28.1.09

Prefeito Trabalhoso

Começa sob o signo da suspeita o mandato do prefeito de Rondom do Pará, Olávio Rocha, atualmente hospedado no PMDB. O MP investiga a legalidade da distribuição de lotes urbanos.
Diz o promotor Reginaldo César de Lima Álvares que se ficar comprovada a suspeita de que se trata de promessa de campanha eleitoral ou ato de improbidade administrativa por ferir o princípio a impessoalidade, o gestor poderá ser alvo de ação civil pública.
E arremata: “O loteamento urbano se constitui meio de urbanização, a sua correta execução não interessa apenas aos adquirentes dos lotes, mas toda a coletividade em vista dos padrões de desenvolvimento urbano do município, uma vez que tais interesses se caracterizam como difusos. É o patrimônio da coletividade que está sendo agredido de maneira ilegal”, explica o promotor.

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Olávio era deputado federal tucano em busca da reeleição em 1998. Eu dirigia a campanha dos proporcionais de uma coligação de 10 partidos, o de Olávio entre eles. Um trabalho cansativo e meticuloso, sob pressão dos dirigentes de quase todos os partidos, na busca por mais exibições de seus candidatos e protegidos.
Como a maioria dos candidatos do interior, mandava suas gravações para a capital. Eram gravações de péssima qualidade, no fundo e na forma, mas o grande problema residia no tempo das gravações. Nenhuma se encaixava dentro do figurino recomendado pelo partido, ao redor de 45 segundos cada fala. Quando a diferença era a menor, tudo bem. Espichava-se uma vinheta, aumentava-se o tempo dos fades, encompridava-se um trecho do clip. Mas, em geral, as diferenças eram a maior.
Percebendo que os programas mais longos iriam afetar a cota-parte de cada candidato, mandei um aviso ao PSDB e passei a repetir os programas de Olávio que estavam enquadrados na determinação do partido.
Uma semana depois, num sábado de manhã, um cavalariço deste prefeito entra na produtora e pergunta se estávamos recebendo dinheiro de alguém para prejudicar seu patrão. Não estava na produtora naquele momento.
Ao retornar, a dona da produtora contou-me sobre a visita. Liguei imediatamente para o presidente do PSDB, o senador Flexa Ribeiro, relembrei-o das advertencias anteriores sobre os filmetes do candidato, e pedi que, até o final da campanha, nenhum dos patifes que acompanham o atual prefeito de Rondom voltasse à produtora.
Flexa atendeu o pedido.
Agora, Olávio, que levou peia em 1998, dá trabalho ao MP.

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