De Ademir Braz, poeta, jornalista e advogado marabaense, comentando o post Questão de Estado, abaixo.
Deixe-me concordar com nosso João Salame. Como diria o Chico, "a coisa aqui tá preta". Todo final de semana são de 9 a 14 corpos no IML. oriundos daqui mesmo, do Peba, de Itupiranga, das cidades próximas. Causa mortis: tiros, facadas; atropelamentos. Clientela entre 16 e 45 anos. Estão podando a força de trabalho sem trabalho. Crimes insolúveis. Ninguém sabe, ninguém viu. Quando alguém é preso, raramente, descobre-se que é adolescente ou quase isso. Retornamos aos tempos áureos de Serra Pelada, quando recolhia-se, nas manhãs de segunda-feira, de seis a outros corpos na cidade. Todos baleados. Pistoleiros não nos faltavam: Sebastião da Terezona, Olavo, Pássaro Preto, Presa de Ouro... Boa parte repatriada para aqueles lados de lá da linha do horizonte. Os mandantes, claro, talvez em menor quantidade - mas nenhum responsabilizado.
Com ajuda da Polícia Federal, prendeu-se há pouco tempo, um grupo de extermínio (que também traficava drogas) integrado em grande parte por policiais militares. Houve uma espécie de trégua. Aparente. Voltamos às execuções sumárias. Em toda parte. Como diz a imprensa, numa espécie de justificação, todos "com passagem na polícia". Será esta a senha para o trucidamento? E quantas pessoas foram executadas, violentadas, saqueadas, humilhadas, roubadas por esses cadáveres que inundam as ruas e rotas e páginas de jornais?
Pudesse, compraria um pistola com boa capacidade de munição. Apenas por segurança. Se o Estado é ausente, eu que cuide de mim.
5 comentários:
A propósito de segurança pública, o Hiroshi relata, em seu blog, uma seqüência de eventos sinistros para contrapô-los a discurso da deputada Bernadete ten Caten, em sessão na ALEPA, no qual ela afirma a melhora nos índices de violência no sul do Pará.
No sul, na capital, no nordeste, no oeste, em todo lugar do Estado, andamos a descoberto. Valha-nos quem?
E a edição de hoje do Correio do Tocantins (www.correiotocantins.com.br) anuncia que neste final de semana foram 16 mortes.
Tem que botar pressão, e tem que ser na direção de políticas sociais, pesadamente, uma decisão de estado, que eu, particularmente, não espero.
Enquanto isso, segundo minhas fontes do parquet, Santino tem tudo prá escapar no Conselho do MP estadual. Mais adiante, em Brasília, entretanto, há dúvidas.
O pai de família pacato não vai se armar.
Será que terei, como o amigo Ademir sugere, andar armado? Ou seremos obrigados à não sair mais de casa ou do trabalho.
Desta forma sobra uma alternativa: viver num mundo virtual. Tele-Comida, Tele-Igreja, Tele-Lazer, Tele-Trabalho...
Olá, mestre Val.
Com certeza foi uma força de expressão do poeta, homem da paz que sabemos que é. Pacato como vc e eu.
Mas olhe, o tele tudo é uma ...rs
Um abraço, meu caro.
Não precisa ir muito longe é só levantar o número de vítimas da violência urbana atendidas no hospital metropolitano, que por sinal está abarrotado de gente que não tem para onde serem encaminhados por falta de regulação da SESPA
Postar um comentário