23.6.09

Devassidão

Por Jânio de Freitas, no blog do Noblat

Ainda longe de saber-se até onde vão as práticas transgressoras no Senado, as revelações iniciais já permitem deduzir que se trata de ocorrência mais grave do que o mensalão que assolou a Câmara.
Primeira distinção, e essencial, é que o mensalão se movimentou em torno de dinheiro, de fora para dentro da Câmara. Proveniente de corruptores para deputados e, ao que alegaram alguns, para caixas partidárias de campanha. Como mecanismo -compra de apoios e decisões do âmbito oficial-, um episódio de corrupção convencional, apenas diferenciado pela aparência de cume dos abusos no e contra o Congresso. Não fosse a proporção, nem como corrupção parlamentar seria novidade.
A devassidão no Senado não tem, em sua essência, ativadores externos, não tem dinheiro privado nem se destina a produzir apoios e decisões favorecedoras em âmbito oficial. Tudo começa e se completa no organismo do Senado. O dinheiro transferido aos beneficiados -seja como emprego impróprio, em vencimento exorbitantes, nas comissões com superfaturamentos e concorrências, nas falsas horas extras, passagens, e o que mais for -é dinheiro dos cofres públicos. Incluído no Orçamento da União pelo próprio Senado e a ele repassado a título de custear a sua função institucional.
Outra diferença está em que o mensalão se moveu na relação direta entre corruptores e parlamentares recebedores, sem a interferência de procedimentos da Câmara. As irregularidades e ilegalidades no Senado só puderam existir porque frutos de um sistema de integração e de fins composto pela direção superior, representada nas Mesas Diretoras, e por sua subordinada direção administrativa da Casa.
Ainda uma distinção agravante para o Senado: a Câmara suplantou a feroz resistência do governo e do PT e criou a CPI para apurar, com resultados incompletos mas nada desprezíveis, os processos e envolvimentos do mensalão. No Senado, a regra geral é a dos escapismos variados, desde uma proposta miúda à de "uma reforma total", restrita a essa expressão vaga e banal.
Não é, como se tem dito, uma crise que acomete o Senado, algo que irrompe e se desdobra rumo a um fim. É uma instituição na instituição, um sistema vasto e de longa duração que se começa a desvendar. Esta é a peculiaridade e a gravidade maior: o Senado tornou-se a sua devassidão. E só ele pode refazer-se, como o regime democrático necessita que faça.

4 comentários:

Anônimo disse...

Que ninguém faça interpretação equivocada, errônea e distorcida do artigo: o MENSALÃO foi tão danoso, condenável, reprovável, insidioso quanto essas tramóias diretas do Senado com passagens aéreas, noemações fantasmas, atos ilegais, horas-extras indevidas; salários exorbitantes.
Se aquele foi com dinheiro privado e este com o dinheiro público, em ambos temos o crime tipificado contra o Estado, contra a nação, contra o povo. É corrupçao! Ponto! Não dá para suportar mais um episódio escabroso como esse. E muito menos o Presidente da República pondo panos quentes. Todos na rua, já.
Todos protestando já.
Todos contra os parlamentares corruptos.
Mas não-contra a sagrada instiuição do Parlamento porque ela é necessária à Democracia. Desnecessários são os senadores e deputados, vereadores e prefeitos, governadores e ministros que roubam, enganam o povo e tripudiam com os pobres.
Fora os corrputos de todo o país! Abaixo os parlamentares bandidos!
NA PRÓXIMA ELEIÇÃO, POR FAVOR, LEMBREM-SE DESTES E DE OUTROS FATOS!

Anônimo disse...

Lula, no Rio de Janeiro, acaba de abrir, nesta terça-feira, mais uma sacola de panos quentes acreditando, do alto da sua aprovação popular, que o povo continua engolindo as bandalheiras dos políticos instlados na sua ilharga planaltina.
E insiste em dizer que o Brasil tem sobrevivido a muitos escândalos.
Entáo tá!
Para o Brasil que Lula está forjadno há seis anos, mais menos um escândlo náo faz diferença.
Por que será que Lula tem medo que as invetigaçoes cotnra corrupção no país?
Ele tem se revelado o mais autêntico paladino dos corrputos Brasileiro.
Nunca na hsitória do país um Presidente da República defendeu tanta corrupção.
Vamos reclamar a quem?
Ao Bispo?
Nem ao Bispo, depois do apartamento comprado ao ex-chefe da Igreja carioca.
Resta reclamar ao Papa.

Anônimo disse...

Quanto ao corretíssimo comentário do anônimo das 11,52, alguém aí saberia nos informar se existe algum movimento nacional do tipo "todos na rua, já" contra essa patifaria instalada no senado? Um abaixo assinado, sei lá... Precisamos acabar urgentemente com essa fedentina exalada por esses arremedos de pessoas, para que possamos respirar melhor.

Anônimo disse...

Uma cas que teve como presidente ACM, RENAN, JÁDER, SARNEY, GARIBALDI é de se esperar o quê?

TAPIOCOUTO, MÃO SANTA, JEREEISSATI, JUCÁ, EFRAIM, FLEXA LIGEIRO...

Não tem comparação com nada que se viu até hoje, nem com mensalão, nem com anões do orçamento, nem com sanguessuga, nem com vampiros.

Simplesmente não se publicavam os atos. Isso não existe em nenhum congresso do mundo. Nem em Cuba, nem na Coréia, nem onde não se tenha parlamento.

É o caso de intervenção, de quem não saberia dizer, de DEUS, só ele pode dar jeito!