10.12.06

Ubá: Justiça que Tarda

Começa amanhã o julgamento do (na época) fazendeiro marabaense José Edmundo Vergolino, pelo assassinato de oito trabalhadores rurais no episódio conhecido como a Chacina do Castanhal Ubá, em1985.
O poster morava no Rio de Janeiro quando assistiu, perplexo, no Jornal Nacional, a foto de seu primo de segundo grau na telinha da TV, e a descrição da chacina, monstruosa.
Agora em 2006, conversando com fontes marabaenses, soube que os detalhes da execução foram acertados no escritório de um político, castanheiro e fazendeiro da região, numa velho prédio da beira mar na Velha Marabá, que patrocinava o pistoleiro Sebastião da Teresona, mais tarde preso e executado dentro do presídio, num caso clássico de "queima de arquivo".
Há quem afirme, também, que o número de mortes no Ubá pode ter sido muito maior.
As investigações, infelizmente, não alcançaram aquele bureau do crime, que continuou funcionando por muitos anos, impune.
Pena máxima para Vergolino!

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Diz a matéria de O IVCezal que cobre o caso, na edição de hoje no Caderno Atualidades, com muita propriedade.
O presdente do TJE vai ficar uma fera.


O julgamento do mandante, 21 anos depois, é um exemplo do descaso da Justiça paraense com os crimes no campo. Testemunhas dizem que as execuções foram feitas por um grupo de seis pistoleiros, mas apenas três foram identificados. Entre eles, estava Sebastião Dias, que ficou famoso como Sebastião da Terezona. Condenado por outras mortes, ele foi executado dentro do presídio São José, durante uma rebelião. Os outros dois pistoleiros identificados nos autos são Ronaldo Nonato Souza, conhecido como Goiano, e Waldir Ferreira Araújo. Os dois estão foragidos e não há pistas de seus paradeiros.
A morosidade da Justiça e a facilidade com que os dois acusados fugiram levou a SDDH e a Organização Não Governamental Centro pela Justiça e pelo Direito Internacional (Cejil) a denunciarem o Brasil para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA).

7 comentários:

Anônimo disse...

Permita-me azedar um pouquinho esse post, lembrando que o assassinato de Gabriel Pimenta jamais foi julgado e lá se foram 24 anos. As firulas jurídicas, que só servem para quem tem dinheiro e poder político - lembremos que o mandante do assassinato de Gabriel, Manoel Cardoso Neto, é irmão do truculento Newton Cardoso, ex-governador de Minas, que por sinal apoiou alegremente o PT - protelaram o julgamento até que uma letrinha da lei apoiou a prescrição do crime pela idade do acusado!!!! Mas, comemoro o julgamento do mandante da chacina de Ubá, como a do Dezinho, e do Canuto, e de todos os nossos heróis mortos, enquanto permanecemos de olho nos canalhas vivos. Beijo. Pra Marise também.

Unknown disse...

Pois é,Bia.
A versão que corre na família - que o trata como um pobre coitado -não tem amparo nos fatos.
Mesmo aceitando a tese de que teria sido induzido, acho que voce sabe muito bem por quem, é inaceitável sua participação no massacre.
Inaceitável.
Deve pagar pelos crimes, mesmo descontados 21 anos, estes depositados à conta da justiça paraense.
Mas ainda me revira o estomago a gostosa impunidade do maior tarado, do maior homicida de toda a região: Vavá Mutran, um monstro covarde, que se criou em cima da omissão e conivencia do estado, em seus tres níveis: executivo, legislativo e juduciário.
Desde os anos 50.
Ah...pode ter certeza que eu não vou largar do pé da canalhada suína.
Bj,e Marise manda outro.

Anônimo disse...

Você tem razão Juca e embora não console, acho que a vida vem punindo Vavá Mutran como ele merece. É hoje um velho senil, obrigado a assistir a morte brutal e alucinada do filho, um homem decrépito que convive com os seus demônios, dorme à sombra dos seus crimes, sobrevive refém de um passado fétido que o espia de um baú de ossos. Não é suficiente, mas apazigua um pouco o coração e acalma a razão. A ele eu até desejo longa vida de sofrimentos, já que a Justiça falhou. Bom domingo.

Anônimo disse...

Caro Juvêncio.
O julgamento de Vergolino, mandante da chacina da fazenda Ubá, que ocorrerá após 21 anos, é mais um exemplo do coronelismo e da impunidade existentes em nosso Estado, que lamentavelmente é uma das regiões em que a violência no campo, trabalho análogo ao escravismo, além da exploração do trabalho infantil, batem recordes.
Para levarmos um mandante, desse tipo de crime, a julgamento é necessária muita mobilização dos movimentos sociais e da sociedade civil organizada, e mesmo assim temos de esperar tanto tempo. É muita falta de respeito com os familiares das vítimas e com a própria sociedade.
Quantos trabalhadores e lideranças, que lutam por reforma agrária ainda terão de tombar, a mando dos latifundiários? Que justiça é essa que temos? Que justiça queremos? Omissa, conivente com a violência praticada por esses sujeitos que detém o poder econômico e que continuam sob o manto da impunidade? Temos que dar um basta a isso! Temos que construir a mobilização por justiça social, por reforma agrária e lutar por uma cultura de direitos humanos, pela não violência!
Parabenizo todas as organizações de defesa dos Direito Humanos, movimentos sociais e alguns meios de comunicação, como este Blog, que esclarecem à sociedade fatos como este, de impunidade.
Nesta segunda-feira, dia 11/12/06, estaremos mobilizados em frente ao Tribunal de Justiça do Estado, na Praça. Felipe Patroni, a partir das 08:00h com uma programação organizada pela SDDH e várias entidades de Defesa dos Direitos Humanos (Movimento de Mulheres, Idosos, Homossexuais, Índios, Negros, Criança e Adolescentes, dentre outros), culminando com um ato ecumênico ás 19:00 h. Neste sentido convidamos tod@s a somar nesta luta por justiça e solidariedade.

Yúdice Andrade disse...

E os Pinochets se acumulam: sem punição, repousando em sepulturas suntuosas, com muitos em redor rezando pelas almas que não possuem. É o mundo, animal!

Anônimo disse...

Acredito que a punição seja e foi merecida.
Acredito também que a invasão da propriedade dos outros não seja uma forma decente de se buscar direitos neste país. E se começarem a invadir nossas casas?
Toda história possui dois lados e até agora só vi um único lado sendo falado.
O Pai de quem vocês estão falando morreu afogado naquela propriedade para não abandonar sua casa.
Procurem os fatos antes de atirarem a primeira pedra.
O meu anonimato é porque só conheço um pedacinho da história e não desejo debater neste blog.

Unknown disse...

Se voce se refere ao pai de Edmundo Vergolino,está enganado.
Tio Josico,irmão de minha avó,morreu num hospital em Belém, de problemas cardíacos.
Concordo que a invasão não é uma forma correta de obter terras para trabalhar, e já disse isso com todas as letras aqui neste blog.