E o Jáder só não ri pras paredes porque ainda tem traumas de ficar trancado entre quatro paredes.

Carlos Barretto  disse...

Pelo andar da carruagem, não é mais só o sobrancelhudo que deve temer ficar trancado entre quatro paredes.

Anônimo disse...

O problema maior não são as alianças, mas a gentalha ignorante que os petistas estarão aparelhando na máquina estadual. Tem caboclo sem diploma pra diretoria de autarquia, agricultor pra Setran, funcionária da Sefa pra Sedurb e, pasmem, até tucana pra diretoria de secretaria. Desse jeito, se o progresso ocorrer é que será uma grande novidade...